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Mediunidade Sem Medo

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  • 67. Obsessão, fascinação, subjugação e possessão: como Kardec as distingue?

    A obsessão, conforme expõe Allan Kardec em O Livro dos Médiuns , constitui um dos mais sérios entraves à prática mediúnica, impondo desafios consideráveis, sobretudo aos médiuns que se encontram nos primeiros estágios de desenvolvimento, os quais, por vezes, ainda não dispõem da experiência necessária para reconhecer e enfrentar adequadamente esse obstáculo. Como diferenciar obsessão, subjugação, fascinação e possessão? De acordo com Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo , a obsessão é a influência persistente de um espírito malévolo sobre um indivíduo. Suas manifestações variam amplamente, desde uma simples influência moral, sem sinais exteriores perceptíveis, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais. Por apresentar características distintas, a obsessão deve ser analisada com atenção, considerando o grau de domínio que exerce e os efeitos que provoca. Sob essa perspectiva, o termo obsessão pode ser entendido como uma designação genérica para esse tipo de fenômeno, que se classifica, essencialmente, em três categorias: obsessão simples, fascinação e subjugação . OBSESSÃO, SUBJUGAÇÃO E FASCINAÇÃO Com base em O Livro dos Médiuns e na Revista Espírita – outubro de 1858 , vejamos como o codificador distingue e apresenta cada um desses fenômenos. OBSESSÃO SIMPLES:  A obsessão é a ação quase permanente de um espírito estranho, que leva a pessoa a sentir uma necessidade incessante de agir de determinada maneira e de realizar certas ações. A obsessão simples ocorre quando um espírito malfazejo (perturbador) se impõe a um médium, intrometendo-se, contra a sua vontade, nas comunicações que ele recebe. Esse espírito impede a comunicação com outros e se apresenta no lugar daqueles que são evocados. A obsessão, portanto, consiste na persistência de um espírito do qual a pessoa não consegue se livrar. Na obsessão simples, o médium tem plena consciência de que está sob a influência de um espírito mentiroso (enganador), que não se disfarça nem tenta ocultar suas más intenções. O médium reconhece facilmente a felonia (malícia, maldade) e, por estar vigilante, raramente é enganado. Esse tipo de obsessão é, portanto, apenas desagradável, sem outros inconvenientes, além de obstruir as comunicações que o médium desejaria receber de Espíritos sérios ou afetuosos. FASCINAÇÃO:  A fascinação é uma forma de ilusão provocada pela ação direta de um espírito estranho ou por seus raciocínios ardilosos, que buscam confundir para induzir ao erro. Essa ilusão deturpa a percepção das questões morais, distorce o julgamento e leva a tomar o mal pelo bem. Diferentemente da obsessão simples, na qual o médium reconhece a presença de um espírito enganador, na fascinação, a influência espiritual se disfarça com astúcia. Trata-se de uma ilusão gerada pela ação direta do espírito sobre o pensamento do médium, a ponto de, em certo grau, paralisar-lhe o raciocínio diante das comunicações. O médium fascinado não percebe que está sendo enganado: o Espírito, com astúcia, consegue inspirar-lhe uma confiança cega, dificultando-lhe perceber a mentira e a armadilha em que está envolvido, além de impedir que ele note o absurdo de suas palavras, mesmo quando esse absurdo é claro para todos ao seu redor. Devido à ilusão que dela decorre, o espírito conduz aquele a quem se apossou como faria com um cego, podendo levá-lo a aceitar as doutrinas mais estranhas, as teorias mais falsas como se fossem a única expressão da verdade. Além disso, pode induzi-lo a situações ridículas, comprometedoras e até perigosas. SUBJUGAÇÃO:  A subjugação é caracterizada por um domínio ainda mais profundo do que na obsessão e na fascinação. Enquanto a obsessão envolve uma influência persistente e a fascinação, uma ilusão que distorce o julgamento, a subjugação é um controle mais absoluto, no qual o Espírito anula a autonomia da pessoa, forçando-a a agir de maneira contrária à sua própria vontade. Trata-se de uma ligação moral que paralisa a vontade do indivíduo, conduzindo-o a atitudes irracionais, frequentemente contrárias aos seus próprios interesses. Em outras palavras, o sujeito encontra-se sob um verdadeiro jugo. A subjugação pode se manifestar de duas maneiras: moral ou corporal. Na subjugação moral, o sujeito é levado a realizar escolhas frequentemente irracionais, mas que ele acredita serem sensatas, devido à distorção causada pela influência espiritual. Esse fenômeno, semelhante à fascinação, impede o discernimento do médium. Já na subjugação corporal, o espírito age diretamente sobre os órgãos físicos, provocando movimentos involuntários. Em casos mais graves, esses movimentos resultam em atitudes ridículas, e, embora o sujeito tenha plena consciência do absurdo de suas ações, não consegue resistir à força que o domina. POSSESSÃO Entre os processos obsessivos, incluem-se também a possessão e o fenômeno de poltergeist¹ . Kardec acreditou por muito tempo que a possessão real não existia, considerando tais episódios como manifestações de subjugação. No entanto, após um longo período de observações, o pensador lionês revisou sua posição, corrigindo seus escritos e reconhecendo a veracidade da possessão, classificando-a como um grau ainda mais intenso do que a fascinação e a subjugação . Essa retificação está registrada na Revista Espírita — dezembro de 1863 , no relato do caso da Senhorita Júlia. Vejamos o que expôs o codificador: “Temos dito que não havia possessos (ver LE-473, por exemplo) no sentido vulgar do vocábulo mas somente subjugados. Voltamos a esta asserção absoluta porque agora nos é demonstrado que pode haver verdadeira possessão , isto é, substituição, posto que parcial, de um Espírito errante a um encarnado.” Em A Gênese , capítulo XIV, o filho de Lyon retoma o tema da possessão², diferenciando-a da obsessão. Sobre isso, ele explica: “ Na possessão, em vez de agir exteriormente, o Espírito atuante se substitui, por assim dizer, ao Espírito encarnado; toma-lhe o corpo para domicílio, sem que este, no entanto, seja abandonado pelo seu dono, pois que isso só se pode dar pela morte. A possessão, conseguintemente, é sempre temporária e intermitente, porque um Espírito desencarnado não pode tomar definitivamente o lugar de um encarnado, pela razão de que a união molecular do perispírito e do corpo só se pode operar no momento da concepção." Dando continuidade, conclui o mestre lionês: " De posse momentânea do corpo do encarnado, o Espírito se serve dele como se seu próprio fora: fala pela sua boca, vê pelos seus olhos, opera com seus braços, conforme o faria se estivesse vivo. Não é como na mediunidade falante, em que o Espírito encarnado fala transmitindo o pensamento de um desencarnado; no caso da possessão é mesmo o último que fala e age; quem o tenha conhecido em vida, reconhece-lhe a linguagem, a voz, os gestos e até a expressão da fisionomia.” RECONHECENDO A OBSESSÃO No item 242 de O Livro dos Médiuns , Kardec afirma que a obsessão, independentemente do grau, é sempre exercida por um mau Espírito, nunca por um Espírito benfeitor. Complementando seu raciocínio, o autor enfatiza que toda comunicação transmitida por um médium obsidiado é de origem suspeita e não merece confiança . De acordo com o codificador, no livro acima citado, podemos reconhecer a obsessão pelas seguintes características³: Persistência de um Espírito em se comunicar, bom ou mau grado, pela escrita, pela audição, pela tiptologia, etc., opondo-se a que outros Espíritos o façam. Ilusão que, não obstante a inteligência do médium, o impede de reconhecer a falsidade e o ridículo das comunicações que recebe. Crença na infalibilidade e na identidade absoluta dos Espíritos que se comunicam e que, sob nomes respeitáveis e venerados, dizem coisas falsas ou absurdas. Confiança do médium nos elogios que lhe dispensam os Espíritos que por ele se comunicam; Disposição para se afastar das pessoas que podem emitir opiniões aproveitáveis. Tomar a mal a crítica das comunicações que recebe. Necessidade incessante e inoportuna de escrever. Constrangimento físico qualquer, dominando-lhe a vontade e forçando-o a agir ou falar a seu mau grado. Rumores e desordens persistentes ao redor do médium, sendo ele de tudo a causa, ou o objeto. O QUE FAZER EM CASOS DE OBSESSÃO? Allan Kardec enfatiza que são as nossas imperfeições morais que nos tornam mais suscetíveis às influências de Espíritos inferiores. Para nos libertarmos dessa condição, é essencial que busquemos o fortalecimento espiritual, o que só pode ser alcançado por meio da reforma íntima e da nossa transformação moral. Kardec também explica que, na maioria das vezes, a obsessão nasce de um desejo de vingança. Quando um Espírito se sente prejudicado por outro — seja nesta ou em vidas anteriores — ele tenta fazer justiça por conta própria, o que pode gerar obsessões mais intensas e de difícil desvinculação. No entanto, nem todas as obsessões têm esse impulso vingativo; algumas surgem apenas do prazer em causar o mal, sem qualquer ligação pretérita ou razão moral evidente. Quando o obsidiado não consegue, por si só, afastar a entidade obsessora, torna-se necessária a intervenção de terceiros. Nesse contexto, os médiuns espíritas que atuam em reuniões de desobsessão desempenham um papel fundamental. Com conhecimento e preparo, esses trabalhadores abnegados auxiliam no restabelecimento do equilíbrio do indivíduo, buscando desfazer os laços de influência estabelecidos pela entidade perturbadora. Além das reuniões de desobsessão, o passe espírita se destaca como um recurso essencial no tratamento da obsessão. Envolvido por fluidos negativos que comprometem seu estado mental e físico, o obsidiado necessita dissipar essas energias prejudiciais. O passe atua como um mecanismo de reequilíbrio energético, promovendo a substituição dessas vibrações nocivas por fluidos revigorantes, favorecendo, assim, sua recuperação e fortalecimento espiritual. Contudo, a simples dispersão das energias deletérias não é suficiente para garantir a libertação definitiva do processo obsessivo. Para que essa condição seja superada em sua totalidade, é imprescindível que o Espírito perseguidor seja esclarecido e renuncie às motivações que o levam a influenciar negativamente seu alvo. Esse esclarecimento envolve a compreensão do valor do perdão, do amor ao próximo e da necessidade de transformação moral, permitindo que ele abandone antigos padrões de pensamento e conduta para trilhar um caminho de renovação espiritual. No caso da fascinação, contudo, a libertação torna-se mais complexa. O obsidiado, seduzido e iludido pela influência persistente do perseguidor, não percebe sua condição de subjugação. Por acreditar estar no controle de seus próprios pensamentos e decisões, ele tende a rejeitar qualquer tentativa de auxílio externo. Além disso, raramente recorre à prece como meio de proteção e fortalecimento, o que favorece a manutenção do vínculo obsessivo e dificulta a possibilidade de uma intervenção eficaz. ¹ O fenômeno de poltergeist será tratado de forma individualizada em um capítulo subsequente desta obra. ² Para um maior aprofundamento sobre o tema da possessão, recomendamos a leitura do livro Condomínio Espiritual , de Hermínio Corrêa de Miranda, além dos artigos As Três Faces de Eva  (publicado na Reformador  – Dezembro de 1959) e Sybil – O Drama da Possessão  (publicado na Reformador – Março de 1974), ambos do mesmo autor. Texto extraído do livro   Mediunidade com Kardec   de  Patrick Lima . Capítulo 7: Obsessões Pergunta 67: Obsessão, fascinação, subjugação e possessão: como Kardec as distingue? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KARDEC , Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004. KARDEC , Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile. 21ª edição. Editora Boa Nova, 2017 KARDEC , Allan. Revista Espírita – Jornal de estudos psicológicos – outubro de 1858. Tradução de Julio Abreu Filho. Edicel; 2ª edição, julho 2002. KARDEC , Allan. Revista Espírita – Jornal de estudos psicológicos – agosto de 1863. Tradução de Julio Abreu Filho. Edicel, 1ª edição, julho de 2002. KARDEC , Allan. A Gênese. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. FEB Editora, 2013.

