Mediunidade Sem Medo
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- 09. Como surge a mediunidade?
Entendemos a mediunidade como uma faculdade espiritual e, simultaneamente, como uma predisposição orgânica, isto é, a mediunidade é um dom natural inerente ao homem e tem sua matriz localizada no perispírito. Como ela é natural, seu tempo de afloramento e despertar também são naturais e isso ocorre de modo distinto entre os médiuns, de acordo com o planejamento reencarnatório de cada indivíduo. A mediunidade é uma faculdade que vai se aprimorando de acordo com as sucessivas reencarnações do indivíduo. Dado o instante em que ela se tornará mais ostensiva para o exercício no plano terrestre, os técnicos e instrutores espirituais que se encarregam da respectiva reencarnação, projetam um corpo físico compatível com o tipo de medianimidade que cada médium irá desempenhar. Chegado o momento em que a faculdade mediúnica começa a demonstrar sinais mais perceptíveis, temos aí o que muitos chamam de eclosão da mediunidade . Conforme descrito no módulo II, tema 1 do livro Mediunidade: Estudo e Prática da Federação Espírita Brasileira (FEB) , a eclosão da mediunidade é o início ou aparecimento de fenômenos resultantes da capacidade de uma pessoa (médium) entrar em contato com seres de outra dimensão, os chamados “mortos”, que, em linguagem espírita, são os desencarnados, seres humanos que estão fora da carne, isto é, não têm o corpo físico. ECLOSÃO DA MEDIUNIDADE A mediunidade pode se manifestar de duas formas diferentes: 1) A primeira ocorre de forma espontânea; por surgir de forma natural e gradativa, a mediunidade espontânea não acarreta grandes desconfortos para o médium principiante, sejam eles físicos ou emocionais. 2) A segunda acontece sob o prisma provacional. Eclodindo muitas vezes de modo abrupto e inesperado, o médium em fase inicial sente o revés que atinge seu corpo físico, podendo acontecer perturbações espirituais e desordem emocional. Devido ao estado evolutivo que ainda nos encontramos, a eclosão provacional (marcada por sofrimentos, perturbações emocionais e fisiopsiquicas) é a mais comum de ocorrer. Segundo Manoel Philomeno de Miranda ( Mediunidade: Desafios e Bênçãos , por Divaldo Franco), a mediunidade, frequentemente, surge de forma violenta, sendo necessária a educação dessa faculdade por meio da disciplina. Ela também pode eclodir de forma leve e suave, expandindo-se gradativamente à medida que o indivíduo desenvolve capacidades psíquicas compatíveis com o exercício medianímico. CULPA DA MEDIUNIDADE? De fato, algumas mediunidades ao eclodirem trazem consigo certos desconfortos ou inconvenientes. Esses tormentos que se tornam mais perceptíveis com o aflorar mediúnico não têm sua causa na mediunidade em si, mas no comportamento moral da pessoa que dela seja portadora. Isso ocorre porque, em muitos casos, a eclosão da mediunidade tem um caráter provacional e o médium ainda não possui valores morais acentuados. Não raramente, o médium em fase inicial sequer possui o hábito da prece (a prece sincera, humilde e de coração; não a mecânica, dos lábios pra fora). Além do mais, como bem destaca Hermínio de Miranda, em Diversidade dos Carismas , “a fenomenologia que ocorre nessa primeira fase quase nunca é disciplinada e de elevado teor espiritual. A mediunidade raramente começa com a manifestação suave de entidades de elevada condição evolutiva.” Aos primeiros rudimentos do surgimento da mediunidade, é sempre comum que os Espíritos – nessa fase inicial – que costumam se apresentar, sejam de baixa elevação, isto é, entidades sofredoras, perspicazes ou violentas que se afinizam e sintonizam com a vibração do médium em desabrochar. Elevando – o médium – o seu padrão mental, moral e evolutivo, ocorrerá, como por encanto, a seleção natural dos tipos de Espíritos que ele passará a sintonizar em seu dia a dia. Isso não significa que o médium irá deixar de estabelecer algum tipo de intercâmbio com Espíritos dessa estirpe (nossos irmãos sofredores e ainda sem esclarecimento), pois um dos principais objetivos da mediunidade é o amparo a essas entidades. Porém, esse auxílio passa a ocorrer nas reuniões de desobsessão na casa espírita e/ou durante o sono via desdobramento, não mais às claras, durante o dia ou em qualquer lugar, diminuindo também o mal-estar e outras perturbações e alterações psíquicas. PROCURANDO A CASA ESPÍRITA Percebendo os primeiros sinais de manifestações extrafísicas, muitos são os que procuram as casas espíritas em busca de auxílio e instrução. Importante dizer que nem todos os que buscam os centros espiritistas informando variadas situações em sua rotina diária – associando a causas espirituais – são de fato médiuns, obsedados ou enfermos espirituais. Portanto, não seria lógico, sensato ou prudente encaminhar todas essas pessoas as salas de estudo mediúnico assim que se apresentem as respectivas unidades espiritistas. É preciso examinar caso a caso. Verificando onde realmente ocorrem interferências espirituais, se é verdadeiramente uma eclosão da mediunidade, e até mesmo, se tais relatos não são oriundos de algum distúrbio psíquico ou fantasioso. Aos portadores de algum tipo de mediunismo, bem como os demais companheiros tidos como não médiuns, assim como os obsedados e enfermos orgânicos, o mais indicado – a princípio – é a reestruturação mental do sujeito, ajudando-o através dos passes, palestras, do evangelho no lar, da água fluidificada e do esclarecimento, para somente depois facultar o seu ingresso nas salas de estudos espíritas e mediúnicos (se realmente for essa a sua vontade). FENÔMENO OCASIONAL Em Diversidade dos Carismas , o autor Hermínio C. Miranda, nos adverte ao dizer que “um ou outro fenômeno espontâneo e ocasional não precisa ser tomado como indício de mediunidade a ser desenvolvida e praticada, dado que todos nós, seres encarnados, temos certo grau de sensibilidade e estaremos sujeitos a episódios mediúnicos esparsos.” Dando continuidade ao seu pensamento, na obra acima exposta, conclui Hermínio de Miranda: “Quando, porém, começam a ocorrer com certa frequência necessitam de atenção, cuidados e esclarecimentos que dificilmente o iniciante tem condições de prover por si mesmo. O mais comum é que comece a rejeitar os fenômenos, seja porque tenha assumido uma atitude preconcebida quanto a eles - ceticismo, convicções materialistas ou ortodoxo-religiosas -, seja porque teme as manifestações ou as considere como sintomas de perturbação mental. São muitos, portanto, os obstáculos iniciais que a mediunidade encontra logo nas suas primeiras manifestações.” Em suma, não é porque o sujeito alega ter visto uma única vez o Espírito do falecido avô que ele venha ser, de fato, médium ostensivo. Se, porém, esses fenômenos passarem a ser mais comuns e rotineiros, aí sim será preciso um olhar mais atento sobre essa situação, buscando verificar o que realmente está ocorrendo, iniciando a terapêutica correta para cada quadro. E para isso, a casa espírita será sempre uma boa aliada para esse e outros tipos de ajuda. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 2: Mediunidade Sem Medo Pergunta 09: Como surge a mediunidade? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MOURA , Marta Antunes de Oliveira (org.). Mediunidade: estudo e prática. Programa 1. 2. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2014. FRANCO , Divaldo (psicografia). Mediunidade: Desafios e Bênçãos. Manoel Philomeno De Miranda (espírito). Editora LEAL, 2019. MIRANDA , Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição.
- 11. Quais são os principais tipos de médiuns e mediunidades conhecidas?
Em O Livro dos Médiuns , Allan Kardec (sob a supervisão e revisão dos Espíritos Sócrates e Erasto) dividiu os medianeiros em duas grandes categorias, sendo estes, os médiuns de efeitos físicos e os médiuns de efeitos inteligentes (ou intelectuais). O codificador da doutrina espírita também esclarece que todas as outras variedades se ligam mais ou menos diretamente a uma ou a outra dessas duas categorias; algumas se ligam às duas. Com base em O Livro dos Médiuns , apresentamos – de forma resumida – a lista a seguir. MÉDIUNS DE EFEITOS FÍSICOS Os médiuns de efeitos físicos são aqueles que têm o poder de provocar efeitos materiais ou de manifestações ostensivas (vide quadro abaixo). Tais efeitos ou manifestações podem ocorrer de modo consciente ou inconsciente, isto é, com ou sem o conhecimento do médium. A mediunidade de efeitos físicos é, para o médium, bastante fatigante. Dentre as especificidades de médiuns e mediunidades de efeitos físicos, destacamos: MÉDIUNS TIPTÓLOGOS Aqueles pela influência dos quais se produzem os ruídos, os golpes e as pancadas. Tais fenômenos ocorrem com ou sem o conhecimento do médium. Muito comum. MÉDIUNS MOTORES Aqueles que produzem o movimento de objetos inertes, estáticos. Muito comum. MÉDIUNS DE TRANSLAÇÕES E SUSPENSÕES Aqueles que produzem a translação no espaço e a suspensão de corpos inertes no ar sem qualquer ponto de apoio (mais ou menos raros, segundo o desenvolvimento do fenômeno). Há também aqueles que podem elevar-se a si próprios (muito raro). MÉDIUNS DE APARIÇÕES (MATERIALIZAÇÃO) São aqueles que possuem a capacidade de provocar aparições fluídicas ou tangíveis, que podem ser vistas e até tocadas pelos assistentes. No entanto, essa habilidade é considerada muito rara. MÉDIUNS DE TRANSPORTE São aqueles que possuem a habilidade de auxiliar os Espíritos no transporte de objetos materiais. Essa habilidade se manifesta através do transporte espontâneo de objetos que não existem no local onde o médium se encontra; geralmente, são flores, por vezes frutas, doces, joias e outros itens. Variedade dos médiuns motores e de translação. Excepcionais. MÉDIUNS DE EFEITOS INTELECTUAIS Os médiuns de efeitos intelectuais são aqueles que estão mais aptos a receber e a transmitir comunicações inteligentes. Dentre as