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Mediunidade Sem Medo

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  • 45. A vestimenta dos médiuns e o uso de toalhas brancas impacta a prática mediúnica nas reuniões espíritas?

    Apesar do Espiritismo não ter em sua base o uso de ritualísticas de nenhuma ordem, tornou-se costume – principalmente no Brasil – o uso de toalhas de mesa na cor branca revestindo o móvel que serve de apoio aos médiuns no decorrer das reuniões mediúnicas. Essa prática se tornou tão marcante que ainda hoje é possível ouvirmos alguém se utilizando da expressão espiritismo de mesa branca  para diferenciar a doutrina espírita de outras linhagens espiritualistas, ou dando a entender – erroneamente – que existem dois tipos de Espiritismo, o bom/elevado e o ruim/inferior. ( vide questão 44 ) A FUNÇÃO DA MESA E DAS TOALHAS BRANCAS De início precisamos compreender que a mesa utilizada nas salas de reuniões mediúnicas é mero acessório que proporciona um conforto maior aos que se encontram em sua volta, na qual podem apoiar seus braços, escrever, colocar uma jarra de água ou uma obra espírita, a exemplo de O   Evangelho Segundo o Espiritismo , etc. Geralmente as salas que são utilizadas para os encontros que visam a prática e o estudo da mediunidade, tal como o GEM (Grupo de Estudo Mediúnico), não possuem mesas, visto que a quantidade de pessoas presentes não comportaria em torno desse móvel. Por conseguinte, teremos uma sala com várias cadeiras, sem nenhuma mesa e, ainda assim, o exercício da mediunidade ocorre sem nenhum empecilho. Em alguns centros também será possível observar o uso de pranchetas auxiliando o exercício da psicografia, na qual o médium se utiliza deste acessório (prancheta) para lhe dar apoio na hora da escrita. A mesa não tem, portanto, nenhuma função espiritual, muito menos a cor da toalha que a reveste. DADOS IMPORTANTES Isto posto e entendido, passamos adiante. De acordo com o último censo do IBGE (2022), o número de pessoas que se declaram Espíritas no Brasil passou de 3,8 milhões para cerca de 4,3 milhões. Com isso, o espiritismo continua representando cerca de 2% da população brasileira, ficando atrás das duas principais religiões – catolicismo e protestantismo – em termos de número de adeptos. Embora não tenhamos um número exato, diversos estudos apontam que muitos dos adeptos do espiritismo no Brasil são oriundos do catolicismo, fato este que ocorre desde o final do século XIX. Dessa maneira, podemos compreender que, muito provavelmente, estes novos prosélitos (ex-católicos) da doutrina espírita trouxeram arraigados em seu íntimo os costumes de sua antiga crença, dentre eles, a famosa toalha branca  que comumente ornamenta o altar nas missas católicas (sendo agora usada para cobrir as mesas nos centros espíritas e nas reuniões mediúnicas). No contexto atual, pelo que nos foi dado a observar, as cores da toalha utilizada em diversos centros espíritas são de variadas tonalidades, incluindo a branca, mas também cores neutras ou estampadas, e em tantos outros, não há o uso sequer de toalhas (sendo apenas a mesa de madeira ou qualquer outro material), assim como, o uso de lonas mais escuras (o que facilita a sua limpeza). COR DA ROUPA Outro ponto refere-se à roupa do médium espírita. Assim como a cor da toalha, da mesa ou da lona, a cor da roupa do médium em nada interfere no seu mediunismo, seja ela branca, preta, rosa, azul, dentre outras. A única ressalva nesse caso encontra-se para os tipos de roupas que possam vir a atrapalhar ou influenciar negativamente os médiuns de um modo geral. Atentando para o bom senso e discernimento, todos os membros do agrupamento mediúnico devem buscar evitar alguns comportamentos e extravagâncias. A título de exemplo, podemos citar: Uso de perfumes fortes:  devido ao tamanho geralmente reduzido das salas onde as reuniões mediúnicas ocorrem, o uso de perfumes ou outras fragrâncias muito fortes podem atrapalhar o andamento dos trabalhos em curso, visto que algumas pessoas tendem a ficar enjoadas, sem concentração, com dores de cabeça ou espirrando diante de certos estímulos olfativos. Roupas cavadas, minúsculas ou com transparências:  é importante destacar, logo de início, que cada pessoa é livre para usar a roupa que bem entender e isso não é motivo para escândalos ou assédio por parte de ninguém, principalmente dentro de uma instituição espírita. Aqui nos referimos a um momento de trabalho santificado na seara de Jesus e isso exige de nós algumas diretrizes básicas que ajudam a manter ou cultivar a harmonia do grupo mediúnico, além de preservar a própria intimidade do médium. Em alguns casos o medianeiro pode sofrer o baque ao receber um Espírito desequilibrado. Quando o médium (que é sempre o responsável por toda comunicação que ocorre por seu intermédio) não detém o controle do seu mediunismo, julgando o Espírito muito forte para ele controlar , pode ocorrer que ele venha a se desequilibrar e cair. Utilizando determinadas roupas, como saia ou um vestido curto, nessa queda, pode ser que a sua roupa íntima fique a mostra, à visão de todos os presentes. O QUE DIZ KARDEC? Ao longo das obras de Allan Kardec não iremos encontrar nenhuma menção sobre o tipo ou a cor da roupa que o médium espírita deve usar durante as reuniões mediúnicas. A mesma sentença também é válida para a mesa e a toalha que a reveste. Se este tópico fosse realmente fundamental ou fizesse alguma diferença na prática espírita ou mediúnica, não tenhamos dúvidas que o próprio codificador teria pincelado, mesmo que superficialmente, algo a este respeito. Em suma,  o mais importante para o médium espírita é se vestir de forma discreta, simples, decente, confortável e respeitosa.  Isso ajuda a manter um ambiente de seriedade, harmonia e concentração, sem distrações visuais ou olfativas que possam interferir no trabalho espiritual em andamento. Nas casas propriamente espíritas, não há nenhuma obrigatoriedade em usar trajes específicos ou de uma determinada cor. Atenção! Não devemos confundir a casa espírita com as casas mistas – aquelas que se declaram como espíritas , mas que mesclam o espiritismo com outros segmentos espiritualistas, confundindo os seus adeptos e frequentadores menos instruídos –, tampouco com outras vertentes espiritualistas, como a umbanda, candomblé, etc. Para os espíritas, a cor da roupa é indiferente, o que realmente importa é a cor do coração , é a intenção do médium e a sua disposição para o trabalho mediúnico. Vale ressaltar que algumas casas espíritas podem ter regras ou costumes específicos sobre a vestimenta dos seus trabalhadores (como a oposição quanto ao uso de bermudas, shorts, camisetas, regatas, bonés, etc.). Ao medianeiro da doutrina dos Espíritos, é sempre de bom alvitre consultar o centro que se pretenda vincular para saber se há alguma orientação a este respeito; tais instruções devem ser sempre analisadas através da lógica e da razão, evitando misticismos e excentricidades. Nossas ponderações acima descritas são direcionadas, de modo particular, aos médiuns espíritas, ficando os demais segmentos religiosos livres para seguirem as diretrizes que melhor lhes convém. Não se trata aqui de certo ou errado, mas sim, de que cada vertente siga as orientações que melhor lhes aprouver, cabendo sempre o respeito a todos os trabalhadores do bem. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 4: O Médium e a Casa Espírita Pergunta 45: A vestimenta dos médiuns e o uso de toalhas brancas impacta a prática mediúnica nas reuniões espíritas? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico 2022: características gerais da população. Rio de Janeiro: IBGE, 2022.