  • 02. Por que fundamentamos nossos estudos em Kardec?

    Kardec é um prisma, uma bússola, um guia seguro para todos que buscam estudar a mediunidade e o intercâmbio com o mundo espiritual. Por que devemos iniciar nossos estudos de educação mediúnica através das obras de Kardec? Além das questões fenomênicas relacionadas ao mediunismo, Kardec deixou um legado incomparável, fruto de 12 anos contínuos de dedicação e pesquisa. Esse esforço resultou na codificação da Doutrina Espírita, apresentada em 23 obras. Ao longo de seus escritos, especialmente em O Livro dos Médiuns , Kardec trouxe à superfície o mais completo e seguro guia sobre mediunidade. Com isso, não estamos afirmando que Kardec deva ser a única referência para o médium ou qualquer outro adepto do espiritismo/espiritualismo. Como recomendação, sem qualquer pretensão, sempre incentivamos a leitura de diversas obras, sejam elas espíritas ou não. No entanto, cabe ao leitor exercer seu senso crítico e discernimento, assimilando de cada leitura apenas aquilo que for bom e elevado. Nos tempos atuais, em que as informações são disseminadas de forma massiva, é fundamental termos uma base sólida e confiável para distinguir entre o que é real e o que é fantasioso. Desse modo, todo aquele que tem como referência as obras de Allan Kardec está sempre em boa companhia. PESQUISAS Nas pesquisas para este livro, por exemplo, nos deparamos com diversas páginas na internet oferecendo informações e comentários sobre o tema consultado, sem, no entanto, apresentarem nenhuma referência. Isso quando o conteúdo de um link não era simplesmente copiado e colado repetidamente em outros meios, propagando assim uma informação duvidosa e sem confiabilidade. Sem contar as páginas que, embora citassem as referências dos livros consultados, apresentavam fontes distorcidas ou diferentes do texto original. Ou seja, é sempre importante verificar as referências ao navegar pela internet ou qualquer outro meio de informação. Em inúmeros sites que abordam a temática espiritual, o senso comum prevalece. Em outras palavras, as informações são baseadas unicamente em experiências pessoais, sem fundamentos ou bases teóricas racionais. No entanto, o mais alarmante são as páginas com milhares de seguidores, cujos responsáveis não têm preparo adequado ou, possivelmente, estão sob a influência de um processo de fascinação. MÉDIUNS YOUTUBERS Em casos mais gritantes, deparamo-nos com alguns médiuns youtubers (com milhares de inscritos) afirmando-se detentores de informações privilegiadas por parte dos Espíritos superiores . Em outro momento, encontramos uma médium — que se diz espírita — oferecendo seus "serviços" de psicografia. Ela garante que, em pouco tempo, o cliente receberá uma carta psicografada de seu ente querido, acompanhada de um áudio do texto. Para isso, basta pagar uma quantia modesta e aguardar até 15 dias. Também observamos um canal, cujo médium interesseiro, de maneira equivocada, afirma aos seus 2,4 milhões de seguidores que o medianeiro é um trabalhador comum, podendo lucrar com os livros "psicografados" por seu intermédio, além de cobrar por consultas e trabalhos específicos utilizando-se da sua "mediunidade" . ( vide questão 54 ) TERAPEUTAS QUÂNTICOS Dentro das casas espíritas, observa-se, atualmente, uma crescente divulgação de ideias relacionadas à física quântica, frequentemente propagadas por palestrantes e trabalhadores espiritistas que se apresentam como terapeutas quânticos . No entanto, esses divulgadores, em muitas situações, não compreendem completamente os termos técnicos que utilizam e, em boa parte dos casos, não possuem formação acadêmica específica na área, como licenciatura ou bacharelado em Física. De modo similar, mesmo sem qualquer formação em medicina ou nutrição, essas pessoas oferecem, como parte de seus "serviços", promessas de curas rápidas por meio de reprogramação celular , emagrecimento sem grandes esforços, divórcios energéticos para a desvinculação espiritual do antigo cônjuge e um cronograma infalível para alcançar a iluminação espiritual , entre outras práticas que carecem de comprovação científica ou médica. Em rápida análise, fica evidente que essas terapias têm como único objetivo o enriquecimento e a prosperidade financeira, especialmente para aqueles que as promovem. Para essas pessoas, a espiritualidade se transforma em um comércio altamente lucrativo , o que é completamente incompatível com os ensinamentos de Jesus e Kardec. Nas redes sociais, muitos desses falsos profetas compartilham fotos e legendas com conteúdos edificantes, retirados de obras sérias e respeitáveis, o que lhes permite atrair um grande número de seguidores. No entanto, eles acabam utilizando essa audiência para promover e vender, entre uma postagem e outra, seus serviços terapêuticos. CURA GAY ATRAVÉS DO PASSE ESPÍRITA No entanto, o mais chocante foi ler uma obra de um renomado autor espírita — com mais de 80 títulos publicados — que discorre sobre a cura do homossexualismo (termo utilizado pelo próprio autor) por meio da terapia dos passes e da fé sincera. O autor afirma ter presenciado, ao longo dos anos, a cura de vários homossexuais através do passe espírita. Em uma dissertação mais efervescente — para não dizer fanática —, o autor afirma que, durante o regime nazista, Adolf Hitler e seus ministros eram homossexuais e tinham como plano a expansão do homossexualismo (termo repetido por ele) por toda a Europa. Além disso, na mesma obra, encontramos menções às religiões de matriz africana, que, segundo o ponto de vista equivocado do autor, seriam primitivas e inferiores. ALTERAÇÕES E ADULTERAÇÕES NAS OBRAS DE KARDEC Dentre as diversas traduções dos livros de Kardec para a língua portuguesa, encontraremos — naturalmente — algumas diferenças entre uma e outra, sem que isso altere a essência das obras. No entanto, há alguns casos bastante preocupantes nos quais o tradutor, revisor ou editor, por sua conta e risco, alterou nomes e conceitos das obras da codificação. Como exemplo, citamos O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores (nome completo dessa obra), que teve seu título alterado propositalmente — por um autor e tradutor espírita — para O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos doutrinadores . De acordo com o responsável, atualmente, não há mais necessidade de se evocar os Espíritos. Por ironia do destino, ou não, ainda podemos ver na capa deste livro uma inscrição que diz "versão inalterada do original". Nesse mesmo sentido, compreende-se também uma versão adulterada pela Federação Espírita do Estado de São Paulo (FEESP) de O Evangelho Segundo o Espiritismo , que circulou na década de 1970, vendendo cerca de 30 mil exemplares (retirados de circulação após um longo processo judicial). Essas não foram as primeiras, nem as últimas vezes, que alguém tentou atualizar as obras do codificador, trazendo suas visões de mundo e seus conceitos modernos, como se Kardec estivesse ultrapassado. Essas atitudes, além de desrespeitarem a memória do autor, desvirtuam o conteúdo original das obras e podem levar os leitores a interpretarem de forma equivocada os ensinamentos de Kardec. FÉ RACIOCINADA Mesmo que um autor se declare espírita, seu conteúdo não está automaticamente livre de falhas ou tendenciosidades. Seus textos e vídeos, por mais respeitados ou influentes que sejam , devem ser lidos e assistidos com espírito crítico e discernimento, pois podem conter informações incorretas, interpretações parciais e, naturalmente, expressar as visões pessoais do autor/médium, que não necessariamente refletem o pensamento espírita como um todo. Enfim, apresentamos apenas uma pequena parte desses casos, para que nossos leitores compreendam a gravidade dessas armadilhas. KARDEC É A BASE: Obras de Kardec X Romances Mediúnicos Há também aqueles que se declararam espíritas, mas nunca estudaram as obras de Allan Kardec, preferindo, quase que exclusivamente, os romances mediúnicos (psicografados). Sobre este tópico, a respeitável médium Yvonne do Amaral Pereira, em À luz do Consolador , destaca que não devemos nem poderemos limitar nossa instrução doutrinária aos livros mediúnicos tão somente. Estes são, com efeito, importantes, indispensáveis a nossa cultura doutrinária, encantadores, e podemos mesmo afirmar que o Espiritismo é produto da mediunidade nos seus diferentes graus. Entretanto, continua Yvonne, numa obra mediúnica seria impossível ao autor recapitular todo o precioso acervo de observações, de análises, de experiências, etc., que as obras dos grandes mestres colaboradores de Allan Kardec apresentaram. Segundo a autora, para apreciarmos o valor e a beleza de uma obra mediúnica, principalmente romances, teremos de conhecer as obras básicas a fim de sabermos analisar a perícia da arte literária de além-túmulo, que apresenta os mais variados e belos aspectos doutrinários, devendo ser sempre calcados sobre os princípios inabaláveis erigidos por Allan Kardec e seus continuadores. Não cairemos – conclui a autora – no perigo do sofisma e das opiniões particulares se conhecermos o Espiritismo através dos livros básicos dos seus grandes escritores, porque aí aprenderemos a observar, raciocinar e analisar com eles. A autora nos lembra que, antes de se aventurar na leitura de um romance espírita mediúnico, é essencial que a pessoa conheça as obras de Kardec. A recomendação de Yvonne Pereira visa estabelecer parâmetros seguros para que o estudo espírita seja realizado com discernimento. Portanto, quem se dedica ao estudo das obras de Kardec adquire uma base sólida, que é fundamental para discernir entre o que é edificante e o que é místico, além de distinguir o que é fantasia do que é realidade. A adoção de uma postura crítica, aliada à fé raciocinada proposta por Kardec, permite ao iniciado no espiritismo examinar qualquer conteúdo que lhe seja apresentado (inclusive este livro), sem tomá-lo como uma verdade absoluta ou inquestionável. FILTRANDO INFORMAÇÕES O problema não está no excesso de informações que recebemos, mas na forma como as filtramos. Sem os devidos filtros morais, éticos, racionais e intelectuais que Kardec e a espiritualidade superior nos ensinaram, aceitamos facilmente tudo o que nos é apresentado. Isso, inevitavelmente, nos leva a reproduzir e perpetuar conceitos equivocados, como a homofobia, o racismo, o sexismo, a ganância, entre outros. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 1: Kardec é um prisma Pergunta 02: Por que fundamentamos nossos estudos em Kardec? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PEREIRA , Yvonne do Amaral. À luz do Consolador. FEB Editora, 2014.