especificidades de médiuns e mediunidades de efeitos inteligentes, destacamos: MÉDIUNS AUDIENTES, AUDITIVOS OU OUVINTES São aqueles que ouvem os Espíritos. É um tipo de mediunidade muito comum. Em sua manifestação, essa audição pode ser percebida de duas maneiras distintas. Em algumas ocasiões, trata-se de uma voz íntima falando dentro da mente (voz interna); em outras, é uma voz externa, nítida e distinta, como se fosse a de uma pessoa viva (voz exterior). É preciso prudência para distinguir o que é imaginação e o que é audiência espiritual. MÉDIUNS FALANTES (PSICOFÔNICOS) São aqueles que falam sob a influência dos Espíritos. É um tipo de mediunidade muito frequente. Popularmente conhecida como incorporação. MÉDIUNS VIDENTES São aqueles que veem Espíritos em estado de vigília, perfeitamente acordados. Há também quem só os enxerga em estado sonambúlico ou próximo do sonambulismo (êxtase ou transe mediúnico). É preciso distinguir as aparições acidentais e espontâneas da faculdade propriamente dita de ver os Espíritos. Ver um Espírito por acidente em uma circunstância particular é algo comum. Já a capacidade de vê-los sempre, de modo constante, é bastante rara. Vale destacar que o médium vidente enxerga os Espíritos tanto com os olhos abertos como fechados, pois este os enxerga com a alma e não com os olhos físicos. MÉDIUNS INSPIRADOS São aqueles que recebem pensamentos sugeridos pelos Espíritos, muitas vezes à revelia, seja para atos comuns da vida, seja para grandes trabalhos da inteligência. MÉDIUNS DE PRESSENTIMENTOS O pressentimento é uma intuição vaga das coisas futuras. Portanto, os médiuns de pressentimentos são aqueles que, em certas circunstâncias, têm uma vaga intuição de coisas vulgares que irão ocorrer no futuro. Certas pessoas têm essa faculdade mais ou menos desenvolvida. Variação dos médiuns inspirados. MÉDIUNS PROFÉTICOS Os médiuns proféticos são uma variação dos médiuns inspirados e de pressentimentos, que recebem, se assim permitido por Deus, revelações mais precisas do que os médiuns de pressentimentos sobre coisas futuras de interesse geral. Como portadores de tais revelações, é responsabilidade deles comunicá-las aos seres humanos para que possam ser instruídos. Importante dizer que se há verdadeiros profetas, há também os falsos (mistificadores, zombeteiros, dentre outros da mesma estirpe), que tomam os sonhos de sua imaginação por revelações. MÉDIUNS PINTORES OU DESENHISTAS São aqueles que pintam ou desenham sob a influência dos Espíritos. Falamos daqueles que obtêm coisas sérias, porque não poderíamos dar esse nome a certos médiuns aos quais os Espíritos zombeteiros fazem produzir coisas grotescas que desabonariam o último dos estudantes. MÉDIUNS ESCREVENTES OU PSICÓGRAFOS São aqueles que têm a faculdade de escrever eles mesmos sob a influência dos Espíritos. MÉDIUM AUDIENTE x MÉDIUM PSICOFÔNICO Kardec também nos instrui para que não confundamos o médium audiente com o médium psicofônico. O médium audiente pode repetir palavra por palavra aquilo que esteja ouvindo e sendo ditado (e de modo deliberado, filtrar ou censurar conscientemente os impropérios que possam estar sendo proferidos, sem que isso venha a descaracterizar a mensagem original); já o médium de psicofonia, cede o seu corpo para que o próprio Espírito fale por seu intermédio (aqui também pode ocorrer a censura das palavras, porém, essa filtragem é feita através de um bloqueio psicológico relacionado diretamente ao comportamento moral do médium). Qualquer que seja o mecanismo utilizado, tanto o médium audiente como o psicofônico possuem recursos para filtrar a comunicação que ocorre por seu intermédio. SENSITIVOS, FACULTATIVOS E NATURAIS Temos ainda uma variedade de médiuns que são comuns a todos os gêneros de mediunidade , conforme nos explica Kardec na supramencionada obra, sendo estes: MÉDIUNS SENSITIVOS Os indivíduos que são capazes de sentir a presença de espíritos por meio de uma vaga impressão ou um toque na pele ou nos membros são conhecidos como médiuns sensitivos. A natureza exata dessas sensações é desconhecida para eles. Essa habilidade se desenvolve com a prática e pode se tornar tão sutil que aqueles que a possuem conseguem não apenas discernir se o espírito é bom ou mau quando este se aproxima, mas também reconhecer sua identidade, assim como uma pessoa com deficiência visual pode reconhecer a aproximação de alguém sem o ver. Os médiuns delicados e muito sensitivos devem se abster de comunicações com Espíritos violentos, ou cuja impressão é penosa, por causa da fadiga que daí resulta. MÉDIUNS FACULTATIVOS OU VOLUNTÁRIOS Os médiuns facultativos são aqueles que têm consciência de seu poder e que produzem fenômenos espíritas por ato de sua vontade (tem consciência do fenômeno que está sendo produzido). Seja qual for essa vontade, os médiuns nada podem fazer se os Espíritos a isso se recusam, o que prova a intervenção de um poder estranho. MÉDIUNS NATURAIS OU INCONSCIENTES São aqueles que produzem os fenômenos espontaneamente, sem nenhuma participação de sua vontade e na maior parte das vezes à sua revelia (não tem consciência dos fenômenos que se manifestam). Existem outros tipos de médiuns e mediunidades que não apresentamos ou não nos aprofundamos nesta questão. Para maior amplitude e estudo desses tópicos, recomendamos a leitura de O Livro dos Médiuns , especificamente os capítulos que vão do 10 ao 17. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 2: Mediunidade Sem Medo Pergunta 11: Quais são os principais tipos de médiuns e mediunidades conhecidas? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KARDEC , Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004.
- 47. Espíritos de outras tradições espiritualistas podem trabalhar em Centros Espíritas?
Não apenas podem como trabalham com frequência. Espíritos como Pretos-Velhos, Caboclos, Boiadeiros, entre outros, costumam ter suas presenças solicitadas – por uma parcela dos dirigentes espíritas – para colaborarem nas atividades pertinentes às reuniões mediúnicas, auxiliando nos processos de desobsessão, desmanche de trabalhos de magia, etc. Além disso, como nos foi dado a observar, há uma infinidade de médiuns espíritas que têm como guias espirituais entidades que se apresentam sob variados arquétipos, como Marinheiros, Exus, Pombagiras, Erês, Ciganas... Consequentemente, quando esses medianeiros participam de suas respectivas reuniões nas casas espíritas, seus mentores também estão presentes, buscando auxiliá-los conforme os trabalhos em andamento. Da mesma forma, os Espíritos benfeitores que trabalham nas casas espíritas – como Bezerra de Menezes e outros – também costumam colaborar em variados núcleos espiritualistas ou religiosos, tal qual os templos evangélicos, igrejas católicas, mosteiros, etc. BEZERRA DE MENEZES COMO UM PRETO-VELHO? Pela psicografia de João Nunes Maia, o autor espiritual Lancellin conta-nos uma história onde a equipe espiritual que ele faz parte, sob a supervisão do benfeitor Miramez, colabora em um trabalho espiritual de matriz africana ( Iniciação – Viagem Astral ; cap. Aprimorando ideias). Em seu livro Loucura e Obsessão, Manoel Philomeno de Miranda – por meio da mediunidade de Divaldo Franco – relata um curioso caso em que o médico dos pobres, Dr. Bezerra de Menezes, realiza um atendimento em um templo umbandista sob o arquétipo de um preto-velho. Casos semelhantes aos descritos acima são bastante frequentes na literatura e na prática espírita. Entretanto, devido ao preconceito ainda enraizado em nossa cultura, diversos núcleos, autores e oradores espiritistas, optam por manter-se discretos sobre esses assuntos, evitando comentar a participação ativa dessas entidades nas casas e reuniões propriamente espíritas. Lamentavelmente, o preconceito e a intolerância religiosa ainda prevalecem na maioria das instituições kardecistas (sob o uso do termo kardecista , vide questão 44 ). Como efeito, entidades que não apresentam o perfil do homem branco ou de ancestralidade europeia são discriminadas e rejeitadas ao se manifestarem nas reuniões espiritistas. Apesar disso, esses Espíritos iluminados e compassivos continuam a nos ajudar, adotando aparências que nos tragam a sensação de simpatia e confiança. Acerca do preconceito e da intolerância acima citados, não nos referimos à doutrina espírita em si, mas sim às pessoas que lideram instituições e núcleos espiritistas e que, eventualmente, ainda manifestam atitudes preconceituosas, comportamentos elitistas ou qualquer pensamento contrário aos ensinos do Cristo (que tem como base o amor, a caridade e o respeito para com o próximo). ARQUÉTIPOS Ao usarmos a expressão arquétipo (do grego arkhétypon ; do latim archetypum ) no contexto espiritual, estamos nos referindo a um conceito presente nas religiões de matriz afro-brasileira. Nesses segmentos religiosos, cada entidade se manifesta usando a roupagem fluídica que melhor expressa a sua linha de trabalho, isto é, que reflita as características pertencentes ao seu estado evolutivo, como a bondade e sapiência, a caridade e o amor, a sabedoria e a humildade... É importante frisar que estas entidades que se apresentam sob a aparência de índios, ex-escravizados e ciganas, por exemplo, não necessariamente foram – em encarnações pretéritas – estas personalidades. Voltando ao exemplo acima, referente ao Dr. Bezerra de Menezes, veremos que o benfeitor espírita aqui mencionado, em sua última encarnação, atuara como médico. Este fato não lhe impediu de colaborar espiritualmente em um terreiro de umbanda sob a roupagem de um Preto-Velho, ou seja, um Espírito de um ex-escravizado que geralmente se apresenta com linguagem simples e sábia, com humildade e paciência, com amor e carinho. Entretanto, não esqueçamos a velha sabedoria popular: as aparências enganam! E como enganam! Kardec, em seus escritos, já nos alertava sobre as artimanhas de Espíritos levianos, inteligentes e