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38. O médium pode trabalhar, simultaneamente, em mais de um centro espírita?

Na questão anterior (vide questão 37) – cuja leitura recomendamos para um melhor entendimento em relação ao tema aqui explanado – pincelamos de modo resumido alguns episódios de médiuns espíritas que, por uma série de fatores, passam a trabalhar simultaneamente em diversas casas espíritas e/ou espiritualistas. Dando continuidade à nossa linha de raciocínio, destacamos abaixo alguns pontos relevantes sobre o conteúdo proposto.

Imagem colorida e de alta resolução de Allan Kardec, com um fundo escuro semelhante a uma lousa escolar. A imagem destaca o retrato de Kardec em um estilo detalhado e nítido.
O médium pode trabalhar, simultaneamente, em mais de um centro espírita?

Em O Livro dos Médiuns (cap. XX, questão 228), Allan Kardec já apontava que, muitas vezes, o orgulho é despertado no médium pelos que o cercam. Se ele tem faculdades um pouco transcendentes, é procurado e gabado e entra a julgar-se indispensável. Logo toma ares de importância e desdém, quando presta a alguém o seu concurso.


Antes de mais nada, seria oportuno ao médium e aos demais trabalhadores espíritas que se encontrem nessa situação, ou que estejam pensando em trabalhar, de modo concomitante, em mais de um centro espírita e/ou espiritualista, se perguntarem:


  • Quais motivos estão por trás dessa necessidade de querer trabalhar em diversas frentes espirituais?

  • Será que essa vontade é estimulada por um orgulho oculto, no qual me sinto indispensável nas tarefas que pretendo participar?

  • Existe alguma restrição quanto ao trabalho mediúnico em diferentes centros espíritas/espiritualistas?

  • Eu sou capaz de conciliar, com a mesma qualidade, o trabalho em diversos centros?

  • Os dirigentes das casas que frequento sabem que eu trabalho em outros locais de forma simultânea? Recebi da parte deles alguma instrução/orientação quanto a essa circunstância?

  • Há alguma questão ética, moral ou psicológica que eu não esteja levando em consideração?

  • Existe algum benefício real em trabalhar em diversas linhas espirituais ao mesmo tempo?


Com base nas respostas acima, o médium são e consciente já é capaz de começar a discernir sobre a sua conduta. Porém, já podemos adiantar que o medianeiro espírita tem seu trabalho realizado com maior qualidade e excelência quando vinculado a uma única casa. Isso não o impede, quando além de médium também seja orador ou palestrante, de colaborar na programação de outras instituições ou, até mesmo, em trabalhos sociais distintos.



AFINIDADE E SINTONIA


Na vida e em qualquer lugar do universo, tudo é questão de sintonia. Sendo assim, é aconselhável ao medianeiro que busque a casa espírita – ou qualquer outro local – que ele mais sinta afinidade e identificação.


No caso da equipe mediúnica, todos os membros devem manter entre si o sentimento de fraternidade, respeito, estima e união; não ocorrendo este preceito, estando um membro deslocado quanto à vigilância, já é o bastante para que o agrupamento esteja em desalinho e comprometido em sua estrutura.


A este respeito, em Diversidade dos Carismas, o autor Hermínio C. Miranda destaca que “o trabalho mediúnico sério exige, de fato, ambientes reservados, severos padrões de disciplina, afinidades entre seus diversos membros, assiduidade e inúmeros outros componentes...”


Na obra acima citada, Hermínio complementa ao dizer que a mediunidade não deve ser exercida senão com a sustentação de um grupo amigo e afim, harmonioso e equilibrado.


Em todos os casos, é de suma importância que o médium encontre a casa e o grupo de trabalho que ele tenha apreço e afinidade (e que esses sentimentos sejam recíprocos), sendo este o melhor local para o desenvolvimento do seu trabalho espiritual. Se, por vezes, essa afinidade e harmonia diante da equipe mediúnica é difícil de se estabelecer quando o médium trabalha em apenas um grupo, imagina quando este participa de diversos grupos simultaneamente?


Desse modo, como advertência, não recomendamos ao medianeiro a pretensão de querer compor vários agrupamentos mediúnicos ao mesmo tempo, principalmente em locais distintos, isto é, em diferentes casas espíritas e/ou espiritualistas.



QUEM MUITO ABARCA, POUCO APERTA


Embora Kardec não tenha abordado diretamente essa questão, trazemos a colaboração do livro espírita, em especial a obra Diretrizes de Segurança - Mediunidade, cuja colaboração do médium e orador espírita Divaldo Pereira Franco nos é de grande valia acerca do assunto ventilado.

Questão 117. O que podemos pensar da atitude de muitos que, à guisa de cooperarem com vários Centros Espíritas, na segunda-feira, frequentam um trabalho num determinado Centro; na terça estão num trabalho mediúnico, noutro Centro; na quarta-feira num terceiro, e assim sucessivamente?