  • 01. Quem é Allan Kardec?

    Certamente, qualquer pessoa que tenha buscado informações sobre a doutrina espírita já deve ter lido ou ouvido falar de Allan Kardec. Mas, afinal, quem foi Allan Kardec? Quem é Allan Kardec? Allan Kardec é o pseudônimo de Hippolyte Léon Denizard Rivail, nascido em 3 de outubro de 1804, em Lyon, França. Com seu nome de batismo, Rivail destacou-se na área educacional, sendo um renomado pedagogo — discípulo de Pestalozzi e divulgador do Método Pestalozziano —, além de escritor e tradutor de diversos idiomas. No entanto, foi somente na década de 1850 que o pseudônimo Allan Kardec passou a fazer parte de sua vida, período em que começou a estudar e observar os fenômenos das mesas girantes, traçando as primeiras linhas que dariam origem à codificação do Espiritismo. Como educador, Hippolyte Léon Denizard Rivail fundou dois institutos educacionais e escreveu diversas obras didáticas, sempre mostrando-se à frente de seu tempo, com um trabalho de inestimável grandeza. Membro de várias sociedades científicas, Rivail possuía um caráter questionador e cético. O filho de Lyon era um homem íntegro, o que o tornou uma figura respeitada em toda a sociedade intelectual francesa. MESAS-GIRANTES Já em meados de 1854, por meio de um amigo, o Sr. Fortier — pesquisador do magnetismo —, Rivail ouviu falar pela primeira vez sobre o fenômeno das mesas girantes. A imprensa da época narra amplamente que, por toda a França, em salões, residências e até mesmo em apresentações teatrais, mesas levitavam, giravam e se moviam apenas com a imposição das mãos ou dos dedos dos participantes. Após a insistência de seu ilustre amigo, o cético Rivail permitiu-se observar tais episódios, inicialmente na casa da senhora Roger, depois na residência de madame Plainemaison e, por fim, no lar da família Baudin. Após presenciar, diversas vezes, que as mesas respondiam por meio de pancadas — ou outros movimentos — às perguntas que lhes eram direcionadas, Rivail passou a investigar a origem da inteligência por trás dessas respostas. Acreditando, a princípio, que tais movimentos eram causados unicamente pelo magnetismo ou, talvez, de um mero truque ilusório (chegando a desvendar, mais tarde, a técnica usada por diversos falsários), Rivail concluiu que, por trás de todo efeito inteligente, há uma causa inteligente. Com o passar do tempo, as comunicações, que antes eram obtidas por meio das mesas girantes e das sucessivas pancadas que indicavam as letras do alfabeto — formando frases e sentenças muitas vezes extensas, tornando o processo demorado e incômodo —, foram adaptadas para uma nova modalidade. Essa nova técnica — sugerida por um dos guias espirituais das reuniões das quais Kardec participava — consistia no uso de uma cesta com um lápis preso ao centro. Colocada sobre um papel, a cesta passava a escrever sob o influxo das mãos impostas. Por fim, a chamada cesta escrevente deu lugar à psicografia que conhecemos hoje, na qual a própria mão do médium escreve sob o estímulo da entidade comunicante, sem a necessidade de nenhum utensílio externo além do lápis (ou caneta) e do papel. Nesse meio tempo, por meio da mediunidade das jovens irmãs Caroline e Julie Baudin, Rivail recebeu diversas mensagens espirituais, incluindo uma revelação do Espírito Zéfiro, guia espiritual da família Baudin, sobre uma de suas vidas passadas, na qual teria sido um druida chamado Allan Kardec. Foi também nesse período que ele tomou consciência do compromisso assumido — ainda no mundo espiritual — de pesquisar e divulgar a doutrina dos Espíritos. MÉTODO CIENTÍFICO Para que o professor Rivail pudesse observar, investigar e analisar todos esses fenômenos de forma criteriosa, sem se deixar envolver por empolgação, fantasia ou fanatismo, era necessário adotar um método científico sério, idôneo e sistemático. O método científico utilizado por Kardec foi o da universalidade das informações advindas dos Espíritos, conhecido como Controle Universal do Ensino dos Espíritos. De modo prático, o codificador comparava as mensagens de diferentes médiuns (residentes em localidades distintas) e Espíritos, buscando concordância em suas ideias e princípios. Além disso, submetia as mensagens à análise racional, descartando aquelas que contrariassem o bom senso, a lógica e os conhecimentos científicos da época. Somente após um controle rigoroso e sistemático Kardec incorporava tais mensagens e ensinamentos em suas obras. As ideias presentes na codificação eram frequentemente confrontadas com novas mensagens mediúnicas, a fim de confirmar ou refutar seu conteúdo. É válido lembrar que, naquela época — década de 1850 —, a comunicação era bastante dificultosa, sendo quase sempre realizada por cartas ou, quando muito, por telégrafo. Também é justo mencionar que os médiuns envolvidos nesse processo não mantinham contato ou relação de amizade entre si, preservando, dessa maneira, a pureza e a individualidade das respostas, sem interferência, sugestão, indução ou manipulação por parte dos envolvidos. Ao término dessa fase, Rivail lançou, em 18 de abril de 1857, a primeira edição de O Livro dos Espíritos , concluindo que a inteligência por trás dos fenômenos das mesas falantes, dançantes ou girantes era, de fato, a dos Espíritos — isto é, as almas dos homens que outrora viveram sobre a Terra. ALLAN KARDEC Para diferenciar seu legado educacional, incluindo todas as obras assinadas com seu nome de nascimento, Rivail passou a adotar o pseudônimo de Allan Kardec em todas as obras que marcaram a codificação da doutrina dos Espíritos. O Espiritismo, ou a Doutrina dos Espíritos, recebeu esse nome porque foram os próprios Espíritos superiores, incluindo o Espírito da Verdade (Jesus Cristo), que o ajudaram nesse processo de observação e pesquisa, com o objetivo de trazer ao mundo o consolador prometido. OBRAS BÁSICAS Segundo o livro Catálogo Racional de Obras para se Fundar uma Biblioteca Espírita , especificamente no capítulo 1º — intitulado Obras Fundamentais da Doutrina Espírita —, Allan Kardec destaca que as obras básicas do Espiritismo são: O Livro dos Espíritos; O Livro dos Médiuns; O Evangelho Segundo o Espiritismo; O Céu e o Inferno; A Gênese; O Que é o Espiritismo; O Espiritismo na sua expressão mais simples; Resumo da lei dos fenômenos espíritas; Caráter da revelação espírita; Viagem espírita em 1862; Coleção Revista Espírita  (a partir de 1858). Apesar de Kardec nunca ter limitado a cinco o número de obras consideradas básicas, no Brasil, esse termo ganhou popularidade ao se referir aos seguintes títulos: O Livro dos Espíritos (1857), O Livro dos Médiuns (1861), O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864), O Céu e o Inferno (1865) e A Gênese (1868). Em suma, as obras básicas do Espiritismo são todas aquelas que Allan Kardec codificou, ou seja, um total de 23 obras, e não apenas as cinco mencionadas anteriormente. De todo o seu legado como Allan Kardec, O Livro dos Médiuns é, sem dúvidas, o maior tratado sobre mediunidade existente até hoje. Ninguém, em toda a sua trajetória, conseguiu agregar tanto valor a uma única obra — sobre os médiuns e os fenômenos mediúnicos — como Kardec o fez. Portanto, Kardec é um prisma, um norte, uma bússola que devemos seguir ao estudar ou pesquisar sobre qualquer assunto relacionado à mediunidade. DESENCARNE Em 31 de março de 1869, Kardec retorna à pátria espiritual aos 64 anos de idade. Casado com Amélie Boudet, companheira de ideal espírita e grande educadora, Kardec deixou seu nome registrado na história como o codificador da Doutrina Espírita, o ser iluminado que trouxe ao mundo o consolador prometido. Foi o antigo druida que, de forma abnegada, pesquisou e registrou as leis mediúnicas — que até hoje continuam comprovando a imortalidade da alma e, de forma segura, colaborando com todos aqueles que desejam educar suas faculdades. Kardec foi o homem, o educador, o esposo, a alma de escol que, verdadeiramente, ajudou a mudar o rumo do nosso planeta. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 1: Kardec é um prisma Pergunta 01: Quem é Allan Kardec? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed.