astutos, que, estando moralmente atrasados, se disfarçam de figuras ilustres (com nomes veneráveis) e empregam palavras rebuscadas para ludibriar e iludir o agrupamento mediúnico. COMO SABER SE UM ESPÍRITO É DE ORDEM ELEVADA OU INFERIOR? Reconhece-se um espírito por sua linguagem, assim nos orientou Allan Kardec. Segundo o codificador, por meio da obra Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas , os Espíritos de ordem elevada – que são verdadeiramente superiores e bons – apresentam linguagem sempre digna, nobre, lógica e isenta de contradições ou palavras inúteis; suas comunicações refletem sua sabedoria, a benevolência, a modéstia e a mais pura moral. Já os Espíritos menos evoluídos, marcados pela vaidade, orgulho ou pela ignorância, frequentemente compensam a superficialidade de suas ideias com um discurso excessivo e vazio. Pensamentos equivocados, máximas contrárias à moral, conselhos insensatos, expressões grosseiras ou fúteis, enfim, qualquer indício de malevolência, presunção ou arrogância, são sinais inequívocos da inferioridade de um Espírito. Além da linguagem, ideias e conceitos, a impressão física/orgânica que os Espíritos emanam ao se aproximarem dos médiuns — ou de pessoas mais sensíveis — podem revelar o seu grau de desenvolvimento e adiantamento espiritual. A aproximação de um Espírito superior é sempre acompanhada por uma sensação boa e agradável, um sentimento de paz e quietude, alegria e bem-estar, bom ânimo e tranquilidade. Já as entidades menos evoluídas, ao se aproximarem dos médiuns, despertam-lhes um abalo desagradável, incidindo em um mix de desânimo e irritabilidade, bem como, perturbações psíquicas e orgânicas, dentre outras percepções negativas. LINGUAGEM ERUDITA x LINGUAGEM SIMPLES Ao mencionar o termo linguagem , Kardec se referia ao conteúdo moral da mensagem exposta pelo Espírito comunicante, e não a sua forma de falar, isto é, se a mesma é rebuscada, culta, erudita, simples ou regional. Muitos são os que apresentam o pensamento errôneo ao acreditar que uma entidade que se manifesta com um teor acentuado de boa oratória, é por isso mais elevada do que aquelas que se comunicam de maneira mais simples ou fora da norma culta. Frequentemente, esse é o argumento inicial utilizado pelos dirigentes espíritas ao rejeitarem a manifestação de entidades que, segundo as suas observações, não seguem o padrão convencional de linguagem. Para finalizarmos, os Espíritos esclarecidos e elevados, despojados de quaisquer formalismos terrenos, preocupam-se primordialmente com o teor da mensagem que desejam transmitir. Muito mais do que impressionar pelo tipo de linguagem utilizada, estes Espíritos – nobres e superiores – atentam-se ao conteúdo moral da mensagem que visam repassar, tornando-a compreensíveis a todos, independentemente de ser culta, erudita, coloquial, formal, regional, popular, dentre outras. ( Mediunidade: Desafios e Bênçãos | Manoel Philomeno de Miranda, pela psicografia de Divaldo Franco). EXU NÃO É DIABO Muitas pessoas também acreditam, equivocadamente, que essas entidades representam o mal. Essas crenças fazem parte de um preconceito enraizado em nossa sociedade, que supervaloriza a cultura europeia e do homem branco, enquanto demoniza tudo o que tem origem africana e/ou está ligado ao homem negro e sua ancestralidade. No livro Prazer, Umbanda! , o autor e cientista religioso Bernardo D'Oxóssi destaca que ao contrário do que muitos acham ou falam até hoje, Exu não faz o mal. Na verdade, essa imagem de fazedor do mal se deve a influência Católica na colonização e formação político-social do Brasil, onde Exu foi logo associado ao Diabo e essa ideia foi reforçada através da ligação do arquétipo Exu aos demônios da Goetia europeia nos primórdios da Umbanda e da Kimbanda. De fato, certas vertentes mediúnicas têm como objetivo a prática do mal, como é o caso da Kiumbanda ou Quiumbanda (não confundir com a Kimbanda). A Kiumbanda trabalha espiritualmente com Espíritos conhecidos como Kiumbas. Esses Kiumbas, quando encarnados, já praticavam a maldade e, agora, no plano espiritual, continuam a agir de forma maléfica por livre e espontânea vontade, compreendendo plenamente suas ações. Em resumo, os Kiumbas são Espíritos que sentem prazer em praticar o mal e se deleitam com cada oportunidade de atormentar os encarnados, fazendo isso sem medir esforços. Já a Umbanda possui três conceitos fundamentais que são: Luz, Amor e Caridade. À semelhança do Espiritismo, na Umbanda não há nenhuma prática do mal. Para os Umbandistas, Jesus também é tido como referência central, modelo e guia. Desse modo, a prática da caridade, o amor fraternal e o Evangelho de Jesus são os seus pilares centrais. EMMANUEL COMO SENADOR ROMANO Sabemos ainda que os Espíritos que se apresentam sob as vestes da simplicidade cabocla ou africana, por exemplo, não se apresentam dessa maneira por estarem presas ao seu passado, mas por escolha própria. Da mesma forma, encontraremos o benfeitor Emmanuel – guia espiritual de Chico Xavier – sob a aparência do senador romano Publius Lentulus (uma de suas reencarnações). É sabido que Emmanuel reencarnou outras vezes, seja como padre, bispo, escravizado, educador, dentre outras, mas, que prefere apresentar-se sob a figura da sua encarnação romana, à época de Jesus. O que não significa que ele esteja preso a essa encarnação ou aparência, muito menos seja considerado inferior por isso; é apenas a forma, o molde que ele prefere se apresentar. USO DE CACHIMBOS E VELAS NA CASA ESPÍRITA? Há um argumento recorrente entre os dirigentes espíritas para impedir a manifestação de entidades que, segundo eles, não se alinham ao padrão europeu de civilidade . Para tais dirigentes, esses Espíritos – popularmente associados a outras vertentes mediúnicas, como umbanda e candomblé – são considerados inferiores por utilizarem cachimbos, bebidas, velas, defumadores, etc. Entretanto, o uso desses elementos não denota nenhuma inferioridade. O álcool, por exemplo, utilizado geralmente pelos Exus e Pombagiras, é usado para garantir a integridade energética do médium (e não do Espírito). Já o fumo, comumente associado aos Pretos-Velhos, costuma ser utilizado como meio de descarrego, dispersando as energias malsãs (equivalente ao passe espírita). Desse modo, podemos concluir que essas entidades não bebem ou fumam, elas manipulam com maestria as energias fluídicas desses elementos, usando-as para variados fins. Esses mesmos Espíritos que se utilizam dessas ferramentas em seus atendimentos, quando se apresentam para trabalhar em outros ambientes – como as casas espíritas –, na qual esses hábitos não são aceitos ou não são de costume, realizam seus trabalhos da mesma maneira, sem necessariamente terem estes elementos em mãos, ao seu dispor. É dessa forma que estas linhagens espirituais também trabalham nos centros espíritas, respeitando a cultura e o modo de trabalho de cada lugar. FRANZ MESMER COMO VOVÔ PEDRO Para refletirmos sobre nossos preconceitos, é fundamental lembrar da origem da Pomada Vovô Pedro, que ainda hoje proporciona cura e alívio a diversas enfermidades, incluindo a hanseníase. No início da década de 1970, o médium João Nunes Maia acabara de psicografar a obra Além do Ódio , pelo Espírito Sinhozinho Cardoso. A pedido da espiritualidade, o livro foi lançado na colônia de hansenianos Santa Isabel (Betim/MG), na qual todas as famílias presentes receberam um exemplar da obra gratuitamente. Ao término do evento, um cortejo de Espíritos desencarnados, sob a visão mediúnica de João Nunes Maia, adentrou o salão. Dentre os Espíritos que se mostraram visivelmente como ex-escravizados, um deles ganhou destaque especial. Assinando sob o nome de Vovô Pedro, esse Espírito ditou a receita de uma pomada que, por apenas um preço – Deus lhe pague – se tornaria um símbolo de cura. Anos depois, ao visitar a Biblioteca Municipal de São Paulo, em posse de uma enciclopédia, o médium João Nunes Maia se depara com uma fotografia que lhe chama a atenção, reconhecendo ali, naquela imagem, a figura do Espírito Vovô Pedro. Eis que surge – em Espírito –, o criador da teoria do magnetismo animal (mesmerismo), o médico, teólogo, linguista e filósofo austríaco Franz Mesmer, que diante de João Nunes Maia revela o seu verdadeiro nome (referente à sua última encarnação conhecida). Portanto, o Espírito que outrora apresentou-se com um nome sem elegância , rodeado por ex-escravizados , ditando uma fórmula simples para uma pomada simples (como costumava chamar), era na verdade, um dos personagens mais ilustres da nossa história, um Espírito de escol, responsável por trazer a lume os estudos referentes aos fluidos e a cura pelas mãos; a posteriori, o seu trabalho influenciou diretamente os estudos e pesquisas de Allan Kardec, cujas obras da codificação mencionam diretamente – e por diversas vezes – o magnetismo descrito por Mesmer, além da atribuição de três mensagens mediúnicas escritas/ditadas por Mesmer, publicadas nas edições de janeiro de 1864, outubro de 1864 e maio de 1865 da Revista Espírita. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 4: O Médium e a Casa Espírita Pergunta 47: Espíritos de outras tradições espiritualistas podem trabalhar em Centros Espíritas? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MAIA , João Nunes (psicografia). Iniciação Viagem Astral. Lancelin (espírito). Fonte Viva, 22ª edição, 2017. FRANCO , Divaldo Pereira (psicografia). Loucura e Obsessão. Manoel Philomeno De Miranda (espírito). FEB Editora, 2016. KARDEC , Allan. Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas. Tradução de Salvador Gentile. IDE Editora, 2012. FRANCO , Divaldo Pereira (psicografia). Mediunidade: Desafios e Bênçãos. Manoel Philomeno De Miranda (espírito). Editora LEAL, 2019. D'OXÓSSI , Bernardo. Prazer, Umbanda!: História, Conceitos e Teorias. Reconecte Produções, 2021.
- 24. Médium pode ir pra balada? Há lugares que o médium deve evitar?