  • 46. O Espiritismo é uma religião? É comum médiuns espíritas terem altares em casa?

    A palavra altar tem pelo menos três significações, a depender de sua origem. Do hebraico, lugar de matança ; do grego: lugar de sacrifício ; do latim ( altare  ou altus ), plataforma elevada . Com o passar dos tempos o altar – narrado diversas vezes na Bíblia – foi deixando de ser um lugar de sacrifício e matança para ser um local de adoração, homenagem, respeito e reverência, seja a Jesus, Maria de Nazaré ou qualquer outra divindade que a fé humana professe. Em quase todos os lares que seguem o catolicismo (religião predominante no Brasil) há um altar montado, desde os mais simples aos mais ornamentados; geralmente compostos por uma mesa, uma toalha branca, imagens de variados santos e objetos típicos da religião (como o terço, velas e a Bíblia ). Sendo este costume marcante na cultura popular brasileira, não podemos deixar de verificar que muitos adeptos do espiritismo – oriundos do catolicismo, sendo hoje ex-católicos – possuem algum tipo de altar em casa, o que não nos cabe julgar se tal prática é correta ou não. Aqui, nos limitamos a apresentar algumas observações a este respeito, deixando ao amigo leitor a liberdade de decidir como proceder em sua intimidade doméstica. O espírita – estudioso das obras de Kardec – já deve saber que a doutrina dos Espíritos não segue uma base religiosa; isto é, não possui dogmas, cerimônias, rituais, misticismos, privilégios, casta sacerdotal, nem práticas exteriores de adoração, incluindo altares e seus congêneres destinados a esse fim. O Espiritismo é uma doutrina científica e filosófica. Na acepção comum do termo, o Espiritismo não é considerado uma religião, embora possua aspectos religiosos. RELIGIÃO ESPÍRITA? Para entendermos com mais clareza esse aspecto religioso presente na doutrina espírita, analisemos com atenção o pensamento apresentado por Kardec na edição de dezembro de 1868 da Revista Espírita . Ao ser questionado se o Espiritismo era ou não uma religião, Kardec responde: “Ora, sim, sem dúvida, senhores; no sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos glorificamos por isto, porque é a doutrina que funda os laços da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre as mais sólidas bases: as próprias leis da Natureza." Dando continuidade a sua linha de raciocínio, o autor complementa: "Por que, então, temos declarado que o Espiritismo não é uma religião? Porque não há uma palavra para exprimir duas ideias diferentes, e porque, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da ideia de culto; porque ela desperta exclusivamente uma ideia de forma, que o Espiritismo não tem." E por fim, arremata o autor: "Se o Espiritismo se dissesse religião, o público não veria aí senão uma nova edição, uma variante, se quiserem, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; ele não o separaria das ideias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes a opinião pública se levantou. Não tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual do vocábulo, não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor as pessoas inevitavelmente ter-se-iam equivocado. Eis por que simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral. ” Ao ler o texto na íntegra, na qual recomendamos que isso seja feito por parte do estudante espírita, veremos que Kardec argumenta que o Espiritismo é, de fato, uma religião no sentido filosófico, pois une as pessoas em uma comunhão de sentimentos, princípios e crenças, com base nas leis da natureza, promovendo a fraternidade, a solidariedade e o desenvolvimento moral. No entanto, evita o título de religião para não ser confundido com as práticas e formas associadas a cultos tradicionais. Embora reconheça que o Espiritismo possua aspectos de uma religião – no seu sentido filosófico –, Kardec assevera que a doutrina espírita não deve ser assim denominada, no sentido tradicional do termo. Isso porque a palavra religião está associada, na opinião pública, à ideia de culto, hierarquias sacerdotais e cerimônias, práticas estas que o Espiritismo não possuí. Para Kardec, portanto, o Espiritismo não é uma religião – no sentido tradicional do termo. Em suma, com base no pensamento exímio do codificador, podemos dizer que o único ponto em que o Espiritismo poderia se assemelhar a religião é no quesito filosófico, simbolizando a conexão que liga os indivíduos numa comunhão de sentimentos. Para os espiritistas este elo (que liga os homens em um mesmo sentimento) é a caridade para com todos, isto é, o amor ao próximo (seja encarnado ou desencarnado). No entanto, o Espiritismo no cenário brasileiro, além de ser uma doutrina filosófica, moral e científica, é também visto, por influência da tradição cultural e popular, como uma religião – no sentido usual da palavra –, devido à predominância da ideia de culto presente no país. Basta perguntar a um espírita qual é a sua religião, e ele prontamente responderá: Sou espírita! ALTARES EM CENTROS ESPÍRITAS Também é costume, em alguns centros espíritas, encontrarmos altares dedicados a Jesus Cristo, Bezerra de Menezes, Chico Xavier e Kardec, ornamentados através de imagens de gesso ou resina, quadros, pinturas, banners... Em tantos outros também é comum a inclusão de imagens de Maria de Nazaré e outros seres admiráveis – como os santos da igreja católica – que deixaram seu legado pela Terra. Do ponto de vista sociológico, podemos enxergar essa ação como reflexo de uma herança religiosa, visto que muitos dos adeptos do espiritismo – na atualidade – são ex-católicos, trazendo arraigados para sua nova crença (o Espiritismo), antigos costumes e práticas; o que promove, mesmo sem intenção, um processo de sincretismo religioso (unindo a doutrina espírita com outras vertentes filosóficas e religiosas). Da mesma forma que a umbanda, o candomblé e o santo daime, a doutrina espírita, sem dúvidas, também passou por esse processo sincrético, assumindo uma característica religiosa – no sentido comum do termo – nas terras do Cruzeiro do Sul. A este respeito, já é possível encontrarmos o termo espiritismo à brasileira sendo usado – por autores e pesquisadores do tema – para diferenciar os centros, federações e demais instituições, que introduziram ideias adversas, por vezes, combatidas por Kardec, dentro do movimento espírita no Brasil, das demais organizações espiritistas que prezam pela pureza doutrinária das obras de Kardec, buscando seguir o modus operandi , ou melhor, o método científico (Controle Universal do Ensino dos Espíritos) usado e ensinado pelo codificador. ALTAR NO AMBIENTE DOMÉSTICO Desse modo, é fácil compreender o porquê da existência de tantos altares nos lares dos adeptos do espiritismo, assim como, nas próprias casas espíritas. Seja na residência doméstica ou no centro espírita, o altar – ou outros símbolos religiosos, como imagens de gesso ou resina – possui um propósito específico para o espírita: além de fazer parte da decoração do ambiente, também cumpre a função de direcionar o pensamento do devoto. Para melhor compreensão, ao visualizarmos uma imagem de uma entidade à qual somos devotos, imediatamente trazemos à mente suas lembranças, exemplos e ensinamentos deixados em favor da humanidade. Isso muitas vezes nos ajuda