  • 66. Como saber se o que estou sentindo é físico ou espiritual?

    A nuvem de testemunhas descrita pelo apóstolo Paulo em Hebreus 12:1 faz referência, segundo a literatura espírita, aos Espíritos que nos observam constantemente, independentemente de onde estivermos. Isto é, homens e Espíritos transitam acotovelando-se sem cessar ( O que é o Espiritismo? ) ; ou de forma mais clara: há Espíritos em todos os lugares, visto que a matéria não lhes oferece barreiras ( O Livro dos Espíritos , questão 91) Também podemos afirmar que cada ambiente se encontra impregnado por fluidos que podem ser salutares ou perniciosos, conforme o padrão de pensamento emitido por seus frequentadores ou moradores¹. Os encarnados, por sua vez, apresentam suas mazelas físicas e mentais, que se manifestam na forma de energias (revelando o seu estado íntimo), influenciando o ambiente e as pessoas ao seu redor. Já os Espíritos, quando se aproximam dos encarnados, transmitem impressões condizentes com o seu estado evolutivo. Os bons apresentam sempre uma sensação agradável, enquanto que os menos elevados são percebidos pelo desconforto (mal-estar) que costumam irradiar. Contudo, a maneira como essas energias são percebidas varia de pessoa para pessoa, sendo que algumas — como os médiuns ostensivos — possuem uma sensibilidade maior para captar e interpretar essas impressões. Segundo Hermínio Corrêa de Miranda, em Diversidade dos Carismas , os médiuns são sensíveis não apenas aos seres desencarnados, mas também às pressões e sentimentos, mesmo não expressos, das pessoas encarnadas que os cercam durante o trabalho. Ao médium recai a responsabilidade de discernir quanto a origem das sensações que registra. MEDIUNIDADE OU DOENÇA FÍSICA? No livro Plantão de Respostas — Pinga Fogo II , Chico Xavier e Emmanuel, seu mentor espiritual, abordam a importância da educação mediúnica como um caminho para distinguir as percepções espirituais dos sintomas relacionados a doenças físicas: A segurança em distinguir os efeitos da mediunidade dos sintomas de doenças físicas, só pode ser alcançada com a educação da própria mediunidade. O ideal é que inicialmente se procure um médico para certificar-se que o mal não é físico e, uma vez confirmada a inexistência de doença, deve-se procurar a orientação espiritual. A experiência tem demonstrado diversas situações em que a medicina convencional não conseguiu diagnosticar com precisão certos problemas de saúde, mesmo após o uso dos mais sofisticados exames e protocolos disponíveis. Sem alternativas viáveis dentro das ciências médicas, muitos pacientes encontraram, por meio da orientação espiritual — nas casas espíritas — o diagnóstico real dos males que os afligiam. É prudente alertar que o enfermo não deve, sob nenhuma circunstância, interromper seu tratamento médico convencional para se limitar exclusivamente ao tratamento espiritual ou a qualquer outra abordagem terapêutica, integrativa ou holística. O mais adequado, nesses casos, é que o acompanhamento dos médicos terrestres seja mantido ao longo de todo o tratamento espiritual. COMO DISTINGUIR CADA SENSAÇÃO? A célebre frase "conhece-te a ti mesmo" possui grande relevância para aqueles que buscam iniciar a sua reforma íntima. Quanto mais uma pessoa se conhece, mais facilmente ela percebe as próprias imperfeições, o que a leva a corrigir os seus defeitos — quando disposta a se melhorar — e a domar as suas más inclinações. Em vista disso, um médium experiente, que já conhece a sua forma de pensar e agir, ao se deparar com ideias que não condizem com seu padrão habitual, costuma se questionar: O que estou sentindo tem uma causa física, orgânica? Trata-se de uma influência espiritual? Será o reflexo da egrégora do ambiente ou algo anímico (uma criação da minha própria mente)? O autoconhecimento, aliado à educação mediúnica, constitui a chave essencial para que o médium identifique as diversas influências que atuam sobre ele. À medida que se aprofunda nos estudos espíritas e exerce corretamente sua mediunidade, o medianeiro desenvolve a habilidade de perceber e lidar com diferentes tipos de fluídos. Com isso, adquire uma sensibilidade mais apurada, que lhe permite reconhecer com maior clareza as energias e as entidades com as quais entra em contato. Clarificando nossa linha de raciocínio, Kardec, em um diálogo com o Espírito de Santo Agostinho, registrado nas questões 919 e 919-a de O Livro dos Espíritos , faz as seguintes indagações: — Qual é o meio prático mais eficaz para se melhorar nesta vida e resistir ao arrastamento do mal? Um sábio da Antiguidade vos disse: Conhece-te a ti mesmo. — Compreendemos toda a sabedoria dessa máxima, mas a dificuldade está precisamente em se conhecer a si próprio. Qual o meio de chegar a isso? Fazei o que eu fazia quando vivi na Terra: no fim de cada dia, interrogava a minha consciência, passava em revista o que havia feito e me perguntava a mim mesmo se não tinha faltado ao cumprimento de algum dever, se ninguém teria tido motivo para se queixar de mim. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim necessitava de reforma. Aquele que todas as noites lembrasse todas as suas ações do dia e se perguntasse o que fez de bem e de mal, pedindo a Deus e ao seu anjo guardião que o esclarecessem, adquiriria uma grande força para se aperfeiçoar, porque, acreditai-me, Deus o assistirá. É importante destacar que não existe uma fórmula única e infalível para distinguir com precisão as sensações registradas pelos médiuns. No entanto, como mencionamos anteriormente, é por meio do autoconhecimento e do estudo da própria mediunidade que o médium adquirirá a confiança necessária para alcançar o propósito exposto. ¹Esse fenômeno, popularmente conhecido como egrégora , será abordado em maior profundidade na questão 96. Texto extraído do livro   Mediunidade com Kardec   de  Patrick Lima . Capítulo 7: Obsessões Pergunta 66: Como saber se o que estou sentindo é físico ou espiritual? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BÍBLIA DE JERUSALÉM . Hebreus 12:1. 14ª impressão. Editora PAULUS, 2017. KARDEC , Allan. O que é o Espiritismo. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. FEB Editora, 2016. KARDEC , Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB; 93ª edição. Rio de Janeiro, 2014. MIRANDA , Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição. XAVIER , Francisco Cândido. Plantão de Respostas - Pinga Fogo II. Ceu, 2015.

  • 65. Os Espíritos podem influenciar nossos atos e pensamentos?