Com bastante frequência costumamos ouvir relatos de diversos médiuns com relação às suas ausências em determinados ambientes. Muitos dizem possuir uma mediunidade forte e devido a isso não podem ir, por exemplo, ao Centro da sua cidade ou quaisquer outros locais que possuam um grande número de transeuntes, devido a sensação de mal-estar que os mesmos sentem ao adentrarem ou passarem por esses espaços. Mas será, de fato, que se trata de uma mediunidade forte ou de uma mediunidade em desequilíbrio? O ambiente realmente interfere no psiquismo do médium? A mediunidade interfere na vida social do medianeiro, privando-o da convivência de certas pessoas e lugares? Como nos adverte o Espírito Miramez por meio do livro Médiuns , psicografia de João Nunes Maia, o médium é sempre influenciado pelo ambiente . Cada ambiente possui uma energia – egrégora – que lhe é própria, plasmada pelos seus ocupantes e o meio ao qual se destina. Logo, encontraremos locais cujo magnetismo é salutar, benéfico e balsâmico, enquanto outros, possuirão uma energia enfermiça, nociva e prejudicial. (ver questão 96) Nos lares e espaços onde a prece, a conduta reta e o pensamento elevado se fazem presentes, encontraremos um ambiente repleto de fluidos regeneradores, benéficos e reconfortantes. Em contrapartida, nas casas e demais espaços onde a invigilância e todos os tipos de vícios, brigas, desequilíbrios e excessos se manifestam, encontraremos um ar pesado , impregnado de um magnetismo menos agradável. INFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS Segundo Kardec², os Espíritos estão em toda parte, ao nosso lado, acotovelando-nos e observando-nos sem cessar. Ao desencarnarem, os Espíritos não se transformam ou santificam-se automaticamente, mas dão continuidade as mesmas práticas que faziam em Terra. Se eram pessoas que exercitavam o bem, a caridade, o desapego e buscavam se melhorar a cada dia, sem dúvidas continuarão essa prática na erraticidade; se eram mesquinhos, ciumentos, presos aos vícios e as futilidades enquanto encarnados, estes também continuarão procurando por suas paixões no plano espiritual. Dessa maneira, encontraremos nos bares, boates e botecos, Espíritos ainda presos aos prazeres da matéria, vampirizando – e até mesmo subjugando – seres encarnados para suprirem e saciarem os seus desejos. Esse fenômeno também ocorre, de modo geral, em qualquer outro ambiente regado à bebedeira desenfreada e propósitos inferiorizados, onde entidades de baixo teor vibracional incitam os desvarios de toda ordem. De modo similar, os Espíritos sexualmente desequilibrados buscam os motéis e prostíbulos (até mesmo a nossa própria casa, a depender da nossa conduta) para participarem das relações sexuais ocorridas nesses ambientes e assim, satisfazerem suas vontades. Processo semelhante também ocorre com todos os tipos de vícios ou compulsões, sejam eles quais forem (alimentação, compras, acumulação, etc). SENSAÇÃO DE MAL-ESTAR Certamente, como nos disse Miramez, o ambiente influencia diretamente o médium, e este, por sua vez, é livre para escolher e identificar, sem romantização ou o sob o rótulo da mediunidade sofredora , quais espaços se sente à vontade para frequentar e permanecer. Até mesmo o médium experiente e equilibrado, que já consegue discernir o que provém dele próprio, do ambiente ou de uma entidade enfermiça, que já aprendeu a se proteger contra as energias e a influenciação maléfica, volta e meia sente o baque ao adentrar em certos locais. Muitas vezes isso decorre de uma brecha dada pelo medianeiro, seja por meio de um pensamento ou uma série de atitudes; ou mesmo por não estar tão bem equilibrado naquele dia; ou pela ação dos benfeitores que, aproveitando a presença do médium naquele espaço, socorrem os Espíritos que ali estejam em condição para tal. (ver questão 32) Dessa forma, cada pessoa é responsável por seus atos e pelas companhias espirituais que elege pra sua vida. O médium que ainda se compraz em bebedeiras, farras ou outros desregramentos, certamente está envolto em companhias de mesmo teor vibratório. O medianeiro que se deixa arrastar, cedendo a comportamentos inferiorizados, aceitando convites para frequentar ambientes cujos propósitos são contrários ao equilíbrio e harmonia, sem dúvidas é um ser debilitado, que ainda não compreendeu a marcha evolutiva da vida, assim como a responsabilidade do labor mediúnico, carecendo dessa forma de amparo e compaixão. Vejamos o que diz Hermínio de Miranda, em Diversidade dos Carismas , a este respeito: “Nem a prática espírita em geral, nem a mediunidade em particular, exige como condição preliminar um estado de santidade de todos e de cada um. Se assim fosse, não haveria ninguém entre nós, ou seriam raros aqueles em condições de exercer tais atividades. O importante em tudo isso é que não nos deixemos arrastar pelos chamamentos da inferioridade que remanesce em nós, em decorrência de antigas e recentes atitudes equívocas ou francamente desarmonizadas. ” Ser médium do bem exige um esforço próprio para seguir as recomendações expostas no Evangelho de Jesus, educando assim, os nossos sentimentos e domando as nossas más tendências. O médium deve ser como uma flor de lótus, que mesmo entre a lama, permanece limpa. Muitos são os que desejam o dom da mediunidade, mas poucos estão dispostos a percorrerem o caminho da disciplina e da reforma moral. Em uma palavra, o médium bem-educado nas lides espirituais já consegue discernir por si próprio quais tipos de ambientes lhes são caros e quais deve evitar. Sabe também que, por maior que seja sua educação mediúnica e seu autoconhecimento, isso não o isenta de sofrer o revés que ambientes mais pesados podem lhe infligir; entende ainda que certos locais como motéis, prostíbulos, bares, boates, dentre outros, não possuem proteção espiritual, estando os seus frequentadores mais acessíveis as influências e ataques espirituais, bem como da própria egrégora ali presente. VIVENDO EM ISOLAMENTO? A faculdade mediúnica está presente na vida do seu portador 24h por dia, não se restringindo aos dias e as reuniões no centro espírita. Sendo assim, onde estiver, o medianeiro sempre será influenciado pela energia daquele ambiente – seja ela benéfica ou malsã –, bem como, pelas entidades ao seu redor. (ver questão 66) O médium, por possuir uma predisposição que o habilita ao contato mais direto com o mundo espiritual, é sempre mais visado e perseguido para ceder às suas más inclinações e assim, satisfazer as entidades desequilibradas e viciosas que o cerca nesses ambientes, ou que lhe induz a frequentar certos locais cujo magnetismo é propício – devido a influência que exerce sobre o sujeito - para o grave arremate. Dito isto, convidamos os médiuns a utilizarem sempre do bom senso em todas as decisões que pretendam tomar, assim como os locais que desejam frequentar. Dessa forma, ele perceberá que a mediunidade não o torna cativo de nenhuma prisão, e que todo medianeiro é dotado de uma vida igual aos demais. A única diferença é que o médium vigilante sabe reconhecer quais locais lhe são benéficos e quais ambientes deve evitar. Como Kardec acentuou em O Evangelho Segundo o Espiritismo , no tópico O homem no mundo: "Não julgueis, todavia, que, exortando-vos incessantemente à prece e à evocação mental, pretendamos vivais uma vida mística, que vos conserve fora das leis da sociedade onde estais condenados a viver. Não; vivei com os homens da vossa época, como devem viver os homens. Sacrificai às necessidades, mesmo às frivolidades do dia, mas sacrificai com um sentimento de pureza que as possa santificar." Isto é, nenhum médium é chamado a viver em isolamento, em estado de santidade e em constante oração , privado da convivência das pessoas que lhe são caras ou do lazer sadio. E mesmo quando as circunstâncias o levarem a estar em um ambiente cujo magnetismo é inferior, que sua presença ali seja digna e equilibrada, com especial atenção para que sua consciência esteja sempre limpa e que nenhum dos seus atos ou pensamentos macule o seu caminhar. Para isto, basta elevar o pensamento a Deus em tudo o que for fazer, aonde quer que esteja. Em outras palavras, o médium é livre para escolher os ambientes que melhor lhe aprouver, não devendo privar-se em participar dos aniversários em família, assim como qualquer outro evento social, muito menos isolar-se, sem sair para lugar algum, por mero medo das influências e companhias espirituais que possa granjear nesses âmbitos. Entretanto, o medianeiro deve, além de educar à sua faculdade por meio do estudo, reconhecer quais convites lhe são tentadores (aparentemente inofensivos, mas que podem ser armadilhas sutis de desafetos do passado), distinguindo aquilo que verdadeiramente lhe convém, bem como, aprender a proteger-se espiritualmente ao entrar em certos locais. (ver questão 78) CONDUTA EQUILIBRADA O médium desejoso de servir na seara de Jesus deve buscar uma conduta equilibrada, sem leviandade ou outros comportamentos inferiores. Seguindo estes preceitos, firme e forte na sua autocorrigenda, buscando melhorar-se constantemente, o médium conquista a afeição dos bons Espíritos, dos seus guias e mentores. Por outro lado, quando o médium permanece em desequilíbrio, indiferente a sua reforma íntima ou aos compromissos sérios do labor mediúnico, apresentando comportamento contrário a moral e a dignidade, torna-se um companheiro necessitado de compaixão e assistência, ficando de fora dos trabalhos organizados pela espiritualidade superior, não como castigo ou punição, mas sim, porque não apresenta minimamente nenhum requisito para as atividades mediúnicas que servem em nome do amor e da caridade. Afinal, como um indivíduo que ainda não se presta ao mínimo esforço para se corrigir ou se melhorar, ou que não demonstra a ínfima inclinação para tal poderá contribuir nas atividades mediúnicas, tarefas essas que exigem devotamento, renúncia, luta e abnegação? Voltamos a repetir, mediunidade é coisa santa e séria, e como tal, deve ser praticada santamente, seriamente e disciplinadamente. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 3: Prudência Mediúnica Pergunta 24: Médium pode ir pra balada? Há lugares que o médium deve evitar? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MAIA , João Nunes (psicografia). Médiuns. Miramez (espírito). Fonte Viva, 19ª edição, 12017. ¹ XAVIER , Francisco Cândido. Missionários da Luz. André Luiz (espírito). FEB Editora, 2018. ² KARDEC , Allan. O que é o Espiritismo. FEB Editora, 2016. MIRANDA , Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição. KARDEC , Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile. 21ª edição. Editora Boa Nova, 2017.
- 37. Quantos dias por semana o médium pode participar das atividades no Centro Espírita?
A atividade mediúnica, assim como qualquer outra, se realizada em demasia pode gerar um imenso desgaste. No caso da mediunidade, esse desgaste será energético, repercutindo no corpo físico, mental e espiritual. Portanto, cada médium deve saber reconhecer em si, em seus diversos corpos, os sinais de fadiga e cansaço. Geralmente observamos o número de uma ou duas reuniões semanais na qual o médium se faz presente, sem que apresente nenhum sinal expressivo de esgotamento ou exaustão. Dessa maneira, conhecendo os limites do seu psicossoma, o medianeiro poderá – com segurança – trabalhar ou ausentar-se das reuniões e demais atividades espirituais em prol do seu equilíbrio. QUANTIDADE x QUALIDADE É bem mais válido um médium que participa de apenas uma atividade semanal na casa – mas que é sempre pontual, que se prepara física e mentalmente para o labor, que se dedica com afinco e esmero ao exercício de amparo aos Espíritos sofredores, que traz consigo o sentimento de amor e caridade –, ao invés de estar presente em três ou quatro encontros semanais, sem o mesmo rendimento ou comprometimento. O médium espírita deve trazer sempre consigo o prazer de trabalhar pelo simples objetivo de ser útil, e nunca, o trabalhar porque se sente obrigado ou temeroso de ausentar-se das atividades medianímicas, por medo de represálias espirituais. Cabe ainda ao medianeiro não se deixar envolver em um processo auto-obsessivo, alegando que sua mediunidade é muito forte e, caso não trabalhe mediunicamente todos os dias da semana, irá sentir dores, perseguições de Espíritos inferiores, dentre outras distorções cognitivas e emocionais. Infelizmente os fatos descritos acima não são isolados e ocorrem em diversas casas espíritas. Veremos ainda, com bastante frequência, esse tipo de médium ser orientado por seus instrutores e dirigentes para manter a sua permanência em apenas uma ou duas mediúnicas semanais. Não satisfeito com as orientações sabiamente oferecidas, o médium começa a procurar outras casas espíritas e/ou espiritualistas para a atividade espiritual, passando a trabalhar de modo concomitante em variados centros espíritas e/ou templos espiritualistas. Esse tipo de médium quando questionado sobre o porquê dessa necessidade exaustiva de trabalho, costuma responder que caso se ausente de suas atribuições, as mesmas