a voltar ao momento presente, a exercer a vigilância, a cultivar a nossa fé, dando-nos força e discernimento diante dos obstáculos da vida. Dentre as personalidades espíritas que conservaram o costume de possuir um altar em sua residência, destacamos a figura de Chico Xavier. Ainda hoje, em sua antiga residência na cidade de Uberaba (MG), atualmente transformada em um memorial (Casa de Memórias e Lembranças de Chico Xavier), é possível encontrarmos um altar dedicado a variados santos católicos, além de terços e outros objetos que fizeram parte da sua trajetória. O QUE DIZ KARDEC? É importante observarmos que, nos casos acima citados, os objetos que compõe o altar dos espiritistas não são considerados ou tidos como mágicos  ou sagrados por seus respectivos donos. Também não possuem nenhuma função espiritual, a exemplo da realização de milagres , muito menos, destinam-se à adoração ou veneração de nenhuma espécie. Não se trata, nesse contexto, de amuletos ou quaisquer outros objetos tidos como sobrenaturais. Em sua maioria, são apenas parte da decoração (não esqueçamos da simplicidade que o Espiritismo traz em sua essência) do centro ou do próprio lar doméstico, como também, um ponto de foco que pode vir a ajudar o espiritista a voltar ou direcionar seu pensamento em um momento oportuno. A respeito dos amuletos ou objetos mágicos, vejamos o que diz Kardec na questão 554 de O Livro dos Espíritos: Aquele que, com ou sem razão, confia naquilo a que chama virtude de um talismã, não pode, por essa mesma confiança, atrair um Espírito? Porque então é o pensamento que age; o talismã não é um signo que ajuda a dirigir o pensamento? Resposta dos Espíritos: Isso é verdade; mas a natureza do Espírito atraído depende da natureza da intenção e da elevação dos sentimentos. Ora, é difícil que aquele que é tão simplório para crer na virtude de um talismã não tenha um objetivo mais material do que moral. Qualquer que seja o caso, isso indica estreiteza e fraqueza de ideias, que dão azo aos Espíritos imperfeitos e zombadores. Em outras palavras, a fé em amuletos ou objetos materiais pode influenciar nossos pensamentos e, consequentemente, atrair Espíritos de diversas estirpes. No entanto, a natureza do Espírito atraído (seja bom ou mau) dependerá dos nossos próprios pensamentos e intenções. Se a pessoa tem uma visão simplista e materialista, é provável que atraia espíritos menos elevados e até zombadores. Vivemos em um país onde o sincretismo é marcante, especialmente nas religiões e doutrinas. O brasileiro é, sem dúvida, um ser religioso. Porém, o espiritista que verdadeiramente estudou e busca compreender os ensinos dos Espíritos, em especial O Livro dos Espíritos , entende que os objetos nos altares ou usados pelos devotos (como pulseiras, escapulários e pingentes) não possuem nenhum poder espiritual ou sobrenatural. Esses objetos não protegem, não se destinam a limpeza do lar ou do sujeito, nem cumprem qualquer outra função nesse sentido. CONCLUSÃO Seja pela influência de sua antiga crença ou qualquer outra necessidade, é lícito ao médium espírita manter ou cultivar um altar em sua residência! O mesmo é válido para os demais adeptos ou trabalhadores espíritas. Claro, desde que atente para o bom senso, para a lógica e a fé raciocinada, buscando compreender que, muito mais do que a beleza do altar ou os objetos que lhe ornamenta, será sempre a pureza de intenção, juntamente a vontade e a firmeza do pensamento, que fará alguma diferença na forma como a fé será professada e quais tipos de Espíritos estarão sendo atraídos por meio dessa ação. Cada um é livre para professar sua fé como bem entender, de acordo com suas necessidades e capacidade de entendimento. O Espiritismo não impõe barreiras, nem regras rígidas de conduta, porém, incentiva constantemente o estudo e a instrução, o amor ao próximo e a transformação moral, deixando a cada um a liberdade de seguir seu próprio caminho. Sabendo que tais objetos são apenas acessórios, enfeites ou símbolos – e o que realmente importa é a elevação dos pensamentos e as intenções nobres –, nada impede o espiritista de ter seu altar ou local de oração no seu ambiente doméstico. Mas antes que alguém indague se essa prática seria correta ou não, vejamos o que diz Kardec na obra O Espiritismo em sua mais simples expressão : "Aos que lhe perguntam se fazem bem em seguir tal ou tal prática, ele responde: Se credes que vossa consciência o solicita a fazê-lo, fazei-o: Deus leva sempre em conta a intenção.   Também é importante relembrar, conforme afirma Kardec na questão 554 de O Livro dos Espíritos , que a intenção, seja ela materialista ou moral, influencia o tipo de espírito atraído. Da mesma forma, a confiança na virtude de um talismã ou outros objetos materiais geralmente reflete uma mentalidade simplória e materialista, tornando a pessoa mais suscetível a espíritos imperfeitos e zombeteiros. Assim também, já referenciamos aqui por algumas vezes, as chamadas casas mistas ou universalistas , que mesclam o espiritismo com outras vertentes mediúnicas. Geralmente, as casas espíritas que costumam manter em seu interior a presença de um altar (com imagens, velas, búzios, rosas, etc.) são, mesmo que não percebam diretamente isso, pertencentes às casas mistas . Ou seja, elas estão mais para uma casa universalista (com um sincretismo acentuado) do que para um centro espírita propriamente kardecista. (sobre o uso do termo kardecista, vide questão 44 ). Por fim, ao espírita de modo particular, é sempre necessário estar atento ao seu modo de proceder, evitando misticismos ou práticas que fogem a fé raciocinada, a razão, o bom senso, a vigilância e a prudência. Quanto ao fato do sincretismo religioso dentro do movimento espírita brasileiro, há duas correntes de pensamento em destaque. Os que se consideram puristas ou kardecistas , e os que são partidários do espiritismo à brasileira. Aos primeiros ( kardecistas ), o espiritismo é uma religião apenas em seu sentido filosófico, como concluiu o codificador. Para os kardecistas , a análise racional diante dos ensinos dos Espíritos é sempre posta em prática antes de aceitar quaisquer conceitos, independentemente do nome (do espírito, médium ou autor) que assine a obra. A estes últimos ( espiritismo à brasileira ), o espiritismo tem um caráter mais sincrético ou de revelação divina (variando de centro para centro), no qual passa a ser uma religião — na acepção mais comum do termo. A estes, as orientações de Kardec ficam sempre em segundo plano, o que reforça, mesmo que inconscientemente, a implantação de dogmas ou verdades absolutas e incontestáveis (ficando o controle universal do ensino dos Espíritos, ensinado e usado por Kardec no desenvolvimento de suas obras, de lado). Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 4: O Médium e a Casa Espírita Pergunta 46: O Espiritismo é uma religião? É comum médiuns espíritas terem altares em casa? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS   KARDEC , Allan. Revista Espírita – Jornal de estudos psicológicos – junho de 1868. Tradução de Julio Abreu Filho. Edicel Editora; 4ª edição, março de 2020. KARDEC , Allan. O espiritismo na sua expressão mais simples. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 3ª edição. FEB Editora, 2019.