    De início, pode parecer preocupante a ideia de que estamos sendo guiados ou manipulados por Espíritos. A palavra influenciação também pode nos causar certo estranhamento, especialmente quando lembramos que influenciar , de acordo com alguns dicionários, é uma ação psicológica em que uma pessoa é induzida a realizar algo, adotar uma conduta ou formar uma opinião específica. Sobre este tema, na questão 459 de O Livro dos Espíritos , Kardec pergunta se os Espíritos influenciam nossos pensamentos e ações. Mais do que imaginais, respondem os benfeitores, pois com bastante frequência são eles que vos dirigem. No capítulo II da obra O que é o Espiritismo? , o codificador destaca que os Espíritos estão em toda parte, ao nosso lado, acotovelando-nos e observando-nos sem cessar. Essa é, sem dúvidas, aquela nuvem de testemunhas mencionadas por Paulo em Hebreus 12:1. É justamente essa nuvem de testemunhas — presente em nosso dia a dia — que pode nos influenciar, atraída por nossos pensamentos, gostos e ações. Tal influência pode ser positiva ou negativa, a depender da categoria dos Espíritos com os quais estamos em sintonia ( vide questão 56 ). INSPIRAÇÃO, SEGUNDO KARDEC Em O Livro dos Médiuns , item 183, Kardec pergunta: — Qual é a causa primeira da inspiração? Espírito que se comunica pelo pensamento. — A inspiração tem por objeto apenas a revelação de grandes coisas? Não. Ela tem, muitas vezes, relação com as circunstâncias mais comuns da vida. Por exemplo, você quer ir a alguma parte: uma voz secreta diz para não ir, porque há perigo, ou então, essa voz diz para fazer uma coisa na qual você nem pensava; é a inspiração. Há bem poucas pessoas que não tenham sido mais ou menos inspiradas em certos momentos. Os termos inspiração e influênciação podem ser considerados sinônimos no contexto espírita, sobretudo ao nos referirmos ao modo pelo qual os Espíritos atuam em nosso cotidiano, conduzindo-nos tanto para o bem quanto para o mal. Sob essa ótica, conclui-se que todos os indivíduos, em algum momento, já foram influenciados — positiva ou negativamente — pelos Espíritos. Contudo, é essencial reconhecer que, apesar dessas influências, somos os principais responsáveis por nossas escolhas. TUDO É CULPA DOS ESPÍRITOS? É comum observar indivíduos que, negligenciando a autorresponsabilidade, atribuem seus erros exclusivamente à influenciação espiritual, justificando — de forma simplista — que determinadas situações ocorreram devido a um processo obsessivo. A verdade é que, mesmo que a influência exista, a decisão de ceder a ela é sempre nossa. A obsessão não é unilateral e só se consolida quando há afinidade entre obsessor e obsidiado, ambos compartilhando os mesmos gostos, prazeres e inclinações. Nessa dinâmica, a influenciação torna-se recíproca (simbiose), não sendo mais possível determinar quem influencia quem. OBSESSÃO ENTRE ENCARNADOS É justo mencionarmos que essa influência também ocorre entre encarnados. Dependendo da intensidade e da persistência dessa atuação, esse comportamento pode ser classificado como um processo obsessivo na categoria encarnado para encarnado . Conforme a médium e escritora espírita Suely Caldas Schubert menciona em sua obra Obsessão/Desobsessão: Profilaxia e Terapêutica Espíritas , a obsessão entre encarnados é um fenômeno frequente. A autora descreve que tal obsessão se caracteriza pelo controle mental que uma pessoa exerce sobre a outra, frequentemente mascarado como afeto ou proteção. Contudo, essa forma de amor apresenta-se como possessiva e sufocante, resultando na restrição da liberdade do indivíduo alvo dessa influência. Sentimentos como ciúmes, ódio, inveja, paixão, orgulho ou desejo de poder estão intimamente relacionados a essa modalidade obsessiva. A pessoa sob controle, frequentemente, não reconhece que está sendo manipulada, acreditando que tais ações decorrem de um excesso de afeto. Nesse ponto, o controle e a perseguição continuam no mundo espiritual, quando ambos estão dormindo, parcialmente desprendidos do corpo físico. Em outras ocasiões, são rivais que, em estado de vigília (acordados), frequentemente emitem fluidos perniciosos uns contra os outros, e, durante o sono, no processo de desdobramento, buscam-se mutuamente para dar continuidade às suas desavenças. Além disso, existem pessoas que entendem como os processos de influência funcionam e, aproveitando seu poder magnético e hipnótico, usam isso de forma consciente para obter vantagens. Essas pessoas, dotadas de um vasto conhecimento em magia e manipulação energética, ao desencarnarem, são conhecidas como magos e feiticeiros. No plano espiritual, continuam a influenciar negativamente suas vítimas, agora com maior liberdade ( vide questão 62 ). Falaremos mais sobre este tópico na questão 71, ao tratarmos das diferentes modalidades de obsessão. RECONHECENDO NOSSOS PENSAMENTOS A respeito dessa temática, o autor Hermínio C. Miranda, em Diversidade dos Carismas , afirma: “Quando a emissão de pensamentos alheios nos alcança, eles se misturam sutilmente aos nossos a ponto de nem sempre conseguirmos distinguir uns dos outros . Sabendo disso é que os espíritos conseguem nos influenciar, seja com pensamentos positivos e construtivos, seja com ideias negativas. Só com alguma experiência e acurado senso analítico podemos identificar ideias alheias na correnteza normal dos nossos pensamentos...” Não há um critério evidente para identificar, de forma imediata, o que vem da nossa mente e o que é influência espiritual. Apenas o autoconhecimento permitirá essa distinção. Portanto, cabe a cada pessoa, por meio de suas experiências, observar a qualidade de seus pensamentos, seus padrões mentais e comportamentais, bem como a reação a cada impulso que recebe, independentemente de sua origem. Alguns médiuns relatam que, em determinadas circunstâncias, os pensamentos sugeridos pelos Espíritos inferiores podem parecer pesados e grosseiros, como se a ideia ou imagem em questão tivesse invadido sua mente de forma abrupta (violenta). Já os pensamentos dos Espíritos superiores tendem a ser mais suaves e delicados. Como a sensibilidade varia de pessoa para pessoa, cada indivíduo perceberá essas influências de maneira única, com base em suas próprias experiências (sensações) e no autoconhecimento. Texto extraído do livro   Mediunidade com Kardec   de  Patrick Lima . Capítulo 7: Obsessões Pergunta 65: Os Espíritos podem influenciar nossos atos e pensamentos? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KARDEC , Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB; 93ª edição. Rio de Janeiro, 2014. KARDEC , Allan. O que é o Espiritismo. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. FEB Editora, 2016. BÍBLIA DE JERUSALÉM . Hebreus 12:1. 14ª impressão. Editora PAULUS, 2017. KARDEC , Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004. SCHUBERT , Suely Caldas. Obsessão/desobsessão: Profilaxia e Terapêutica Espíritas. 2ª edição. FEB Editora, 2015. MIRANDA , Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição.

  • 64. Jesus Cristo era médium? Existe médium perfeito?

    Muitos podem se perguntar: Jesus, o Espírito mais puro e elevado que já passou pela Terra, poderia ser considerado um médium? Em caso afirmativo, devido à sua perfeição moral, seria ele, então, um médium perfeito? A resposta para essa questão pode ser encontrada no capítulo XV de A Gênese , onde Kardec esclarece, de forma categórica, que Jesus não se qualificaria como médium, pois o médium é um intermediário, um instrumento dos Espíritos desencarnados. O Cristo, por sua vez, não necessitava de assistência, pois era Ele quem assistia aos outros. Concluindo seu pensamento, o mestre lionês questiona: qual Espírito teria a audácia de insuflar seus próprios pensamentos na mente do Cristo, incumbindo-o de os transmitir? Se Jesus recebia algum influxo estranho, esse só poderia vir de Deus. De acordo com a definição de um Espírito, Ele, o Cristo, era médium de Deus. EXISTE MÉDIUM PERFEITO? Os Espíritos superiores afirmaram a Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns , capítulo XX, que a perfeição não existe na Terra e, por conseguinte, também não há médium perfeito. Eles explicaram que, em vez de perfeito , é mais adequado utilizar o termo bom médium , o que já é algo notável, dado que são poucos os que atingem essa qualidade. O médium perfeito seria alguém contra quem os maus Espíritos jamais ousariam agir ou enganar. MÉDIUNS FAMOSOS, MAS NÃO INFALÍVEIS Entretanto, no meio espírita, é comum ouvir de alguns adeptos, especialmente entre os menos experientes ou aqueles que permanecem empolgados com os fenômenos mediúnicos, afirmações como: Tal pessoa é um grande médium, pois recebe comunicações de várias entidades e percebe a presença dos Espíritos onde quer que esteja. Mediunidade é grandeza? Existem grandes médiuns? Há quem acredite que o médium X ou Y seja infalível e perfeito. Essa percepção — equivocada — geralmente se apoia em fatores como sua fama, a vasta produção psicográfica, as obras assistenciais realizadas, a quantidade de palestras proferidas, as homenagens e títulos recebidos, entre outros destaques midiáticos. Tal crença é ainda reforçada pelo nome do guia espiritual que os acompanha, sobretudo se este for reconhecido como uma personalidade de destaque no movimento espírita. Por mais adiantado e moralmente evoluído que o médium seja, bem como pela qualidade e envergadura de seus guias e protetores espirituais, há diversos fatores que contribuem para erros e equívocos no processo mediúnico. Dentre eles, podemos destacar: O personalismo, levando à inserção de ideias pessoais nas mensagens mediúnicas; O animismo, inerente a toda comunicação mediúnica; A mistificação, que se distingue do animismo; As influências energéticas do ambiente; As interferências provenientes de encarnados e desencarnados; Os impactos causados por abalos emocionais e psíquicos; etc. O MÉDIUM NÃO É UM SEMIDEUS Sobre este assunto, a médium e escritora espírita Yvonne do Amaral Pereira, em À Luz do Consolador , afirma que o médium não é criatura infalível, semideus que pudesse vencer todas as dificuldades para estar ininterruptamente harmonizado com as forças superiores. Às vezes, até será bom que certas dificuldades e decepções o surpreendam, a fim de que não advenham a presunção e a vanglória e ele se esforce sempre por melhorar os próprios atributos e obter possibilidades de intercâmbio mais ou menos permanentes com as esferas iluminadas. Dando continuidade, Yvonne reitera que o médium, em vez de ser uma personagem infalível, é um ente humano como outro qualquer. [...] Por isso mesmo não será motivo para escândalo ou desilusão se um ou outro médium deixar de apresentar testemunhos intercambiais verdadeiramente perfeitos com o Além, se nos lembrarmos de que até o local, o ambiente onde se exerça o mistério augusto, muitas vezes poderá influir nas comunicações recebidas. Ainda na referida obra, a autora reforça que o médium é apenas um aparelho receptor de pensamentos e forças psíquicas alheios. Estas, porém, tanto poderão provir de Espíritos esclarecidos como de ignorantes, sendo que até mesmo infiltrações mentais humanas poderão perturbá-lo no momento do fenômeno de transmissão, além da sua própria mente, que poderá, desagradavelmente, intervir se as condições vibratórias em geral não se encontrarem assaz dominadas e controladas pela entidade comunicante. Complementando a sua observação, Yvonne destaca que o médium nem sempre estará em condições mentais e físicas para exercer o mandato com brilhantismo. Um choque emocional, preocupações dominantes poderão alterar a boa sintonização com o agente exterior, redundando o pormenor em alteração da comunicação que se processa. O QUE DIZ KARDEC? Consultemos O Livro dos Médiuns (cap. XX) para ver o que Kardec e os Espíritos superiores dizem sobre esse tópico: Visto que as qualidades morais do médium afastam os Espíritos imperfeitos, como é que um médium dotado de boas qualidades transmite respostas falsas, ou grosseiras? — Conheces, porventura, todos os escaninhos da alma humana? Demais, pode a criatura ser leviana e frívola, sem que seja viciosa. Também isso se dá, porque, às vezes, ele necessita de uma lição, a fim de manter-se em guarda. Se ele só com os bons Espíritos simpatiza, como permitem estes que seja enganado? — Os bons Espíritos permitem, às vezes, que isso aconteça com os melhores médiuns, para lhes exercitar a ponderação e para lhes ensinar a discernir o verdadeiro do falso. Depois, por muito bom que seja, um médium jamais é tão perfeito, que não possa ser atacado por algum lado fraco. Isto lhe deve servir de lição. As falsas comunicações, que de tempos a tempos ele recebe, são avisos para que não se considere infalível e não se assoberbe. Porque, o médium que receba as coisas mais notáveis não tem que se gloriar disso, como não o tem o tocador de realejo que obtém belas árias movendo a manivela do seu instrumento. Isso significa que, muitas vezes, não conseguimos nem mesmo entender completamente o que se passa dentro de nós mesmos, quanto mais o que ocorre nas profundezas da mente e da alma de outra pessoa. Mesmo os médiuns famosos, que se destacam por seu trabalho social, pela produção mediúnica e por um progresso moral visível, ainda não alcançaram a perfeição. Eles continuam em evolução e sujeitos a falhas e enganos durante esse processo. Por essa razão, os guias e protetores espirituais permitem que tais indivíduos enfrentem circunstâncias desafiadoras, com o objetivo de avaliar e consolidar seu progresso, incentivando a vigilância, a humildade e a submissão aos preceitos do Cristo. Como não existe médium perfeito, também não há médium infalível. Nesse sentido, é fundamental lembrar que as bases doutrinárias do Espiritismo foram consolidadas por Allan Kardec ao longo de seus livros e periódicos. Dessa forma, ao nos depararmos com a vasta produção mediúnica disponível atualmente, é essencial realizar uma análise crítica de cada obra, priorizando o conteúdo em si, independentemente da identidade do autor, do médium, do Espírito comunicante ou da editora responsável pela publicação. RAZÃO, LÓGICA E BOM SENSO Para concluirmos, trazemos — em síntese — as palavras do Espírito Erasto, discípulo de São Paulo, extraídas da obra acima mencionada: Onde, porém, a influência moral do médium se faz realmente sentir, é quando ele substitui, pelas que lhe são pessoais, as ideias que os Espíritos se esforçam por lhe sugerir e também quando tira da sua imaginação teorias fantásticas que, de boa-fé, julga resultarem de uma comunicação intuitiva. [...] Contra este escolho terrível vêm igualmente chocar-se as personalidades ambiciosas que, em falta das comunicações que os bons Espíritos lhes recusam, apresentam suas próprias obras como sendo desses Espíritos. [...] Na dúvida, abstém-te, diz um dos vossos velhos provérbios. Não admitais, portanto, senão o que seja, aos vossos olhos, de manifesta evidência. Desde que uma opinião nova venha a ser expedida, por pouco que vos pareça duvidosa, fazei-a passar pelo crisol da razão e da lógica e rejeitai destrambelhadamente o que a razão e o bom senso reprovarem. Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea. Texto extraído do livro   Mediunidade com Kardec   de  Patrick Lima . Capítulo 6: Aspectos Morais da Mediunidade Pergunta 64: Jesus Cristo era médium? Existe médium perfeito? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KARDEC , Allan. A Gênese. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. FEB Editora, 2013. KARDEC , Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004. PEREIRA , Yvonne do Amaral. À luz do Consolador. FEB Editora, 2014.