não irão se sustentar e chegarão ao fim, pois ele é o pilar das mesas mediúnicas em que participa. Para sanar esse desequilíbrio, que tem como base uma auto-obsessão, além de demonstrar sinais inequívocos de um quadro fanático/obsessivo, cabem aos dirigentes e demais coordenadores das casas em que esse médium frequenta, a orientação adequada e o encaminhamento para o atendimento espiritual e desobsessivo, bem como o seu afastamento temporário das atividades em que se enxerga como sustentáculo indispensável, além do diálogo entre as casas/templos que ele frequenta, visando sempre o seu reequilíbrio e bem-estar. EQUILÍBRIO Allan Kardec destaca em O Evangelho Segundo o Espiritismo que o médium não deve fazer da sua mediunidade uma profissão, isto é, recebendo qualquer pagamento ou benefícios por seus serviços prestados, mesmo que esse, por sua própria conta, venha dispor integralmente do seu tempo para às atividades de assistência e intercâmbio espiritual. Diz ainda que o médium deve consagrar somente o tempo que materialmente possa dispor para a realização de suas atividades na seara espírita. Como bem sabemos, todo excesso, por melhor intencionado que possa ser, gera uma série de transtornos e desequilíbrios... Quando alguém dedica uma maior parte do seu tempo apenas para uma área da sua vida, pode ser que as demais estejam sendo negligenciadas e, em algum momento, gere um transtorno maior para aquele cujo foco esteve presente em apenas um único ponto, nesse caso, a espiritualidade. Se um médium dedica vários dias da sua semana ao labor na casa espírita, pode ser que ele esteja sendo omisso ou relapso com as demais áreas da sua existência, como a família, sua própria saúde, seu relacionamento amoroso, sua carreira profissional e educacional, sua vida social, amigos, etc. Um ser pleno é aquele que mantém todas as áreas da sua vida em equilíbrio, da espiritual à social, da familiar à profissional, dentre outras. Do que adianta o médium ou qualquer outro trabalhador espírita frequentar diariamente o centro em que trabalha, ajudando aqueles que necessitam se, dentro da sua própria casa, há pessoas que reclamam a sua ausência, desde um filho que sente saudades do pai/mãe (que não participa do seu crescimento e sua educação), bem como do cônjuge que nunca dispõe de tempo para a convivência familiar ou social? Em outros casos, do que vale participar de todas as atividades da casa espírita enquanto o seu trabalho profissional está pendente (sendo quase demitido por não realizar integralmente as tarefas que lhe é destinada); suas notas na faculdade deixam a desejar (por não dispor de tempo para fazer os trabalhos acadêmicos); ou que sua saúde está comprometida e sua qualidade de vida em declínio? Em síntese, podemos observar que, até mesmo os grandes médiuns que reencarnaram como missionários, para exercer o seu mandato mediúnico, trabalharam em seus ofícios profissionais de modo contínuo, dedicando a causa espírita somente o tempo que lhe era possível, sempre em equilíbrio. Com exceção dos médiuns celibatários ( vide questão 25 ), os demais missionários possuíam família, vida social, exerciam suas demais atividades e buscaram viver sempre da forma mais plena possível. O QUE DIZ ALLAN KARDEC? Por fim, no que tange ao limite de trabalho e do repouso, trazemos as sabias palavras de Kardec e dos bons Espíritos extraídas de O Livro dos Espíritos . PERGUNTA 682 . Sendo uma necessidade para todo aquele que trabalha, o repouso não é também uma lei da natureza? RESPOSTA DOS ESPÍRITOS: “Sem dúvida. O repouso serve para a reparação das forças do corpo e também é necessário para dar um pouco mais de liberdade à inteligência, a fim de que se eleve acima da matéria.” PERGUNTA 683 . Qual o limite do trabalho? RESPOSTA DOS ESPÍRITOS: “O das forças; quanto ao resto, Deus deixa livre o homem.” Em O Livro dos Médiuns , Kardec também trata desse assunto ao questionar: ITEM 221 2a: O exercício da faculdade mediúnica pode causar a fadiga? RESPOSTA: “O exercício muito prolongado de toda faculdade leva à fadiga. A mediunidade está no mesmo caso, principalmente aquela que se aplica aos efeitos físicos. Ela ocasiona necessariamente um gasto de fluido que leva à fadiga e que se repara pelo repouso.” ITEM 221 3a: O exercício da mediunidade pode ter inconvenientes em si mesmo no ponto de vista da saúde, abstração feita do abuso? RESPOSTA: “Há casos em que é prudente, necessário mesmo, abster-se ou ao menos moderar o uso; isso depende do estado físico do médium. O médium sente, geralmente, quando está cansado, então deve abster-se." Como costumamos dizer, aqui não estamos impondo regras ou normas a serem seguidas, diretrizes ou quaisquer outras imposições na vida do médium ou de quaisquer outros trabalhadores, sejam eles da seara espírita ou não. Nos limitamos somente a expor algumas explanações, buscando referenciar, sempre que possível, o que estamos abordando, para que o próprio sujeito, de acordo com as suas possibilidades e compreensão, escolha por si só aquilo que melhor lhe convém e o que deseja seguir de acordo com o seu livre arbítrio. Mas uma coisa é inegável: Na vida, equilíbrio é tudo! Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 4: O Médium e a Casa Espírita Pergunta 37: Quantos dias por semana o médium pode participar das atividades no Centro Espírita? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KARDEC , Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile. 21ª edição. Editora Boa Nova, 2017. KARDEC , Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB; 93ª edição. Rio de Janeiro, 2014. KARDEC , Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004.
- 13. Como saber se sou médium ostensivo?
Como vimos, a sede da mediunidade está localizada no perispírito. Até o presente momento, não conhecemos – ou ainda não existe – quaisquer aparelhos no plano terrestre que tenha acesso ao nosso corpo espiritual. Sendo assim, não há indícios físicos e tangíveis que façam distinções entre um médium ostensivo e um não ostensivo. Para melhor compreensão acerca do tema proposto, segue abaixo o dialogo entre Allan Kardec ( A. K.) e o Visitante ( V.) , descrito no capítulo 1 do livro O Que é o Espiritismo, no qual a mediunidade é o tópico central: V. – Há algum sinal pelo qual se possa reconhecer a posse dessa aptidão? A. K. – Até o presente não se conhece um diagnóstico para a mediunidade; todos os que julgamos descobrir, são sem valor; experimentar é o único meio de saber se a faculdade existe . O sexo, a idade e o temperamento são indiferentes; eles aparecem entre os homens e mulheres, entre crianças, velhos, doentes e pessoas sadias. [...] Sua causa física está na assimilação, mais ou menos fácil, dos fluidos perispirituais do encarnado e do Espírito desencarnado. AUTOANÁLISE Muitos são os que se interessam pelos fenômenos mediúnicos sem se atentarem para a responsabilidade que essa faculdade traz. Há também quem deseja descobrir se possuí algum tipo de mediunidade ostensiva, apenas por uma vã curiosidade, como se a mediunidade fosse destinada a pessoas especiais, facultando ao seu portador algum título de grandeza, poder, status, etc. Desse modo, antes da experimentação proposta por Kardec, é necessária uma autoanálise. Essa autoanálise deve ser pautada na sinceridade que o indivíduo traz de si para consigo, questionando-se – de forma honesta – se esse interesse em relação a mediunidade é genuíno, no sentido de estar vendo ou ouvindo Espíritos, assim como, sentindo presenças extrafísicas; ou se tal busca parte apenas de uma mera curiosidade passageira. O Espiritismo , segundo Allan Kardec ( Revista Espírita , agosto de 1863), desaprova toda experiência de pura curiosidade, feita com o propósito de distração, pois não nos devemos divertir com essas coisas. Ou seja, se a tua consciência te acusa a curiosidade infrutífera, interessada em divertimentos fenomênicos, te recomendamos buscar outra área de interesse, pois, nem o Espiritismo nem a mediunidade são pautas para brincadeiras. Porém, caso algumas percepções estejam realmente em afloramento, manifestando-se com maior intensidade, prosseguimos para a experimentação já citada aqui por Kardec. EXPERIMENTAÇÃO A experimentação – geralmente em um curso de educação mediúnica – deve ocorrer sempre em uma casa espírita , acompanhada de perto por instrutores encarnados experientes, membros do corpo regular de trabalhadores do centro espírita, na área mediúnica. No decorrer do curso de desenvolvimento mediúnico, após um estudo prévio sobre Espiritismo e mediunidade, passamos para a parte prática, onde aqueles que possuem mediunidade ostensiva vão aos poucos revelando os pormenores da aproximação de certas entidades, sendo que cada médium possuí seu tempo próprio para aflorar e desenvolver seu mediunismo. Após o curso de educação mediúnica, aqueles que não demonstraram – a priori – mediunidade evidente ou que não se manifestou no período reservado para esse fim, passam a integrar o grupo de trabalhadores, caso queiram, em outras funções, tais como, dialogador, passista ou médium de apoio. A este respeito, o autor espírita Hermínio C. Miranda – em Diversidade dos Carismas –, complementa: “Qualquer que seja, porém, o tipo de mediunidade em desenvolvimento, é preciso que o médium em formação promova um severo e honesto autoexame , a fim de identificar em que aspectos de comportamento precisa mudar e que eventuais virtudes ou qualidades pessoais devem e podem ser revigoradas. E para isso também uma boa dosagem, de humildade será de vital importância.” Isto é, para além da autoanálise seguida da experimentação (e consequentemente, do estudo sério da mediunidade), o médium que deseja trilhar seguramente o intercâmbio com os Espíritos, deve acrescentar ao seu roteiro de vida , uma dosagem considerável de humildade, a fim de não se deixar levar por fantasias, excitações desnecessárias, melindres, deslumbramentos, entre outros comportamentos desastrosos, além de iniciar seu processo de reforma íntima (elevando a sua moralidade através de pensamentos e comportamentos sadios). PROCURANDO À CASA ESPÍRITA Diariamente, inúmeras pessoas procuram às casas espíritas em busca de ajuda e informações em relação à mediunidade, pois ouviu alguém dizer que ela era médium. Um ponto importante, nesse aspecto, é que realmente o centro espírita é o melhor lugar para se obter suporte referente a esses casos, mas não podemos deixar de informar aos que buscam essas páginas para instrução, que tenham sempre prudência ao dar ouvidos a tudo o que escutam. A experiência vem nos mostrando que há sim, médiuns ostensivos bastante experientes, íntegros e com vidência apurada, que dependendo da situação, podem perceber se aquela pessoa é portadora de mediunidade ou não; porém, o médium educado nas lides espirituais jamais sairá falando tudo o que enxerga ou causando alarde às pessoas à sua volta, mesmo que seja com a melhor das intenções . E também há aqueles que – por desconhecerem a racionalidade proposta por Kardec – colocam tudo na conta da espiritualidade, de um tropeço ao arrepio, tudo é culpa dos obsessores, das energias negativas, tudo é mediunidade, tudo é espiritual. Sendo assim, como recomendou sabiamente Kardec, experimentar é sempre o melhor caminho, senão o mais confiável ; todas as demais fórmulas de atestar a mediunidade não são seguras, muito menos confiáveis e cabíveis de contestações. RESPONSABILIDADE MORAL Em Mediunidade: Desafios e Bênçãos , o autor espiritual Manoel Philomeno de Miranda, pela psicografia de Divaldo Franco, destaca que q uanto mais amplas sejam as possibilidades mediúnicas, mais responsabilidades morais e dívidas a resgatar pesarão na economia evolutiva do medianeiro , que se deve revestir de simplicidade, autoconscientizando-se do muito que deve fazer em favor de si mesmo, vencendo as paixões primitivas e as tendências à prepotência, à dominação, ao exibicionismo que nele predominam. Ou seja, quanto maior for a ostensividade da mediunidade que o indivíduo possuí, maior será a sua responsabilidade, seu comprometimento e a gravidade dos compromissos assumidos a este respeito. Por conseguinte, os médiuns ostensivos, aqueles que facilmente se comunicam com os Espíritos, salvo raras exceções, encontram-se em provações reparadoras. Muitos desses indivíduos se perdem em sua caminhada de automelhoramento e ajuda ao próximo devido ao deslumbramento e à autofascinação aos quais se entregam, tendo como ponto de partida a petulância, a presunção e a invigilância. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 2: Mediunidade Sem Medo Pergunta 13: Como saber se sou médium ostensivo? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KARDEC , Allan. O que é o Espiritismo. FEB Editora, 2016. KARDEC , Allan. Revista Espírita – Jornal de estudos psicológicos – agosto de 1863. Tradução de Julio Abreu Filho. Edicel, 1ª edição, julho de 2002. MIRANDA , Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição. FRANCO , Divaldo Pereira (psicografia). Mediunidade: Desafios e Bênçãos. Manoel Philomeno De Miranda (espírito). Editora LEAL, 2019.