  • 48. Quem são os Espíritos? Qual a diferença entre alma e Espírito?

    Em O Livro dos Espíritos (questão 76), Kardec sabiamente busca esse esclarecimento ao perguntar: – Como podemos definir os Espíritos? Resposta: “Podemos dizer que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Eles povoam o Universo, além do mundo material.” Já na questão 134 da referida obra e suas subdivisões, Kardec volta a indagar: – O que é a alma? Resposta: “Um Espírito encarnado.” – O que era a alma, antes de unir-se ao corpo? R: “Espírito.” – As almas e os Espíritos são, portanto, uma e a mesma coisa? R: “Sim, as almas não são mais que Espíritos. Antes de ligar-se ao corpo, a alma é um dos seres inteligentes que povoam o mundo invisível, e depois reveste temporariamente um invólucro carnal, para se purificar e esclarecer.” Em outro recorte da codificação, mais precisamente na obra Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas , Kardec nos elucida ao dizer que os Espíritos não são, como frequentemente se imagina, seres à parte na criação; são as almas daqueles que viveram sobre a Terra ou em outros mundos. As almas ou Espíritos são, pois, uma única e mesma coisa. Segundo o codificador, em O Livro dos Médiuns  (Segunda parte; cap. 1), o Espírito não é uma abstração, é um ser definido, limitado e circunscrito. O Espírito encarnado no corpo constitui a alma . Desse modo, o Espírito é a individualidade consciente, que existe antes, durante e depois da encarnação. Quando o Espírito está encarnado, ou seja, unido a um corpo físico, ele é chamado de alma. Em suma, a alma é o Espírito (princípio inteligente individualizado) que anima o corpo físico em estado de encarnação. Após a morte do corpo físico, a alma retorna à condição de Espírito. Em termos gerais, a alma é o Espírito encarnado, e o Espírito é a alma desembaraçada do corpo físico. Texto extraído do livro   Mediunidade com Kardec   de  Patrick Lima . Capítulo 5: Mentores Espirituais Pergunta 48: Quem são os Espíritos? Qual a diferença entre alma e Espírito? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KARDEC , Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB; 93ª edição. Rio de Janeiro, 2014. KARDEC , Allan. Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas. Tradução de Salvador Gentile. IDE Editora, 2012. KARDEC , Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004.