  • 63. Quais são os principais tipos de Espíritos que costumam ser atendidos em uma reunião mediúnica?

    E Jesus, tendo ouvido isto, disse-lhes: Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento. (Marcos 2:17) Quais são os principais tipos de Espíritos que costumam ser atendidos em uma reunião mediúnica? No contexto espírita, as reuniões mediúnicas são organizadas para promover um intercâmbio seguro entre o plano físico e o espiritual. Esses encontros, realizados nos centros espíritas, reúnem médiuns, dialogadores e passistas que, sob a orientação dos Espíritos superiores, trabalham de forma gratuita para auxiliar as entidades em sofrimento, oferecendo amparo e esclarecimento espiritual. Além disso, esse intercâmbio também visa os processos de desobsessão, cura, entre outros. CATEGORIA DOS ESPÍRITOS MANIFESTANTES No livro Diálogo com as Sombras , o autor e pesquisador espírita Hermínio C. Miranda destaca que os Espíritos assistidos — ou que se manifestam de forma espontânea —durante as reuniões mediúnicas pertencem, geralmente, às seguintes categorias: Mentores ou Guias Espirituais (Anjos da Guarda) São Espíritos elevados e benevolentes que organizam, supervisionam e auxiliam os trabalhos que serão realizados nas reuniões mediúnicas (desobsessão, esclarecimento, curas, etc). Em algumas ocasiões, podem trazer uma saudação breve ou compartilhar orientações rápidas na abertura dos trabalhos. No entanto, é importante lembrar que essas comunicações são espontâneas e não acontecem — de forma fixa ou obrigatória — em todas as casas ou grupos mediúnicos. Espíritos Sofredores São Espíritos que se encontram em estado de sofrimento, causado por desequilíbrios emocionais e morais. Cientes de que a casa espírita funciona como um verdadeiro hospital de almas, geralmente apresentam-se de forma espontânea — ou são conduzidos pelos Espíritos benfeitores — em busca de ajuda e alívio para suas angústias. Pertencente a essa categoria, também destacamos a manifestação de Espíritos suicidas, dementados, recém-desencarnados... Espíritos Mutilados São aqueles que apresentam mutilações ou deformidades, simbolizando as consequências de seus atos, traumas ou ideias fixas. Suas aparências frequentemente refletem, de forma simbólica, as dores morais ou existenciais que carregam. Espíritos Desorientados São aqueles que não reconhecem sua condição de desencarnados, acreditando ainda pertencer ao plano físico. Como resultado, tendem a permanecer ligados ao plano material, aos familiares, ao trabalho ou à antiga residência. Fanáticos Religiosos (Inimigos do Espiritismo) São Espíritos presos a crenças dogmáticas ou fanáticas. Eles mantêm erros e ilusões baseados em conceitos religiosos antigos ou mal interpretados. Acreditando serem os donos da verdade , consideram as outras crenças como equivocadas e lutam contra elas de todas as formas. Espíritos Intelectuais São aqueles que valorizam excessivamente o intelecto, utilizando-o de maneira arrogante ou manipuladora. Eles tendem a desconsiderar valores éticos e morais superiores. Espíritos Obsessores ou Vingativos São Espíritos impiedosos que perseguem os encarnados em razão de ressentimentos do passado. Eles demonstram rancor, desejo de vingança e têm dificuldade em transmutar suas emoções negativas. Geralmente, são persistentes em seu desejo de retaliação e resistem ao diálogo fraterno e esclarecedor. Em síntese, os obsessores são incansáveis, encontram satisfação no mal e sentem enorme prazer ao perturbar as suas vítimas. Alguns são revoltados por estarem sem o corpo físico; outros, invejosos e ignorantes. Dirigentes das Trevas São líderes de organizações espirituais inferiores que coordenam ações obsessivas por meio de estratégias complexas. Essas organizações possuem, quase sempre, estruturas hierárquicas bem definidas e com diferentes níveis de comando. Os Planejadores Subordinados aos Dirigentes das Trevas, os Planejadores são Espíritos especializados na elaboração de obsessões e perseguições, atuando de maneira precisa e meticulosa. Eles aplicam seus amplos conhecimentos para manipular tanto os encarnados como os desencarnados. Entre os Planejadores, destacam-se os Juristas, Espíritos que, devido ao seu domínio das leis espirituais e humanas, recorrem a argumentos de justiça como justificativa para suas perseguições e punições cármicas. Os Executores São agentes diretos das ações obsessivas, geralmente subordinados aos Dirigentes e Planejadores. Sua principal função é implementar vinganças e tormentos, seguindo as ordens de suas hierarquias espirituais. Magnetizadores e Hipnotizadores (Magos e Feiticeiros) São Espíritos que dominam a manipulação energética (magnetismo) e hipnótica, usando essas habilidades para exercer influência negativa sobre suas vítimas. Pelo seu conhecimento em magia, são vulgarmente chamados de magos e feiticeiros. COMUNICAÇÃO DE ENCARNADOS Vale a pena esclarecer ao leitor que, em certas ocasiões, Espíritos de pessoas encarnadas também podem se manifestar em reuniões mediúnicas. A condição de estar encarnado não impede a alma de se comunicar. Afinal, a alma encarnada não deixa de ser um Espírito e, mesmo estando revestida por um corpo físico, isso não a impossibilita de se comunicar mediunicamente. Allan Kardec, inclusive, chegou a suspeitar que algumas das mensagens recebidas durante as reuniões que frequentava fossem de Espíritos encarnados. Essa hipótese foi confirmada mais tarde pelos Espíritos que o guiavam em sua missão. Mais à frente, em um capítulo subsequente, realizaremos uma análise mais aprofundada sobre essas comunicações. Por ora, vamos voltar ao tema central deste estudo. QUALIDADES ESSÊNCIAIS Nas reuniões mediúnicas, encontramos uma grande diversidade de Espíritos, com características e estados de consciência variados. Cada um é assistido de acordo com suas necessidades e sua condição espiritual. Entretanto, uma regra se mantém inalterada: todos, sem exceção, devem ser tratados com paciência, respeito, compreensão e amor fraternal. Essas qualidades são essenciais para que o trabalho mediúnico seja realizado de forma eficiente e compassiva. Embora o amor, a caridade e a benevolência sejam pilares dos verdadeiros espíritas e cristãos, essas virtudes não impedem que, em determinadas circunstâncias, os trabalhadores espíritas, encarnados ou desencarnados, adotem atitudes firmes e enérgicas. Isso porque o amor, a justiça e a disciplina caminham juntos, como elementos indispensáveis ao nosso crescimento espiritual e educativo. Por fim, como nos relembra o Evangelho de Marcos na abertura deste texto, Jesus chama para si aqueles que precisam de cuidado e acolhimento, pois os que estão saudáveis não carecem de médicos. Essa premissa também fundamenta as reuniões mediúnicas, onde são acolhidos Espíritos em diversas condições de necessidade, que requerem socorro, amparo, esclarecimento ou orientação para prosseguirem em sua marcha evolutiva. Texto extraído do livro   Mediunidade com Kardec   de  Patrick Lima . Capítulo 6: Aspectos Morais da Mediunidade Pergunta 63: Quais são os principais tipos de Espíritos que costumam ser atendidos em uma reunião mediúnica? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BÍBLIA DE JERUSALÉM . Marcos 2:17. 14ª impressão. Editora PAULUS, 2017. MIRANDA , Hermínio C. Diálogo com as Sombras. FEB Editora, 2018.

  • 62. O que os meus pensamentos revelam sobre as minhas companhias espirituais?