- 57. Como a oração e a vigilância auxiliam no desenvolvimento do médium?
A mediunidade é um dom, uma faculdade que nos é concedida por um acréscimo da misericórdia divina em prol do nosso progresso/evolução espiritual, moral e intelectual. Por ser de caráter neutro, a mediunidade pode ser usada tanto para fins elevados quanto os menos dignos, sendo cada um responsável pelo bom ou mau uso que dela vier a fazer (ou deixar de fazer; afinal, nada nos é dado sem proveito). Dessa forma, o médium que já conseguiu retirar os primeiros véus da ignorância e sente em seu íntimo os compromissos assumidos antes de reencarnar, desejoso de servir abnegadamente na seara de Jesus, deve buscar — de modo primordial — a sua reforma íntima; isto é: uma mudança comportamental que abrange o seu modo de pensar, de agir e de falar... SENSIBILIDADE MEDIÚNICA Sendo o médium um intermediário entre os dois planos, o físico e o espiritual, frequentemente ele é capaz de sentir, perceber e captar as diversas energias em que se encontra envolto. Do ponto de vista evolutivo, a Terra é considerada um planeta de provas e expiações, encontrando-se apenas um degrau acima dos mundos primitivos (destinados às primeiras encarnações do Espírito). Por ainda ser um mundo inferior, em transição para o mundo de regeneração, a Terra encontra-se próxima das zonas umbralinas. Popularmente conhecida como umbral , essas regiões abrigam uma multidão de Espíritos que se aglutinam por afinidade, criando e plasmando telas perturbadoras, de acordo com os débitos contraídos em suas existências pretéritas. Desse modo, nosso planeta está naturalmente imerso em energias negativas e densas, oriundas dos próprios atos e pensamentos de seus habitantes. O homem encarnado, portanto, convive diariamente, apenas em dimensões distintas, com esses seres umbralinos. Devido ao apego às questões materiais, como vícios, luxúria e outras inclinações, esses Espíritos, habitantes das zonas purgatoriais , encontram-se ligados ao orbe terrestre e, consequentemente, aos encarnados que compartilham desses mesmos gostos e pensamentos. Assim, não será difícil compreender a influência direta e indireta que esses Espíritos — e as energias que circulam em nosso planeta — exercem sobre nós. Vale destacar que tanto o homem encarnado quanto aquele que já se despojou da veste carnal desempenham um papel essencial na manutenção energética do planeta onde estagiam. Cada pensamento, palavra ou ação que emanam interfere diretamente na psicosfera terrestre, influenciando-a de forma positiva ou negativa. IMPORTÂNCIA DA VIGILÂNCIA E ORAÇÃO Na obra Nos Domínios da Mediunidade , o autor espiritual André Luiz, pela psicografia de Chico Xavier, destaca a explanação do instrutor Áulus sobre a importância do orar e vigiar, na qual transcrevemos abaixo: “[...] a mediunidade é um dom inerente a todos os seres, como a faculdade de respirar, e cada criatura assimila as forças superiores ou inferiores com as quais sintoniza. Por isso mesmo, o Divino Mestre recomendou-nos oração e vigilância para não cairmos nas sugestões do mal, porque a tentação é o fio de forças vivas a irradiar-se de nós, captando os elementos que lhe são semelhantes e tecendo, assim, ao redor de nossa alma, espessa rede de impulsos, por vezes irresistíveis. ” ( vide questão 56 ) Já em Os Mensageiros (André Luiz/Chico Xavier), o autor espiritual registra a elucidação do benfeitor Aniceto a respeito da relevância da prece: “[...] o trabalho da prece é mais importante do que se pode imaginar no círculo dos encarnados. Não há prece sem resposta. E a oração, filha do amor, não é apenas súplica. É comunhão entre o Criador e a criatura, constituindo, assim, o mais poderoso influxo magnético que conhecemos.” O QUE DIZ KARDEC? A respeito da prece, em O Livro dos Espíritos (questão 660), Kardec indaga: – A prece torna melhor o homem? " Sim, porquanto aquele que ora com fervor e confiança se faz mais forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia bons Espíritos para assisti-lo. É este um socorro que jamais se lhe recusa, quando pedido com sinceridade." Em O Evangelho Segundo o Espiritismo , capítulo 27, Allan Kardec destaca: "Pela prece, o homem atrai o concurso dos Bons Espíritos, que o vêm sustentar nas suas boas resoluções e inspirar-lhe bons pensamentos. Ele adquire assim a força moral necessária para vencer as dificuldades e voltar ao caminho reto, quando dele se afastou; e assim também podem desviar de si os males que atrairia pelas suas próprias faltas." Resumidamente, podemos compreender que o médium invigilante é facilmente manipulado pelos Espíritos inferiores e influenciado, sem grande esforço ou resistência, pelas energias malsãs ao seu redor. A ORAÇÃO ELEVA A VIBRAÇÃO A oração, nesse e em tantos outros contextos, é uma poderosa aliada contra todas as forças do mal, especialmente aquelas oriundas da própria inferioridade moral do médium. Este, por sua vez, por meio da prece sincera, eleva sua vibração e passa a sintonizar com os bons Espíritos, emissários divinos que jamais deixam uma rogativa sem resposta imediata. Através da oração, o médium se reveste de energias benfazejas, capazes de anular e dispersar os fluidos negativos que o influenciavam. Essa prática lhe confere novas forças, ânimo e clareza para resistir a impulsos prejudiciais e a suas más tendências. Em suma, a vigilância, a oração e o hábito dos bons pensamentos são valiosíssimos recursos contra todas as investidas inferiores. Devemos considerar também o trabalho na caridade — em favor do próximo — como uma ferramenta essencial nessa luta contra as mentes menos esclarecidas que tentam dificultar nosso caminho. A vigilância em relação aos nossos pensamentos é fundamental, pois somos as primeiras vítimas de todo pensamento maledicente, bem como de todo mal que endereçamos ao próximo. Sempre que desejamos o mal a outrem, estamos, primeiramente, ferindo a nós mesmos. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 6: Aspectos Morais da Mediunidade Pergunta 48: Como a oração e a vigilância auxiliam no desenvolvimento do médium? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS XAVIER , Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade. André Luiz (espírito). FEB Editora, 2018. XAVIER , Francisco Cândido. Os Mensageiros. André Luiz (espírito). FEB Editora, 2019. KARDEC , Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB; 93ª edição. Rio de Janeiro, 2014. KARDEC , Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile. 21ª edição. Editora Boa Nova, 2017.
- 22. A mediunidade pode levar à loucura?
Allan Kardec já nos alertava em O Livro dos Médiuns – capítulo XVIII – acerca dos inconvenientes e perigos da mediunidade ao dizer: – Os riscos da mediunidade dependem do estado físico e moral de cada indivíduo. Ou seja, o comportamento moral do médium determina a sua felicidade ou o seu padecimento angustioso. – Há médiuns que possuem uma saúde impecável, enquanto outros já são mais debilitados. A causa dessa debilidade não está na mediunidade, visto que a mediunidade não é algo patológico; aqueles são doentes o são por outras causas. – O exercício prolongado da mediunidade, assim como de toda e qualquer faculdade, pode levar a fadiga. É necessário um tempo de repouso para a reposição dos fluidos gastos durante as atividades mediúnicas. – O médium percebe quando está cansado e nesse caso, deve buscar repouso, ausentando-se do exercício mediúnico ou pelo menos, moderando a sua atividade. Isto varia de médium para médium, a depender do estado físico de cada medianeiro. Com relação à loucura, Kardec foi enfático ao perguntar: – A mediunidade poderia causar a loucura? Resposta dos Espíritos: “Não mais que qualquer outra coisa, quando não há predisposição pela fraqueza do cérebro. A mediunidade não causará a loucura, se esta já não existir em germe, mas, se este existe, o que é fácil reconhecer pelo estado moral da pessoa, o bom senso diz que devemos tomar muito cuidado, porque toda causa de abalo pode ser prejudicial.” Segundo o codificador do Espiritismo, há pessoas que devem evitar toda causa de superexcitação, e a prática da mediunidade é uma delas. Portanto, a mediunidade está para todos – já que todos somos médiuns em um determinado grau – mas nem todos estão para a mediunidade. A MEDIUNIDADE É UMA DOENÇA? Em Diversidade dos Carismas , o autor Hermínio C. Miranda informa que “a mediunidade não é doença, nem indício de desajuste mental ou emocional - é uma afinação especial de sensibilidade. Como na música, somente funciona de maneira satisfatória o instrumento que não apresenta rachaduras, cordas arrebentadas, desafinadas ou qualidade duvidosa. [...] Isto quer dizer que não apenas o instrumento tem de estar afinado e em bom estado, mas harmonicamente integrado na orquestra em que atua.” Na supracitada obra, Hermínio de Miranda destaca que “a mediunidade não é um estado patológico e não deve ser exercida à custa da aniquilação da saúde física do médium.” MEDIUNIDADE E DISTÚRBIOS O Espírito Vianna de Carvalho, através da psicografia de Divaldo P. Franco, no livro Médiuns e Mediunidades , capítulo 7, nos esclarece a respeito da mediunidade: “Às vezes, quando do aparecimento da mediunidade, surgem distúrbios vários, sejam na área orgânica, através de desequilíbrios e doenças, ou mediante inquietações emocionais e psiquiátricas, por debilidade da sua constituição fisiopsicológica. Não é a mediunidade que gera o distúrbio no organismo, mas a ação fluídica dos Espíritos que favorece a distonia ou não, de acordo com a qualidade de que esta se reveste. Por outro lado, quando a ação espiritual é salutar, uma aura de paz e de bem-estar envolve o medianeiro, auxiliando-o na preservação das forças que o nutrem e sustentam durante a existência física. A mediunidade, em si mesma, não é boa nem é má, antes, apresenta-se em caráter de neutralidade, ensejando ao homem utilizá-la conforme lhe aprouver, desse uso derivando os resultados que acompanharão o medianeiro até o momento final da sua etapa evolutiva no corpo. ” Complementando seu raciocínio na obra acima exposta, arremata Vianna de Carvalho: “O exercício correto da mediunidade, a educação das forças nervosas, a canalização dos valores morais para o bem, brindam o indivíduo com equilíbrio, harmonia, dele fazendo mensageiro da esperança, operário da caridade e agente do amor, onde quer que se encontre, a serviço da própria elevação espiritual.” Em suma, o exercício saudável da mediunidade não traz consigo problemas. DOENÇAS E ENFERMIDADES Nos casos obsessivos, a simples presença do Espírito vingativo – em desequilíbrio – já é suficiente para dar início a uma série desencadeante de doenças e enfermidades. Quando a doença é originária de alguma debilidade orgânica, ou seja, sem ter inicialmente a influência de obsessores, estes por sua vez, aproveitam-se desse momento de fragilidade orgânica da sua vítima para infligir descargas energéticas mórbidas, intensificando a patologia existente. Em outros termos, o Espírito obsessor pode até não ter sido, nesse caso, o causador da enfermidade, porém, aproveita-se da situação, agravando o padecimento da sua vítima, para melhor lhe senhorear o psiquismo, e dependendo do gravame existente entre ambos, levando em conta a lei de causa e feito, mérito e demérito, a morte do seu objeto de vingança. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 3: Prudência Mediúnica Pergunta 22: A mediunidade pode levar à loucura? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KARDEC , Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004. MIRANDA , Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição. FRANCO , Divaldo Pereira (psicografia). Médiuns e Mediunidades. Vianna de Carvalho (espírito). 9. ed. Salvador: LEAL, 2015.