RESPOSTA DE DIVALDO FRANCO: "Há um ditado que diz: 'quem muito abarca, pouco aperta'. Quem pretende fazer tudo, faz sempre mal todas as coisas. Por que essa pretensão de ajudar a todos? Se cada um cumprir com seu dever, com dedicação, no local em que o Senhor o colocou, estará realizando um trabalho nobilitante. A presunção de atender a todos é, de certo modo, uma forma de autossuficiência, pois quem assim age acredita que, não estando em algum lugar, as coisas ali não irão bem. E quando desencarnar? Então é melhor vincular-se a um grupo de pessoas que lhe sejam simpáticas, para que as reuniões sérias, de que trata O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, possam produzir os frutos necessários e desejados."


Podemos concluir, através da coerência de pensamento acima apresentada, que o médium (ou qualquer outro trabalhador espírita) deve:


  1. Ter foco e dedicação no trabalho que pretende realizar: Trabalhando em um único local, o sujeito é capaz de dedicar mais tempo, energia e esmero ao ofício proposto. Isso faz com que as tarefas realizadas por seu intermédio tenham mais qualidade.

  2. Modéstia e humildade: Por que essa pretensão de ajudar a todos? Reconheça que nem todos os problemas podem ser solucionados por você. Procure auxiliar quando possível, mas não se sobrecarregue com responsabilidades que não lhe cabe, isto é, não tenha a pretensão ou a ilusão de que, sem a sua participação, as coisas não podem correr bem. E quando desencarnar?

  3. Afinidade: Busque estar vinculado a um grupo de pessoas com interesses e valores semelhantes, que lhe sejam simpáticas e cuja estima lhe seja recíproca.



CASAS ESPÍRITAS x TEMPLOS ESPIRITUALISTAS


Como já abordamos anteriormente, a mediunidade não foi criada pelo espiritismo, muito menos, é restrita as casas e centros espiritistas. Desse modo, teremos diversas outras religiões e doutrinas cujo intercâmbio com o mundo espiritual é parte dos seus ritos de trabalho e, em muitos casos, veremos médiuns espíritas atuando em distintas frentes espirituais. Em uma palavra: além da casa espírita, o médium também trabalha, por exemplo, em centros umbandistas ou de candomblé simultaneamente...


Desde já, não queremos dizer que uma vertente seja melhor do que a outra, pois entendemos que todos os caminhos levam a Deus, assim como todos devem estimar-se como verdadeiros irmãos, filhos de um mesmo Pai e membros de uma grande família. A única ressalva, além das acima apresentadas, é no tocante a afinidade.

Se a afinidade é um dos pilares para que uma reunião mediúnica ocorra de forma séria e elevada, além das advertências tão bem explanadas por Kardec, como poderia o mesmo médium manifestar singular harmonia nos diversos ambientes em que trabalha, se essas variadas frentes em que ele atua apresentam diretrizes e filosofias diferentes e, por vezes, contrárias entre si?


Por um lado, o espiritismo prega – a título de exemplo – a gratuidade em seus atendimentos, sendo que essa mesma diretriz não é seguida por outras linhas que se utilizam da mediunidade para suas ações de trabalho. Aqui não levanto o mérito de certo ou errado, apenas abordo as diferenças filosóficas entre o que nos deixou Allan Kardec – por meio da codificação –, e a maneira de agir apresentada por outras doutrinas/religiões mediúnicas. Como conciliar moral, ética e energeticamente essas diferenças de atuação?


Em vista disso, é fundamental que o médium tenha o discernimento para escolher a casa e o local de trabalho espiritual que ele mais tenha simpatia e afeição, isto é, que ele mais goste, que mais se sinta à vontade e bem acolhido. Escolhendo à sua casa de coração, independentemente de qual religião ou doutrina ela venha a pertencer, o medianeiro pode entregar-se com mais desvelo, amor, carinho e comprometimento.


Logo, médium amigo, se ainda não sabes onde queres fortalecer as tuas raízes, roga a Deus a sabedoria e busca sentir no teu coração os impulsos divinos, que, sem dúvidas, encontrarás o teu posto de serviço. No fim das contas, a lei de sintonia e afinidade nunca falha e, com isso, ingressamos de forma amiúde sempre onde encontramos os nossos pares energéticos, ou seja, sempre estaremos cercados por aqueles que estejam em nossa mesma vibração (encarnados e desencarnados), com os mesmos propósitos, sempre de acordo com o nosso momento evolutivo, seja ele espiritual, intelectual ou moral. 



 


Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima.

Capítulo 4: O Médium e a Casa Espírita

Pergunta 38: O médium pode trabalhar, simultaneamente, em mais de um centro espírita?

Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed.



 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004.

MIRANDA, Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição.

FRANCO, Divaldo Pereira; TEIXEIRA, Raul. Diretrizes de Segurança - Mediunidade. InterVidas, 2012.

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