    Na questão 56 ( vide aqui ), abordamos os temas referentes à sintonia e afinidade. Contudo, diante da necessidade de nos aprofundarmos um pouco mais sobre o assunto em questão, ou na tentativa de explicá-lo de forma mais clara, apresentamos o texto a seguir. Na mediunidade, assim como tudo na vida, encontraremos o pensamento como grande gerador de energia e atração. Isto é, a qualidade dos nossos pensamentos determina quem são as nossas companhias espirituais. Sempre que substituímos um pensamento negativo por um positivo e praticamos o amor e a caridade em nossas ações cotidianas, entramos em sintonia e comunhão com os bons Espíritos. Por outro lado, a persistência em pensamentos e comportamentos inferiores, assim como toda atitude contrária aos ensinamentos de Jesus, resulta na conexão com Espíritos de menor grau evolutivo. SINTONIA, SEGUNDO ANDRÉ LUIZ Em Nos Domínios da Mediunidade , o autor espiritual André Luiz (psicografado por Chico Xavier) afirma que, em mediunidade, não podemos esquecer o problema da sintonia, visto que atraímos os Espíritos que se afinam conosco, tanto quanto somos por eles atraídos. Complementando o seu raciocínio, dessa vez em Mecanismos da Mediunidade , André Luiz (via Chico Xavier) nos ensina que o cérebro humano funciona como uma antena , tanto emitindo quanto recebendo variadas energias de acordo com o tipo de pensamento ou emoção vivenciada. Ao manifestarmos um simples pensamento, seja como encarnados ou desencarnados, nossa mente emite uma frequência que se exterioriza e se propaga pelo espaço, buscando outras mentes. Ao encontrar as mentes que estejam em sua mesma faixa vibracional, o pensamento inicial recolhe nas mentes em sintonia outros elementos similares ao seu, retornando ao cérebro emissor, trazendo um material fluídico mais robusto (é como se emitíssemos uma fagulha e recolhêssemos uma fogueira). Desse momento em diante, cada sujeito passa a influenciar os que estiverem na sua mesma faixa de frequência, na mesma medida que por eles também são influenciados (processo de simbiose coletiva). Isso é válido para os diversos matizes de pensamentos e emoções, no qual cada um recebe de acordo com o que transmite. As consequências da frequente comunhão — e sintonia — com Espíritos desequilibrados e de baixa envergadura moral é a manifestação de diversas doenças físicas e psíquicas (quase sempre sem diagnóstico ou tratamento eficaz na medicina terrestre), assim como os casos recorrentes de obsessão e possessão. Cada pessoa está imersa, portanto, no campo das suas próprias exteriorizações mentais e morais, sendo sua responsabilidade evitar, na medida do possível, sentimentos e pensamentos de natureza inferior. MEDIUNIDADE x RESPONSABILIDADE Em Diversidade dos Carismas , Hermínio C. Miranda traz a sua contribuição a respeito da sintonia ao asseverar que o médium é um ser que franqueou o acesso da sua intimidade aos seres invisíveis desencarnados (e até encarnados, sob condições especiais). Se ele adota atitudes de descaso, indiferença e preguiça, estará chamando para sua convivência espíritos semelhantes . É como um aparelho receptor de rádio ou televisão: captam a estação na qual se acham sintonizados e não, as outras. Em seguida, Miranda esclarece que, diante do aflorar mediúnico, aquele que deseja praticar a mediunidade de maneira adequada deve se dedicar a ela com seriedade (seriedade é diferente de fanatismo). Por outro lado, se a pessoa busca apenas uma forma de se entreter ou de chamar a atenção, é mais prudente que se envolva em outra atividade, pois assim evitará complicações futuras e responsabilidades menos graves. O QUE DIZ KARDEC? Em O Evangelho Segundo o Espiritismo , Kardec ressalta que o médium que queira gozar sempre da assistência dos bons Espíritos tem de trabalhar por melhorar-se. O que deseja que a sua faculdade se desenvolva e engrandeça tem de se engrandecer moralmente e de se abster de tudo o que possa concorrer para desviá-la do seu fim providencial. A reforma íntima, quando fundamentada nos ensinamentos do Cristo, atua como uma blindagem — em favor do médium — contra as influências negativas. Ao irradiar uma psicosfera equilibrada e saudável, o medianeiro se torna mais resistente às forças do mal, repelindo, assim, os Espíritos inferiores que tentam se aproximar com o intuito de prejudicá-lo. Sem dúvida, cada indivíduo é responsável pelas entidades espirituais que atrai para o seu cotidiano. Independentemente da sua natureza, sejam elas inferiores ou elevadas, as consciências com as quais nos conectamos refletem uma afinidade vibratória com nossos sentimentos, pensamentos, desejos e intenções mais profundas. Nada, em absoluto, passa despercebido à percepção aguçada da espiritualidade. Em suma, aquele que deseja descobrir quem são as suas companhias espirituais deve, primeiramente, observar seus próprios pensamentos e atitudes. Assim, com base na qualidade do seu modo de pensar e agir, não será difícil deduzir quem são os Espíritos com os quais está sintonizado. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima. Capítulo 6 : Aspectos Morais da Mediunidade Pergunta 62: O que os meus pensamentos revelam sobre as minhas companhias espirituais? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS XAVIER , Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade. André Luiz (espírito). FEB Editora, 2018. XAVIER , Francisco Cândido; VIEIRA , Waldo (psicografia). Mecanismos da Mediunidade. André Luiz (espírito). FEB Editora, 2013. MIRANDA , Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição. KARDEC , Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile. 21ª edição. Editora Boa Nova, 2017.

  • 61. Identidade dos Espíritos: Quais critérios usados por Kardec para identificar a elevação de um Espírito?

    Em Mediunidade: Desafios e Bênçãos , o autor Manoel Philomeno de Miranda — pela psicografia de Divaldo Franco — reitera que a morte é apenas uma mudança de roupagem, uma transferência de posição vibratória, sem que ocorram fenômenos miraculosos que envolvam e transformem os mortos. Em outras palavras, ninguém se torna anjo ou santo , gênio ou sábio , simplesmente por ter desencarnado. Com a morte do corpo físico, o homem leva consigo, ao além-túmulo, todas as virtudes e vícios que cultivava enquanto encarnado. Se, porventura, sentia prazer em ações de má índole durante sua existência carnal, continuará praticando e buscando, após o desenlace do corpo físico, os mesmos comportamentos e transgressões. Isso significa que, tanto na Terra quanto no mundo espiritual, há pessoas — os vivos deste e do outro mundo — de diversos matizes evolutivos, compondo incalculáveis temperamentos, gostos, desejos, moralidades e inclinações. Dessa forma, é recomendado a todos que desejam estabelecer um intercâmbio com o plano espiritual que desenvolvam a capacidade de identificar, perceber e distinguir o grau evolutivo do Espírito comunicante, para não se tornar alvo de entidades manipuladoras e malévolas. COMO SABER SE UM ESPÍRITO É DE ORDEM ELEVADA OU INFERIOR? Em O Livro dos Médiuns e Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas , Kardec destaca pelo menos duas formas eficazes de reconhecer a natureza moral de um Espírito, sendo elas: a linguagem (teor da mensagem) e a sensação física (se assim podemos nos referir). É fundamental esclarecer, logo de início, que as sensações provocadas pela presença dos Espíritos não devem ser confundidas com a impressionabilidade puramente física ou nervosa (nem sempre aquele arrepio que você sente é de origem espiritual). LINGUAGEM E IMPRESSÃO TRANSMITIDA PELOS BONS ESPÍRITOS A aproximação de um Espírito superior é sempre acompanhada por uma sensação boa, suave e agradável, além de um sentimento de paz e quietude, alegria e tranquilidade. Os Espíritos de ordem elevada, aqueles que são verdadeiramente superiores e bons, apresentam uma linguagem sempre digna, nobre, lógica e isenta de contradições. Sua fala reflete a sabedoria, a benevolência, a modéstia e a mais pura moral, sendo concisa e sem palavras desnecessárias. LINGUAGEM E IMPRESSÃO TRANSMITIDA PELOS ESPÍRITOS MALÉFICOS As entidades menos evoluídas despertam nos médiuns, ao se aproximarem, sensações penosas, angustiantes e desagradáveis ¹. Essa interação pode provocar um misto de desânimo, irritação e perturbações de ordem psíquica e física, além de outras percepções negativas. Quanto à linguagem, os Espíritos inferiores, marcados pelo orgulho ou pela ignorância, tendem a compensar o vazio de suas ideias com uma prolixidade excessiva. Pensamentos evidentemente falsos, máximas contrárias à sã moral, conselhos ridículos, expressões grosseiras, triviais ou fúteis, e, enfim, qualquer traço de malevolência, presunção ou arrogância são sinais inquestionáveis de inferioridade em um Espírito. SENSIBILIDADE MEDIÚNICA Kardec trata desse tópico — referente a sensibilidade mediúnica — em O Livro dos Médiuns  (Cap. XIV). De acordo com o codificador, os médiuns sensitivos ou impressionáveis são aqueles suscetíveis de sentir a presença dos Espíritos por uma impressão vaga , por uma espécie de leve roçadura sobre todos os seus membros, sensação que eles não podem explicar. Dando continuidade ao seu raciocínio, Kardec afirma que esta faculdade se desenvolve pelo hábito e pode adquirir tal sutileza, que aquele que a possui reconhece, pela impressão que experimenta, não só a natureza, boa ou má, do Espírito que lhe está ao lado, mas até a sua individualidade, como o cego reconhece, por um certo não sei quê, a aproximação de tal ou tal pessoa. Torna-se, com relação aos Espíritos, verdadeiro sensitivo. Em complemento, o autor destaca que os médiuns delicados e muito sensitivos devem abster-se das comunicações com os Espíritos violentos, ou cuja impressão é penosa, por causa da fadiga que daí resulta. CONTEÚDO DA MENSAGEM + SENSIBILIDADE MEDIÚNICA Os médiuns ostensivos, de modo geral, podem identificar a verdadeira natureza do Espírito comunicante ao observar, com prudência, bom senso e racionalidade, tanto as sensações físicas (quando estes se aproximam) quanto o conteúdo da mensagem apresentada. Entretanto, há pessoas cuja sensibilidade não é suficientemente desenvolvida, o que as impede de perceber, de imediato, a impressão física que o Espírito transmite ao se aproximar. Nesse caso, o conteúdo das mensagens ditadas pelos Espíritos deve ser analisado com seriedade e atenção redobrada. Isso porque há Espíritos mistificadores capazes de reproduzir conteúdos aparentemente nobres e edificantes, com astúcia suficiente para enganar até os mais experientes estudantes do espiritismo. Quando questionados, os Espíritos pseudossábios e embusteiros facilmente perdem a compostura, expondo a sua verdadeira essência. Uma simples objeção sobre suas afirmações pode fazer com que se mostrem irritados, atacando aqueles que, de maneira sábia, refutaram suas propostas, muitas vezes contrárias ao bom senso e à moral. Em contraste, os bons Espíritos constantemente orientam seus interlocutores a analisarem criticamente todas as informações provenientes da comunicação com o plano espiritual, inclusive as suas próprias instruções, promovendo assim a fé raciocinada e o fortalecimento do senso crítico. LINGUAGEM SIMPLES x ERUDITA Reconhece-se a natureza evolutiva de um Espírito por meio da sua linguagem, assim nos disse Allan Kardec. É importante deixar claro que, ao mencionar o termo linguagem , Kardec se referia ao conteúdo moral da mensagem que estava sendo apresentada, independentemente de possuir linguagem culta, erudita, simples ou informal. Há quem acredite, de forma equivocada, que uma entidade que se manifesta com uma oratória mais refinada, seja através da psicografia ou psicofonia, é automaticamente mais elevada do que aquelas que se comunicam de maneira mais simples e distante da norma culta. Algumas instituições espíritas adotam esse argumento para barrar a manifestação de Espíritos que não se enquadram no padrão de linguagem que, segundo elas, seria o correto. (recomendamos a leitura das obras do linguista brasileiro Marcos Bagno sobre preconceito linguístico). Dessa forma, entidades como caboclos, pretos-velhos, boiadeiros, entre outras, são frequentemente tachadas de primitivas — por parte do movimento espírita brasileiro — devido à linguagem que utilizam. ( vide questão 47 ) Aqui, não nos referimos propriamente à doutrina Espírita, o consolador prometido que tem como base o amor e a caridade para com todos. Falamos das pessoas que ocupam papéis de liderança nos centros espiritistas, mas que, em diversas situações, ainda demonstram pensamentos discriminatórios e atitudes excludentes (acrescentando seu personalismo e suas próprias ideias aos conceitos kardequianos). Para concluir a nossa explanação, trazemos o pensamento de Manoel Philomeno de Miranda, contido em sua supracitada obra. O benfeitor destaca que os Espíritos mais evoluídos, despidos de formalismos terrenos, não se preocupam excessivamente com o estilo da linguagem empregada. Sua prioridade é assegurar que o conteúdo da mensagem seja compreensível para todos, buscando que os encarnados despertem — e se preparem — para a vida que os aguarda após o fenômeno da morte. Basta recordar que o próprio Cristo ajustava o conteúdo de suas parábolas conforme o público que o ouvia, utilizando elementos extraídos do cotidiano de cada grupo. Em algumas ocasiões, numa única parábola, empregava mais de uma analogia, com o objetivo de alcançar todos os presentes, dos mais simples aos mais instruídos. Portanto, a verdadeira elevação de um Espírito não está na sofisticação da linguagem que ele utiliza, mas na profundidade de suas ideias, na moralidade de seus ensinamentos e na bondade que transmite. ¹ Há Espíritos mistificadores e de intenções maléficas cuja vibração pode ser igual ou superior a do médium (a vibração do médium, em alguns casos, é inferior à do Espírito). Nessas circunstâncias, um médium descuidado, ao entrar em sintonia com tais Espíritos, acredita estar em conexão com entidades elevadas, tornando-se vítima de sua própria desarmonia. ( sair ) Texto extraído do livro   Mediunidade com Kardec   de  Patrick Lima . Capítulo 6: Aspectos Morais da Mediunidade Pergunta 61: Identidade dos Espíritos: Quais critérios usados por Kardec para identificar a elevação de um Espírito? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FRANCO , Divaldo Pereira (psicografia). Mediunidade: Desafios e Bênçãos. Manoel Philomeno De Miranda (espírito). Editora LEAL, 2019. KARDEC , Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004. KARDEC , Allan. Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas. Tradução de Salvador Gentile. IDE Editora, 2012.