- 26. Os vícios, de modo geral, prejudicam a prática mediúnica?
A mediunidade é indiferente a moralidade, classe social, sexo, cultura ou religião, estando presente em todos os meios desde os primeiros passos do homem sobre a Terra. Sendo assim, a mediunidade se encontra vigente entre pessoas que não possuem nenhum tipo de vício, assim como, entre aqueles que são toxicômanos (dependentes químicos), dipsômanos (alcoólatras), pessoas com transtornos compulsivos alimentares, hipersexualidade (vício em sexo), etc. É importante destacar que mediunidade e sintonia andam sempre de mãos dadas . Se estamos constantemente ligados àqueles que estão em nossa mesma faixa vibracional, quem são os companheiros daqueles que se regozijam em vícios e hábitos menos saudáveis? Como já dissemos, a desencarnação não transforma ninguém. Nenhuma alma vira anjo ou santo apenas por desencarnar. Todos os hábitos que cultivamos em Terra, fazem parte da bagagem que levaremos ao além-túmulo, incluindo os nossos vícios. Quanto maior o tempo em que o sujeito se detém preso a determinadas práticas, mais difícil será à sua libertação, principalmente no mundo espiritual. Dessa forma, algumas sensações orgânicas são tão acentuadas após o desencarne que o Espírito sente, como uma espécie de abstinência energética , a necessidade de se satisfazer e passa a buscar essa saciedade – via obsessão e vampirização – diante dos encarnados simpáticos a esses mesmos gostos, principalmente se estes forem possuidores de mediunismo. Por consequência, cada um escolhe e elege as companhias espirituais que bem deseja, sendo o próprio ser encarnado responsável pelos companheiros espirituais que convida diretamente para estar ao seu lado, sejam eles bons, elevados ou ainda em estados inferiores. IMPORTANTE DESTACAR Desde já, não estamos julgando ou condenando ninguém que possuí os hábitos aqui mencionados, pois os temos como irmãos credores da nossa mais singela devoção e amparo. Sabemos ainda das dificuldades existentes quanto a superação dos diversos vícios. Portanto, é importante destacar que a busca pela ajuda profissional especializada deve ser estimulada sempre que possível, e que todos os familiares envolvidos mais próximos são peças fundamentais no reerguimento e sustentação dos seus entes queridos (mesmo daqueles que não querem ajuda ou que não se reconhecem como dependentes). Também não estamos ditando regras, normas ou impedimentos em relação ao aperitivo alcoólico, ao prato preferido, a comunhão sexual, os divertimentos sadios entre amigos, dentre outros. Aqui nos limitamos a apresentar apenas os possíveis efeitos decorrentes dos excessos, vícios e desequilíbrios na vida do medianeiro. Todo excesso/vício/desequilíbrio foge e contraria as leis naturais, ferindo o nosso perispírito. Sendo assim, somos compelidos ao ajuste dos crimes que cometemos contra nós mesmos, seja através das doenças, da desencarnação precoce, da psicose mental ou da obsessão que abrimos precedente. DEPENDÊNCIA QUÍMICA ENTRE OS MEDIANEIROS Em relação às drogas, tabagismo, alcoolismo e a hipersexualidade, além das lesões que é registrada no perispírito do ser em desequilíbrio, há ainda o agravante se a pessoa em questão for um médium ostensivo. Em Segurança Mediúnica , o benfeitor Miramez – psicografia de João Nunes Maia – nos adverte sobre os perigos das viciações diante da vida do medianeiro ao destacar: “ A mediunidade a serviço do bem é incompatível com certos hábitos e com toda espécie de vícios. A mediunidade de cura carrega uma grande responsabilidade diante dos enfermos. O médium viciado, por meios que escapam até mesmo à sua sensibilidade, transfere para o doente o miasma oriundo dos vícios, aquele magnetismo inferior que representa uma doação imprestável.” Qualquer pessoa que, por exemplo, receba um passe, uma transfusão energética de um médium cujos hábitos não sejam salutares, e aqui não nos reportamos somente aos vícios físicos, mas também aos da alma, como a maledicência e tantos outros, assimila em seu próprio corpo os fluidos malsãos recebidos do médium em questão, que mesmo dotado de boas intenções, em ajudar e fazer a caridade, acaba por transmitir as impurezas do seu magnetismo ao paciente em atendimento. Portanto, se desejas trabalhar realmente em nome do bem, na seara de Jesus, é necessário que busque se libertar de todo e qualquer tipo de viciação, inclusive as de cunho moral, como a arrogância, a impaciência, o preconceito, a intolerância, etc. TABAGISMO, INTRIGAS, ÁLCOOL E MALADICÊNCIA Ainda na supracitada obra, Miramez continua suas elucidações ao nos ensinar que: – O fumo não faz mal somente ao físico. Atinge, por meios sutis, outros corpos que o Espírito usa. – A intriga, muito comum nos meios humanos e que pertence a variadas escalas, perturba a função mediúnica, distorcendo as forças do bem e impedindo que o fluido cósmico, na sua candidez, viaje por todos os centros de forças encravados no corpo espiritual, com o seu seguro desempenho. – O álcool em excesso, além de provocar ruptura em delicadas membranas protetoras que separam o mundo espiritual do mundo físico, desativa e retarda as vibrações do centro energético esplênico, interrompendo a distribuição de forças vitais a todo o organismo, impedindo as próprias glândulas endócrinas da fabricação adequada de hormônios, elementos indispensáveis à vida humana, além de outras responsabilidades que têm esses instrumentos louváveis do corpo humano. – A maledicência e o humor picante são vícios terríveis que igualmente modificam todo o sistema de irrigação vital, que acompanham o grande rio sanguíneo, na sua manifestação de vida em todo o complexo humano. Portanto, o tabagismo e as brigas do cotidiano, além do álcool em demasia, a fofoca e a malícia, prejudicam não apenas o corpo físico, mas aos outros corpos sutis que fazem parte da nossa constituição. O álcool ainda é o responsável por provocar a ruptura de delicadas membranas que separam o mundo físico do mundo espiritual, uma espécie de camada de ozônio que protege o médium de ficar exposto a todo e qualquer tipo de influenciação e assimilação energética. Ou seja, o médium que faz uso abundante ou frequente de bebidas alcoólicas ou quaisquer outros tipos de vícios, além de desequilibrar os seus centros de força, extingue pouco a pouco a proteção natural e fluídica que seu corpo possuí, ficando exposto as intempéries do intercâmbio entre os dois planos. Em Diversidade dos Carismas , o autor Hermínio de Miranda informa ainda que “se um participante comparece com elevada dosagem de álcool no sangue ou com uma refeição pesada, em processo de digestão, será impraticável sua integração harmoniosa no grupo.” E o referido autor complementa a sua explicação ao dizer: “Os espíritos nos dizem que em tais casos aplicam o recurso extremo de isolar a criatura para que, já que não pode ajudar, pelo menos não perturbe os trabalhos, uma vez que sua aura se apresenta literalmente suja e desarrumada.” Vale destacar que não é apenas o que ingerimos por meio físico, mas também o que pensamos, o que falamos, assistimos e emanamos que nos eleva ou nos degrada, nos colocando mais uma vez como responsáveis pelas nossas próprias obras e escolhas. ORIENTAÇÕES GERAIS Para finalizar, meditemos na advertência que o benfeitor Miramez, por meio da obra aqui já citada, nos orienta: – Se ainda não tens forças para te libertares dos hábitos incômodos e dos vícios perniciosos, não intentes, por enquanto, desenvolver teus dons espirituais, porque uma coisa não pode se misturar à outra , para que não advenham terremotos internos e conflitos incompreensíveis. Todavia, para tudo existe solução e esta se encontra no trabalho da caridade, desde que nada exijas em troca, pelo teu dever de ajudar aos teus irmãos carentes. – Faze-te companheiro do bom livro, que ele te orienta, e torna-te amigo de homens que se entregaram à reforma moral, que eles vão ajudar-te nos primeiros passos na senda da verdade. Tudo o que procuras existe dentro de ti, até o próprio céu. – Os vícios somente prendem e usam seu poder sobre os inferiores, que neles se deliciam das coisas transitórias, por desconhecerem as belezas eternas que as virtudes restabelecem nos corações. MEDIUNIDADE E LIVRE-ARBÍTRIO Cada pessoa é responsável pelos atos que pratica, assim como os vícios aos quais se entrega. Para os companheiros que optam por todos os tipos de vícios, excessos e desregramentos, a mediunidade passa a ser fator de grande perturbação, podendo não apenas desencadear uma obsessão sutil, mas até mesmo, uma dolorosa subjugação. Em compensação, o médium que segue o caminho da retidão, do amor e da caridade, praticando a reforma moral e lutando contra as suas inferioridades, passa a respirar ares renovados de fé, de vitalidade e bom ânimo. Essas energias benéficas são provenientes da presença dos bons Espíritos que passam a acompanhar o medianeiro comprometido com o trabalho, com o bem, com Jesus. Isto exposto, voltamos a dizer que a mediunidade é uma faculdade neutra, sendo o seu portador o único responsável pelo que dela vier a fazer, não sendo possível eximir-se das ações praticadas, da invigilância ou da ignorância. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 3: Prudência Mediúnica Pergunta 26: Os vícios, de modo geral, prejudicam a prática mediúnica? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MAIA , João Nunes (psicografia). Segurança Mediúnica. Miramez (espírito). Fonte Viva, 2ª edição, março de 2015. MIRANDA , Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição.
- 39. Pode o médium assumir a função de doutrinador em uma reunião mediúnica?