  • 49. Quem são os Anjos da Guarda, Mentores ou Guias Espirituais?

    Se os Espíritos são as almas dos homens que viveram sobre a terra, ou até mesmo em outros planetas, conforme a doutrina espírita nos ensina (vide questão 48 ), os anjos são essas mesmas almas ou Espíritos chegados a um estado de perfeição que os aproxima da Divindade. (Revista Espírita, edição de março de 1866) Segundo os ensinamentos apresentados em O Livro dos Espíritos (questão 96), veremos que os Espíritos são de diferentes ordens, conforme o grau de perfeição que tenham alcançado . Desse modo, os seres que recebem o nome de anjo guardião, bom gênio, guia ou mentor espiritual, são os Espíritos que atingiram um elevado grau de evolução e pureza. Esta afirmação é confirmada através da questão 129 da obra supracitada, na qual destacamos: – Os anjos também percorreram todos os graus? Resposta dos Espíritos: “Percorreram todos. Mas, como já dissemos: uns aceitaram a sua missão sem lamentar e chegaram mais depressa; outros empregaram maior ou menor tempo para chegar à perfeição.” CLASSIFICAÇÃO EVOLUTIVA DOS ESPÍRITOS Para que o Espírito alcance esse grau de pureza e perfeição, é necessário que ele percorra uma escala evolutiva. Ainda com base na obra acima citada, Kardec dividiu o grau de adiantamento dos Espíritos em 3 ordens e 10 classes. Tal escala compreende como ponto de partida a terceira ordem , que corresponde a classe dos Espíritos Imperfeitos (10ª classe); seguidos pelos Espíritos Levianos (9ª classe); Pseudossábios (8ª classe); Neutros (7ª classe); Batedores e Perturbadores (6ª classe). Avançando para a segunda ordem , teremos a classe dos Espíritos Benévolos (5ª classe); de Ciência (4ª classe); de Sabedoria (3ª classe); Superiores (2ª classe). Finalmente, na primeira ordem , chegamos à classe dos Espíritos Puros (1ª classe). ANJO GUARDIÃO, MENTOR OU GUIA ESPIRITUAL Dando continuidade, ainda na obra em destaque, Kardec retoma o tema referente ao anjo guardião ao interpelar: Questão 490  – Que se deve entender por anjo da guarda? Resposta:  “O Espírito protetor de uma ordem elevada.” 491  – Qual a missão do Espírito protetor? R:  “A de um pai para com os filhos: conduzir o seu protegido pelo bom caminho, ajudá-lo com os seus conselhos, consolá-lo nas suas aflições, sustentar sua coragem nas provas da vida.” Em sequência, Kardec volta a indagar: 492  – O Espírito protetor é ligado ao indivíduo desde o seu nascimento? R: “Desde o nascimento até a morte, e frequentemente o segue depois da morte, na vida espírita, e mesmo através de numerosas experiências corpóreas, porque essas existências não são mais do que fases bem curtas da vida do Espírito.” 493  – A missão do Espírito protetor é voluntária ou obrigatória? R:  “O Espírito é obrigado a velar por vós porque aceitou essa tarefa, mas pode escolher os seres que lhe são simpáticos. Para uns, isso é um prazer; para outros, uma missão ou um dever.” Embora já tenha sido amplamente esclarecido, é importante reiterar que os guias e mentores não são seres criados à parte, mas Espíritos que alcançaram um elevado grau de evolução, tendo percorrido os mesmos estágios que hoje buscamos vencer. Dessa forma, por meio de suas experiências, conhecem intimamente as dificuldades enfrentadas por aqueles a quem assistem, tanto no estado de encarnados quanto na erraticidade (no plano espiritual). GUIAS ESPIRITUAIS DO MÉDIUM Em Médiuns (psicografia de João Nunes Maia ) , mais precisamente no capítulo denominado Os Guias Espirituais, encontraremos o autor espiritual Miramez tecendo as seguintes observações: “Os guias espirituais de um médium se configuram como pais na frequência do amor e da justiça, sem alterar as necessidades do filho do coração, ajudando-o a andar com os seus próprios pés." Dando continuidade, esclarece Miramez: "Há quem diga que os guias abandonam os seus tutelados. Não existe abandono nestes casos. Eles, os benfeitores espirituais, ajudam mais, porém, em outra frequência, até o medianeiro compreender o tesouro que está ao seu dispor, dependendo da sua disposição ao bem da coletividade." Por fim, arremata o benfeitor: " Os guias espirituais são afáveis, quando essa afabilidade desperta algo de bom no aprendiz. São enérgicos, quando essa energia abre os olhos do candidato à luz, no sentido de disciplinar a razão e educar os sentimentos. ” Em virtude dos fatos acima mencionados, podemos concluir que nossos guias espirituais nunca nos abandonam de fato e seguem velando por nós como verdadeiros pais e/ou professores amorosos. Acompanhando passo a passo nossa trajetória evolutiva, nossas dores e dissabores, gozos e alegrias, permitem que certos males nos acometam para a ampliação do nosso aprendizado, sempre respeitando as leis de causa e efeito. Isto é, os valores morais que o médium possui não o isenta das provas que ele deve passar, mas faculta-lhe a companhia e a simpatia dos bons Espíritos (que o ajuda e ampara nos momentos difíceis). ANJOS DA GUARDA, POR SANTO AGOSTINHO E SÃO LUÍS Para concluir o nosso raciocínio, transcrevemos abaixo uma síntese da mensagem – assinada pelos Espíritos de São Luís e Santo Agostinho – encontrada em O Livro dos Espíritos , bem como, na Revista Espírita de 1859: Há uma doutrina que deveria converter os mais incrédulos, por seu encanto e por sua doçura: a dos anjos da guarda. Pensar que tendes sempre junto a vós seres que vos são superiores; que aí estão sempre para vos aconselhar, para vos sustentar, para vos ajudar a escalar a áspera montanha do bem; que são amigos mais certos e mais dedicados do que as mais íntimas ligações que possais estabelecer na Terra, não é uma ideia consoladora? Esses seres aí estão por ordem de Deus. Foi ele que os pôs ao vosso lado. Aí se acham por amor a ele e realizam bela e penosa missão. Sim, onde quer que estejais, estarão convosco. Os calabouços, os hospitais, os lugares de deboche, a solidão, nada vos separa desses amigos que não vedes, mas cujos suaves impulsos vossa alma sente, como lhes escuta os sábios conselhos. [...] Nada penseis ocultar-lhes, pois eles têm o olhar de Deus e não podeis enganá-los. [...] Aos que pensassem ser impossível a Espíritos realmente elevados ater-se a uma tarefa tão laboriosa e de todos os instantes, diremos que influenciamos vossas almas mesmo estando a milhões de léguas de vós. Para nós, nada é o espaço, e mesmo vivendo num outro mundo, nossos Espíritos conservam suas ligações com o vosso. [...]  Cada anjo da guarda tem o seu protegido, sobre o qual vela como um pai sobre o filho. É feliz quando o vê seguir o bom caminho e sofre quando seus conselhos são desprezados. Texto extraído do livro   Mediunidade com Kardec   de  Patrick Lima . Capítulo 5: Mentores Espirituais Pergunta 49: Quem são os Anjos da Guarda, Mentores ou Guias Espirituais? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KARDEC , Allan. Revista Espírita – Jornal de estudos psicológicos – março de 1866. Tradução de Julio Abreu Filho. Edicel, 2021. KARDEC , Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB; 93ª edição. Rio de Janeiro, 2014 MAIA , João Nunes (psicografia). Médiuns. Miramez (espírito). Fonte Viva, 19ª edição, 2017. KARDEC , Allan. Revista Espírita – Jornal de estudos psicológicos – fevereiro de 1859. Tradução de Julio Abreu Filho. Edicel Editora; 4ª edição, março de 2020.

  • 50. Quem é o meu mentor espiritual? Como posso descobrir sua identidade?

    Deus, em sua infinita sabedoria, estendeu um véu sobre os homens, impedindo-lhes o acesso às suas existências pretéritas, assim como o conhecimento direto de quem sejam seus anjos guardiões. Todavia, de acordo com a necessidade e a compreensão da espiritualidade superior, é permitido ao médium – muito raramente – uma percepção rasa ou incompleta de suas vidas pregressas, bem como a apresentação direta de seu mentor espiritual. Dito isto, não podemos deixar de advertir, pelo bem dos próprios médiuns, que tenham sempre prudência a esse respeito. Em nome da vaidade e da satisfação do ego, muitos se perdem em sua caminhada espiritual, procurando conhecer demasiadamente quem são os seus guias e mentores, querendo que estes se apresentem para, enfim, descobrirem se possuem nomes respeitáveis sobre a Terra ou se são entidades altamente evoluídas, etc. A este respeito, em Diversidade dos Carismas , o autor espírita Hermínio de Miranda destaca que os guias experimentados não costumam realmente identificar-se. Se foram personalidades importantes na Terra, os médiuns poderiam ficar intoleravelmente vaidosos. Se, por outro lado, tenham sido pessoas obscuras, o médium pode ficar decepcionado. Dando continuidade ao seu ponto de vista referente aos guias espirituais, ainda na referida obra, Hermínio de Miranda nos esclarece ao dizer que os guias espirituais raramente se identificam com algum nome conhecido do passado. Optam pelo anonimato e preferem ser avaliados pelo trabalho que realizam, pelas ideias que transmitem, pelos ensinamentos que ministram. Costumam ser simples, tranquilos, profundamente humanos e compreensivos. Enérgicos, quando necessário, mas nunca são autoritários. O QUE DIZ KARDEC? Em O Livro dos Espíritos , questão 501, Kardec aborda este tema ao perguntar: – Por que a ação dos Espíritos em nossa vida é oculta, e por que, quando eles nos protegem, não o fazem de maneira ostensiva? Resposta dos Espíritos: “Se contásseis com o seu apoio, não agiríeis por vós mesmos e o vosso Espírito não progrediria. Para que ele possa adiantar-se, necessita de experiência e em geral é preciso que adquira à sua custa; é necessário que exercite as suas forças, sem o que seria como uma criança a quem não deixam andar sozinha. A ação dos Espíritos que vos querem bem é sempre regulada de maneira a vos deixar o livre-arbítrio, porque se não tivésseis responsabilidade não vos adiantaríeis na senda que vos deve conduzir a Deus. Não vendo quem o ampara, o homem se entrega às suas próprias forças; não obstante, o seu guia vela por ele e de quando em quando o adverte do perigo.” De modo direto, ainda na referida obra, Kardec passa a indagar: 504 – Podemos sempre saber o nome do nosso Espírito protetor ou anjo da guarda? R: “Como quereis saber nomes que não existem para vós? Acreditais, então, que só existem os Espíritos que conheceis?” 504 – a) Como então o invocar, se não o conhecemos? R: “Dai-lhe o nome que quiserdes, o de um Espírito superior pelo qual tendes simpatia e veneração; vosso espírito protetor atenderá a esse apelo, porque todos os bons Espíritos são irmãos e se assistem mutuamente.” O CRISTO COMO GUIA DE TODOS NÓS O instrutor espiritual Miramez, através do livro Médiuns , pela psicografia de João Nunes Maia, ilumina nossa mente ao dissertar que a primeira preocupação dos candidatos ao desenvolvimento mediúnico é saber quem são os seus guias. Na sequência, o benfeitor espiritual nos recomenda que não concentremos demasiada atenção na busca incessante pela identidade de nosso protetor espiritual. Ao invés disso, devemos relembrar a passagem onde Jesus afirma ser o caminho, a verdade e a vida, e que ninguém vai ao Pai senão por ele (João 14:6). Desse modo, considerando o Cristo como nosso guia principal, os outros Espíritos se manifestarão de forma natural, sem que precisemos insistir as vossas presenças. Ainda na referida obra, arremata Miramez: "Não vamos tirar de todo o direito, e esse não é o nosso propósito, do médium interessar-se pela personalidade espiritual que o dirige ou acompanha. O que o bom senso reclama é não tornar isso um fanatismo. ” Portanto, não é necessário para o médium saber o nome ou quem é o seu mentor espiritual. Caso isso seja oportuno – útil e proveitoso –, tal situação ocorrerá de maneira natural, espontânea, pois a própria espiritualidade sabe quando deve ou não se manifestar. De outro modo, o médium invigilante, insistindo no desejo pueril de descobrir insistentemente o nome do seu protetor espiritual, acaba por ser vítima da sua própria vaidade e ambição, abrindo precedentes para o fanatismo, a mistificação, a fascinação e, em alguns casos, a possessão. ANÁLISE DAS MENSAGENS DOS GUIAS ESPIRITUAIS Como praxe, todas as Casas Espíritas e, consequentemente, seus grupos mediúnicos, recebem – com certa frequência – comunicações provenientes dos seus guias e mentores espirituais, responsáveis pelos trabalhos em andamento. Sobre este tópico, Hermínio C. Miranda, em Diversidade dos Carismas , nos encoraja a adotar uma abordagem racional ao avaliar todas as mensagens e informações obtidas pelo grupo mediúnico, independentemente do médium que as recebeu ou dos Espíritos que as assinaram. Segundo o autor, referindo-se aos guias espirituais que se comunicam nas reuniões, se eles forem mesmo o que dizem ser, não se aborrecerão com isto (com a análise racional da mensagem) ; ao contrário, chegarão até a sugeri-lo. A fé raciocinada e o bom senso, a vigilância e a prudência, bem como os ensinamentos de Kardec por meio de suas obras, devem sempre prevalecer diante de qualquer intercâmbio espiritual, ainda mais se estas comunicações forem assinadas por entidades elevadas e de renome. O grupo deve também atentar para supostos guias  que se apresentam de forma autoritária e impaciente, ditando ordens, impondo comportamentos esdrúxulos e exigindo determinadas posturas e vestimentas próprias, como adereços, entre outros. Os elogios fartos e constantes também devem ser vistos como sinal de alerta. Diante disso, o grupo unido e coeso deve examinar todas essas questões com bastante racionalidade, senso crítico e cautela, não se deixando envolver em armadilhas terríveis, cuja consequência é sempre dolorosa. Por fim, no que tange a este tema, de acordo com a obra supracitada, esclarece-nos o autor e pesquisador espírita Hermínio C. Miranda: “Os espíritos confiáveis, mesmo quando tem de advertir, fazem-no com respeito ao livre-arbítrio, e à condição daqueles a quem se dirigem. Preferem aconselhar de maneira indireta, que sirva para todo o grupo, sem agredir, sem proibir, sem expor ninguém ao ridículo ou à repreensão pública ou reservada, e são muito sombrios, quase avaros no elogio. ” Texto extraído do livro   Mediunidade com Kardec   de  Patrick Lima . Capítulo 5: Mentores Espirituais Pergunta 50: Quem é o meu mentor espiritual? Como posso descobrir sua identidade? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MIRANDA , Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição. KARDEC , Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB; 93ª edição. Rio de Janeiro, 2014. MAIA , João Nunes (psicografia). Médiuns. Miramez (espírito). Fonte Viva, 19ª edição, 2017.

  • 51. Como os guias espirituais se comunicam com aqueles que estão sob sua orientação?

    Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo. (O Espírito da Verdade, Paris, 1860 – O Evangelho Segundo o Espiritismo ) Parafraseando o instrutor espiritual Miramez, compreenderemos que a mediunidade ocorre com maior frequência dentro do nosso próprio lar, porém, de maneira inspirativa e intuitiva; nunca por meio dos processos utilizados pelo Espiritismo, a exemplo da psicofonia. ( Médiuns , pela psicografia de João Nunes Maia) De tal modo, os guias espirituais costumam nos intuir e inspirar através do livro, principalmente aqueles voltados para a nossa educação moral e sentimental. Portanto, todo candidato a médium deve buscar como companhia diária livros que tenham como base o amor, a conduta no bem, o levantamento do nosso ânimo, a prática da caridade, dentre outras virtudes. INSPIRAÇÃO E INTUIÇÃO Tais inspirações e intuições também podem ser obtidas de outras formas. Entretanto, o medianeiro, ao ler um livro edificante, torna-se mais receptivo a absorver as boas vibrações da espiritualidade superior, pois eleva o seu pensamento na medida em que reflete sobre os ensinamentos contidos em cada página. Esse é o mesmo princípio utilizado pelos benfeitores espirituais durante as palestras espíritas, sejam elas presenciais – nas casas espíritas – ou virtuais. Em Mediunidade: Desafios e Bênçãos , o benfeitor Manoel Philomeno de Miranda – pela psicografia de Divaldo Franco – disserta a respeito da boa leitura ao escrever: “As leituras portadoras de mensagens enriquecedoras de paz e de sabedoria conseguem arquivar-se na memória, substituindo as fixações doentias e mesmo conseguindo anulá-las.” AMAI-VOS E INSTRUÍ-VOS Jesus Cristo – O Espírito da Verdade – foi imensamente sábio ao recomendar-nos, além do amor, a instrução. Nenhuma outra doutrina destinou tanta energia para trazer ao mundo livros com grande teor moral, intelectual, científico e filosófico como o Espiritismo. Dessa forma, encontraremos na doutrina dos Espíritos livros que são verdadeiros alimentos para a alma. Além disso, o médium também pode procurar outras fontes literárias para sua instrução fora do acervo espírita, bebendo de diversas fontes, porém, filtrando e tirando sempre aquilo que lhe corresponde. Eis alguns dos princípios da fé raciocinada: o questionamento, a reflexão e a absorção dos bons conteúdos. Texto extraído do livro   Mediunidade com Kardec   de  Patrick Lima . Capítulo 5: Mentores Espirituais Pergunta 51: Como os guias espirituais se comunicam com aqueles que estão sob sua orientação? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KARDEC , Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile. 21ª edição. Editora Boa Nova, 2017. MAIA , João Nunes (psicografia). Médiuns. Miramez (espírito). Fonte Viva, 19ª edição, 2017. FRANCO , Divaldo Pereira (psicografia). Mediunidade: Desafios e Bênçãos. Manoel Philomeno De Miranda (espírito). Editora LEAL, 2019.

  • 53. O Espiritismo acredita no diabo e nos demônios?

    Conforme destacado em O Livro dos Espíritos , a partir da questão nº 100, os seres conhecidos como anjos são Espíritos que, após percorrerem uma vasta escala evolutiva, alcançaram a pureza e a perfeição. Dessa forma, compreendemos que há uma escala de infinitos matizes entre o átomo e o arcanjo , contemplando assim, entidades de todas as ordens, classes, categorias, sentimentos e pensamentos variados. ( vide questão 49 ) Portanto, o diabo , assim como os demônios , não são seres criados a parte, mas, as almas dos próprios homens que ainda se comprazem na maldade, na ira, em manipular o próximo, causando discórdia, guerras, etc. Ou seja, são Espíritos que ainda não atingiram a perfeição, encontrando-se nos primeiros degraus da sua senda evolutiva . Allan Kardec, na obra O Céu e o Inferno , discorre sobre esse assunto ao escrever: Há Espíritos, por conseguinte, em todos os graus de saber e de ignorância, de bondade e de maldade. Nas posições inferiores, há os que estão ainda profundamente inclinados ao mal, e nele se comprazem. Pode-se chamá-los demônios, se se quiser, pois são capazes de todas as maldades atribuídas a estes últimos. Se o Espiritismo não lhes dá esse nome, é que se vincula a ele a ideia de seres distintos da humanidade, de uma natureza essencialmente perversa, devotados ao mal por toda a eternidade e incapazes de progredir no bem. Ainda na referida obra, o filho de Lyon compara a visão da igreja com a do Espiritismo sobre os seres conhecidos como demônios : Segundo a doutrina da Igreja, os demônios foram criados bons, e tornaram-se maus por sua desobediência: são anjos caídos; foram colocados por Deus no alto da escala, e desceram. Segundo o Espiritismo, são Espíritos imperfeitos, mas que se aperfeiçoarão; ainda estão na parte inferior da escala, e subirão. Para melhor compreensão, meditemos no ensino dos Espíritos, extraídos da questão 131 de O Livro dos Espíritos : – Há demônios, no sentido que se dá a esta palavra? Resposta dos Espíritos: Se houvesse demônios, seriam obra de Deus. Mas, porventura, Deus seria justo e bom se houvera criado seres destinados eternamente ao mal e a permanecerem eternamente desgraçados? Se há demônios, eles se encontram no mundo inferior em que habitas e em outros semelhantes. São esses homens hipócritas que fazem de um Deus justo um Deus mau e vingativo, e que julgam agradá-lo por meio das abominações que praticam em seu nome. ORIGEM DO TERMO "DEMÔNIO" Para concluirmos, após a resposta dada pelos Espíritos na pergunta acima, Kardec acrescenta que a palavra demônio não implica a ideia de Espírito mau, senão na sua acepção moderna, porquanto o termo grego daímōn, donde ela derivou, significa gênio, inteligência e se aplicava aos seres incorpóreos, bons ou maus, indistintamente. Por demônios, acrescenta o codificador, segundo a acepção vulgar da palavra, se entendem seres essencialmente malfazejos. Como todas as coisas, eles teriam sido criados por Deus. Ora, Deus, que é soberanamente justo e bom, não pode ter criado seres prepostos, por sua natureza, ao mal e condenados por toda a eternidade. Se não fossem obra de Deus, existiriam, como ele, desde toda a eternidade, ou então haveria muitas potências soberanas. [...] REPRESENTAÇÃO ALEGÓRICA DO MAL Dando continuidade, Kardec destaca que o termo demônios refere-se aos Espíritos impuros, cuja condição frequentemente não é superior à das entidades comumente chamadas por esse nome. No entanto, há uma distinção importante: o estado desses Espíritos é temporário. São seres imperfeitos que se revoltam contra as provas que lhes são destinadas, prolongando assim seu sofrimento. Contudo, quando decidirem, também poderão superar essa condição. Por fim, Kardec reitera que não existem seres criados exclusivamente para o mal, tal como a ideia que temos da figura de Satanás . Segundo o codificador, o termo Satanás é, na verdade, uma representação alegórica do mal, pois não se pode conceber a existência de um ser maligno que pudesse competir com a Divindade e cujo único objetivo fosse opor-se aos seus desígnios. Texto extraído do livro   Mediunidade com Kardec   de  Patrick Lima . Capítulo 5: Mentores Espirituais Pergunta 53: O Espiritismo acredita no diabo e nos demônios? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KARDEC , Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB; 93ª edição. Rio de Janeiro, 2014. KARDEC , Allan. O Céu e o Inferno ou a justiça divina segundo o Espiritismo. Tradução de Manuel Quintão. FEB Editora, 2018.

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