  • 60. De que maneira a meditação contribui para o equilíbrio e o desenvolvimento da mediunidade?

    A mente humana é como um rio. Quando as suas águas estão agitadas, dificilmente conseguimos analisar — com clareza — o que há em seu interior. Contudo, quando este rio entra em repouso, a visão de seu leito se torna mais nítida. De maneira semelhante, a mente do médium, em seu estado de agitação ou serenidade, influencia diretamente a qualidade do seu trabalho mediúnico. O médium cuja mente permanece agitada ou ansiosa, incapaz de relaxar ou concentrar-se, e que não consegue abstrair — mesmo que momentaneamente — as preocupações cotidianas, dificilmente obterá uma comunicação mediúnica satisfatória. De modo contrário, quanto maior for o relaxamento e a tranquilidade mental do medianeiro, melhor será a sua percepção mediúnica. SERENIDADE E SILÊNCIO MENTAL Ademais, como bem nos orientou Manoel Philomeno de Miranda, em Mediunidade: Desafios e Bênçãos , através da psicografia de Divaldo Pereira Franco: " Aos médiuns é imprescindível a serenidade interior, a fim de poderem captar os conteúdos das comunicações e as emoções dos convidados espirituais ao tratamento de que necessitam. A mente equilibrada, as emoções sob controle, o silêncio íntimo facultam o perfeito registro das mensagens de que são portadores , contribuindo eficazmente para a catarse das aflições dos seus agentes.” Em outras palavras, a tranquilidade emocional e o silêncio interior favorecem a sintonia ideal entre o medianeiro e os Espíritos comunicantes. Já as fixações mentais, os clichês e todo sentimento perturbador obstruem a mente do médium, dificultando a sintonia necessária para uma comunicação de qualidade. O QUE É MEDITAÇÃO? Em vista disso, na atualidade, a meditação tem sido utilizada com bastante frequência nas casas espíritas, especialmente no decorrer do curso de educação mediúnica ¹ (comumente chamado de GEM – Grupo de Estudos Mediúnicos). Mas afinal, o que é meditação? O principal órgão de saúde dos Estados Unidos, o Centro Nacional de Saúde Complementar e Integrativa (NCCIH, na sigla em inglês), afirma que o termo "meditação" refere-se a uma variedade de práticas que se concentram na integração da mente e do corpo e são usadas para acalmar a mente e melhorar o bem-estar geral. A NCCIH também aponta que certos tipos de meditação envolvem manter o foco mental em uma sensação particular, como a respiração, um som, uma imagem visual ou um mantra (palavra ou frase repetida). Meditar, portanto, é o exercício de concentrar-se no momento presente, voltando-se para dentro de si, desconectando-se do mundo exterior, e buscando focar a atenção em algo específico (como a respiração, um som ou um ponto fixo). TENSÃO x RELAXAMENTO   Entretanto, o autor e pesquisador espírita Hermínio Corrêa de Miranda, em Diversidade dos Carismas , destaca que a concentração não consiste em fixar na mente um pensamento ou imagem. Ainda na referida obra, o autor salienta que em vez de um esforço quase físico ou mental de concentração, o médium precisa é exatamente do contrário, isto é, de um estado de relaxamento que crie, em si mesmo, a receptividade necessária ao desempenho de sua tarefa.   Dando continuidade ao seu raciocínio, Hermínio ressalta que o esforço de concentração resulta não apenas improdutivo, mas contraproducente, dado que, em vez de criar um relaxamento propício aos processos mentais, mantém o corpo e a mente em estado de tensão indesejável.   Na prática, durante uma reunião mediúnica, a fim de estabelecer uma conexão clara e eficaz com o plano espiritual, o médium deve buscar um estado de tranquilidade mental e serenidade, afastando, tanto quanto possível, os pensamentos ansiosos, as distrações e os conflitos internos. TODA PERCEPÇÃO É MENTAL! André Luiz afirma, em Nos Domínios da Mediunidade, pela psicografia de Chico Xavier, que a percepção mediúnica, seja ela qual for (vidência, audiência, psicofonia, entre outras) ocorre através da mente. Dito isto, como podemos esperar que uma mente agitada e desequilibrada ofereça uma comunicação clara e fiel? Seria possível a um médium, incapaz de cerrar os olhos serenamente por breves momentos, transmitir mensagens mediúnicas sem que o seu descontrole interfira no conteúdo? O médium deve ser como um instrumento de corda; este, por sua vez, precisa estar bem afinado para que sua sonoridade seja genuinamente fiel ao dedilhar do músico (o Espírito comunicante). Portanto, o medianeiro que deseja ser um trabalhador humilde e fiel na seara de Jesus precisa aprender a cultivar uma mente serena, calma, tranquila e relaxada. Para isso, a meditação é uma das ferramentas indicadas. ¹ Na transição para a parte prática, após a fundamentação teórica, o médium vai gradualmente se habituando aos exercícios meditativos, como o apagar das luzes, o fechamento dos olhos e o relaxamento mental, para, enfim, perceber psiquicamente a aproximação dos Espíritos que serão atendidos. Texto extraído do livro   Mediunidade com Kardec   de  Patrick Lima . Capítulo 6: Aspectos Morais da Mediunidade Pergunta 60: De que maneira a meditação contribui para o equilíbrio e o desenvolvimento da mediunidade? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FRANCO , Divaldo Pereira (psicografia). Mediunidade: Desafios e Bênçãos. Manoel Philomeno De Miranda (espírito). Editora LEAL, 2019. NATIONAL CENTER FOR COMPLEMENTARY AND INTEGRATIVE HEALTH . Meditation and mindfulness: effectiveness and safety. Disponível em: https://www.nccih.nih.gov/health/meditation-and-mindfulness-effectiveness-and-safety. MIRANDA , Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição. XAVIER , Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade. André Luiz (espírito). FEB Editora, 2018.

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