É muito comum ouvirmos relatos, em diversas obras espíritas, sobre o famigerado planejamento reencarnatório , no qual o indivíduo, dependendo do seu estado evolutivo, participa e opina sobre a sua nova existência, em especial as provas que irá enfrentar, as expiações, os conflitos, a função que irá desempenhar no plano físico, dentre outros. Compreendemos ainda que cada médium antes de vir ao campo carnal, dedicou parte do seu tempo aos estudos espirituais, preparando-se – ainda no mundo dos Espíritos – para as funções que aqui irá desenvolver mediunicamente (uma espécie de especialidade mediúnica, seu carro-chefe medianímico). Sabendo que a casa espírita possui inúmeras funções de trabalho – seja como médium, dialogador, passista, instrutor do curso de educação mediúnica, palestrante, trabalhos sociais, etc. – é comum encontrarmos médiuns ostensivos atuando em mais de uma linha de frente, sem nenhum problema. Em relação a essa temática, aqui atentamos apenas para duas observações: A mediunidade exige esforço de mudança no tocante a reforma íntima, sacrifícios, estudos e bastante disciplina; deparando-se com os primeiros percalços do caminho, muitos médiuns tendem a recuar e ausentar-se das suas atividades mediúnicas, dando preferência a exercer exclusivamente outras atividades consideradas por eles menos rígidas, pesadas ou sofridas. Isto é, não querem mais atuar como médiuns ostensivos, optando por outros cargos na casa espírita, desde que não lhe exijam esforço em se melhorar ou o contato com Espíritos sofredores. Nesse caso, o ideal é que o medianeiro – seja de psicofonia, psicografia, dentre outros – repense o seu papel e se mantenha no posto onde Deus lhe achou conveniente trabalhar e se desenvolver. Sobrando-lhe tempo e disposição, nada o impede de, além do trabalho mediúnico, exercer outras funções, como passista, palestrante/orador ou recepcionista do centro, por exemplo. O dialogador em uma reunião mediúnica é o trabalhador responsável por buscar esclarecer a entidade em atendimento, apresentando-lhe novas perspectivas de vida, outros pontos de vista, bases morais e evangélicas, sempre com muito amor, paciência, acolhimento e postura paterna. Já o médium é o trabalhador responsável por transmitir a comunicação entre os dois planos, e por ser sensível as energias do ambiente, não é aconselhável que, dentre as funções extras que o medianeiro queira exercitar, esteja entre elas o papel de dialogador. ESTADO DE INCONSCIÊNCIA Imaginemos, por um instante, que o dialogador precise faltar à reunião mediúnica e um médium ostensivo ali presente assuma temporariamente o seu papel. Por ser suscetível a sentir e registrar as energias do ambiente, podendo ainda – a depender do seu tipo de mediunidade – ver, ouvir e sintonizar com a entidade que ali esteja em comunicação, o médium que está na função temporária de dialogador pode não conseguir realizar fielmente o diálogo, cedendo a psicofonia ou vindo a sofrer o baque energético da entidade sofredora em atendimento. Como analogia, complementando a nossa linha de raciocínio, trazemos a mente a imagem de um motorista de transporte público conduzindo um veículo com dezenas de pessoas em seu interior – sob a sua responsabilidade –, mas que em um determinado momento, passa a ter os seus sentidos turvados, não conseguindo mais conduzir ou comandar o veículo que se encontra em pleno curso. A consequência desse ato é, sem dúvidas, um desastre iminente! O mesmo pode ocorrer com o médium ostensivo que, ao dirigir uma reunião mediúnica ou o diálogo fraternal, corre o risco de entrar em sintonia direta (transe, psicofonia) com a entidade comunicante, onde deixa de exercer o papel de dialogador, função esta que assumiu temporariamente, e volta à função inicial de medianeiro, deixando o controle consciente da reunião. Sobre este ponto, o autor Hermínio de Miranda, em Diversidade dos Carismas , afirma que o primeiro aspecto a observar é o de que o dirigente das tarefas mediúnicas oferece melhores condições de êxito no desempenho da parte que lhe toca, se suas próprias faculdades - se as tiver - não o levarem a um estado de inconsciência. Ou seja, não é prudente confiar a direção dos trabalhos mediúnicos a pessoas que são propícias a entrarem em estado de passividade ou inconsciência . Observe que usamos, de modo proposital, o termo médium ostensivo ao tratarmos dessa temática. De fato, o médium ostensivo deve evitar exercer as funções ativas de dialogador em uma reunião mediúnica devido a sua facilidade de entrar em sintonia com as energias e Espíritos em atendimento. Como todos possuem uma sensibilidade mediúnica mais ou menos desenvolvida, como afirma Kardec no decorrer das obras da codificação, pode ser que o dialogador (que em muitos casos também é o dirigente responsável pela reunião) tenha essa sensibilidade dilatada, mas que não se categoriza como mediunidade ostensiva, sendo muitas vezes uma leve intuição. INTUIÇÃO A intuição é a faculdade que mais se manifesta dentre os dialogadores, sendo este o meio pelo qual os instrutores do mundo espiritual comandam e direcionam os trabalhos realizados no plano físico. Já os médiuns ostensivos, para além da intuição, podem também manifestar a vidência, audiência, psicofonia, o que frequentemente faz com que sintam e experimentem aquilo que a entidade em atendimento está sentindo, pensando ou escondendo. O dialogador, assim como o médium de apoio, por não possuírem mediunidade ostensiva, não sentem categoricamente a presença da entidade comunicante nem as suas emanações em desequilíbrio, muito menos a veem ou lhe escutam por vias mediúnicas, e consequentemente, não entram em sintonia direta com ela. Dessa maneira, conseguem permanecer em equilíbrio, sustentando a reunião através da prece, dos bons pensamentos e no caso do dialogador, do esclarecimento paternal. Sabemos que cada regra tem sua exceção e que o aconselhamento neste caso envolve a prudência e o bom-senso, não permitindo que a dialogação e a direção dos trabalhos mediúnicos estejam confiadas a alguém que possa entrar em um estado de inconsciência, neste caso, um médium ostensivo. O sensitivo ( vide questão 03 ) , isto é, aquele que ainda não tem desenvolvida as suas faculdades mediúnicas de modo acentuado, mas que apenas apresenta de forma parcial – leve ou rarefeita – algumas sensações extracorpóreas, a depender dos casos , pode assumir as funções acima mencionadas (dialogador e direção da reunião). O MÉDIUM COMO PRIMEIRO DIALOGADOR O médium é conhecido como o primeiro dialogador em uma reunião mediúnica, pois ao dar passividade a uma entidade, antes mesmo do dialogador ir ao seu encontro, é o próprio medianeiro que, através do pensamento , já está em diálogo com a entidade, acalmando-a, emanando fluidos renovadores, advertindo-a sobre o modo de agir, etc. Comparamos esse momento aos primeiros socorros de uma emergência hospitalar, na qual o médium prepara a entidade para o diálogo que está porvir. Importante destacar que esse papel de primeiro dialogador exercido pelo médium não é, de fato, o de dialogador em si, tendo em vista que médium e dialogador – durante a reunião mediúnica – apresentam ondas mentais diversas (ativas e passivas), não sendo possível alterná-las ao bel prazer. Em outros termos, é bastante improvável que o médium tenha condições psíquicas de conseguir exercer simultaneamente (e de modo equilibrado) o papel de medianeiro e dialogador, pois cada uma dessas atividades exige posturas mentais diferentes, sendo o médium agente passivo na comunicação e o dialogador agente ativo (no qual observa atentamente e, de modo lúcido, interage com a entidade desencarnada por meio do médium). UM CASO À PARTE Vimos até então uma situação em que, na ausência do dialogador responsável pelo esclarecimento das entidades em atendimento, um médium ostensivo presente assume temporariamente o seu lugar. Quase sempre essa ação pode ser nociva ao agrupamento de trabalho devido a probabilidade do médium – que provisoriamente está como dialogador – entrar em sintonia com o Espírito em acolhimento, o que lhe impossibilita de cumprir fidedignamente, por mais bem intencionado que esteja, a função proposta. À exceção a esse caso é relacionada ao sensitivo , pessoa cuja sensibilidade está em desenvolvimento, mas que não é médium ostensivo, nem possuí facilidade em entrar em conversação psicofônica com os Espíritos ou outras manifestações mediúnicas. Tratamos também do médium como primeiro dialogador , no qual, mentalmente, através do pensamento, acalma e prepara o Espírito para a conversação a seguir com o dialogador, ficando cada trabalhador (médium e dialogador) na sua devida função. Existem, porém, mais duas situações em que o médium se coloca como dialogador, muitas vezes sem nem se atentar ao seu modo de agir. Há reuniões mediúnicas cujo trabalhadores (médiuns, médiuns de apoio, passistas...), cada um no seu cargo de atuação, passam a opinar de forma concomitante com o dialogador. De modo claro, o dialogador encontra-se em conversação com o espírito (que se manifesta através de um médium), e os demais presentes passam a interferir no diálogo, seja através de palavras articuladas ou, até mesmo, via pensamento. Tudo isso afeta, mesmo munidos das melhores intenções, na harmonia do atendimento e na reunião em curso. Há Espíritos que se aproveitam da intromissão dos demais membros para descredibilizar a atuação do dialogador e buscam atrapalhar o andamento da reunião, informando que não querem mais conversar com o dialogador, que daquele momento em diante falarão apenas com outro membro... E assim vão ganhando tempo, enganando, mistificando, encaminhando o foco do atendimento para outra direção, etc. É como em uma conversação ordinária: se tivermos duas ou mais pessoas falando ao mesmo tempo (via pensamento ou palavras articuladas) com o mesmo indivíduo, dificilmente iremos ter um entendimento agradável ou harmonioso. Uma coisa é estar em prece, emanando bons fluidos e bons sentimentos pra entidade ali presente, enquanto o dialogador se encontra em conversação; outra coisa é dialogar simultaneamente com o doutrinador, buscando auxiliar o Espírito em questão, reforçando o que está sendo exposto, usando seus próprios pensamentos/palavras em uma dialogação paralela ou, muitas vezes, discordando do diálogo em andamento, trazendo, mesmo que inconsciente, a superioridade de que faria melhor (o que energeticamente é prejudicial ao trabalho, visto que os fluidos emanados são de prepotência, de arrogância, que seu modo de pensar é melhor que o do colega, dentre outros). O ideal é que todos os componentes da equipe mediúnica permitam que o dialogador realize o seu trabalho sem maiores intromissões, interferindo o menos possível na conversação, trazendo alguma informação adicional somente quando indispensável. Na presença de mais de um dialogador em sala, usando de bom senso e etiqueta na relação com o trabalho em andamento, é de bom tom que sigam as instruções do dirigente da sala que poderá indicar qual dialogador irá travar a conversação com o Espírito que venha a se manifestar. E, por fim, temos um caso à parte. Muito raramente, dependendo do Espírito que esteja sendo atendido e do gravame da situação, a coordenação espiritual permite que um Espírito benfeitor se manifeste por meio de um médium encarnado presente na reunião, e através dele um diálogo seja travado com o Espírito que está se manifestando por outro médium. São agora dois médiuns, cada um servindo de veículo para um Espírito em específico, travando um diálogo. De um lado encontra-se um Espírito em atendimento dando uma comunicação psicofônica; do outro temos um Espírito benfeitor se manifestando por meio de outro aparelho mediúnico, visando colaborar com a doutrinação. Em casos como esse, o dialogador encarnado passa a silenciar, permitindo a conversação entre ambos os Espíritos (que se manifestam por meio de dois médiuns distintos), intervindo apenas quando necessário. Mesmo com a manifestação de um Espírito benfeitor, o dialogador (que em muitos casos também é o dirigente da reunião) continua sendo o responsável pelos trabalhos em curso, devendo permanecer atento, acompanhando o diálogo em questão e buscando perceber as nuances desse tipo de atendimento. Esse é, com efeito, um caso à parte, sendo raro nas reuniões mediúnicas a ocorrência dessas situações. Até porque, em atendimentos dessa natureza, principalmente a longo prazo, há sempre um desperdício de energia, seja do próprio médium encarnado como do Espírito benfeitor. Caso análogo ocorre com os médiuns que incorporam durante o passe espiritual, sendo esta uma situação em específico na qual trataremos mais adiante. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 4: O Médium e a Casa Espírita Pergunta 39: Pode o médium assumir a função de doutrinador em uma reunião mediúnica? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MIRANDA , Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição.