Doutrinador, dialogador, orientador ou médium esclarecedor, são alguns dos termos comumente utilizados para descrever o trabalhador espírita responsável pelo diálogo, orientação, educação e esclarecimento acerca dos princípios e ensinamentos da doutrina espírita, tanto para os Espíritos desencarnados, como os encarnados, em uma reunião mediúnica.

Em O Livro dos Médiuns, Kardec nos oferece valiosas diretrizes para a execução de uma reunião mediúnica com propósito sério e elevado – evitando a frivolidade e o uso da mediunidade para fins egoístas ou triviais –, bem como, da importância de instruir e orientar os Espíritos que estejam necessitados de esclarecimentos, etc. Porém, no decorrer da codificação espírita não iremos encontrar, em nenhuma das 23 obras assinadas por Kardec, qualquer menção direta ao termo doutrinador ou quaisquer outras variáveis desse vocábulo.
Desse modo, é bem provável que, à medida que a doutrina dos espíritos tenha se expandido, principalmente em solo brasileiro, as atividades ocorridas nos centros espíritas, dentre elas as reuniões mediúnicas, tenham sofrido algumas reformulações, sendo melhores estruturadas e organizadas. Essa sistematização foi a responsável por definir e distribuir os trabalhadores espíritas em suas respectivas funções, dentre eles: os médiuns ostensivos, dialogadores, dirigentes, passistas, oradores, etc.
Foi de forma natural e gradativa que, muito provavelmente, o termo doutrinador tenha se tornado popular dentro do movimento espírita brasileiro, sendo usado de modo informal para designar o responsável por dialogar e esclarecer os Espíritos em atendimento. Embora não exista um registro específico – até o presente – de quando e onde essa expressão tenha sido usada pela primeira vez, sua origem e utilização estão intimamente ligadas ao desenvolvimento e à prática da mediunidade nos centros espíritas, bem como da organização e sistematização adotada pelo movimento espírita em expansão.
Já no Brasil, autores e oradores espiritistas como Chico Xavier e Divaldo Franco, por exemplo, sempre destacaram – em seus livros e/ou palestras – a importância de um orientador experiente frente as sessões mediúnicas, o que contribuiu para a popularização e a formalização do papel do dialogador em uma reunião espírita.
Estando a par desses informes históricos, passemos as principais características que um dialogador precisa possuir – ou ao menos se esforçar para possuir – perante as responsabilidades assumidas diante do grupo mediúnico e da causa espírita.
CARACTERÍSTICAS DE UM BOM DIALOGADOR
Conhecimento acerca do Espiritismo e das obras de Allan Kardec;
Conhecimento e Prática da Mediunidade: Um bom dialogador deve possuir conhecimento no que diz respeito a mediunidade e seus diversos tipos e especificações, além dos processos medianímicos;
O bom dialogador deve possuir equilíbrio emocional, mantendo a calma e a serenidade, mesmo em situações de tensão ou conflito durante as sessões mediúnicas;
Sabe ouvir atentamente o que lhe é dito, respondendo de maneira adequada por meio de um diálogo construtivo e respeitoso.
Vive e pratica o que diz: um bom doutrinador deve exemplificar os princípios espíritas em sua própria vida, demonstrando moralidade, ética e integridade.
Ao conversar, faz isso de modo coloquial (informal), comunicando-se de forma clara, objetiva e acessível, evitando jargões e termos complicados que possam confundir os participantes ou os Espíritos.
Não usa tom salvacionista ou catequizador;
Fica atento a humildade, para não se deixar levar pelo ego, querendo se mostrar como superior; sabe reconhecer seus próprios limites, além de estar sempre disposto a aprender e melhorar;
Evita diálogos longos, debates intelectuais e discussões inconsequentes;
Seu diálogo é voltado para o socorro, despertando o Espírito em atendimento para o momento em que se encontra.
Desinteresse Material: O doutrinador deve realizar seu trabalho de forma voluntária, sem buscar ganhos financeiros ou quaisquer tipos de vantagens pessoais, seja através da própria espiritualidade (favores ou méritos que possa pensar em obter), como também do meio social em que está inserido;
Trabalho em Equipe: Deve saber trabalhar em harmonia com os demais membros da equipe mediúnica, respeitando e valorizando as contribuições de cada um;
Paciência e persistência: Paciência para lidar com Espíritos de diversas estirpes e para esclarecer dúvidas recorrentes dos participantes; persistência para continuar firme no seu papel, mesmo diante de desafios ou dificuldades.
Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima.
Capítulo 4: O Médium e a Casa Espírita
Pergunta 40: Quais são as características de um bom dialogador?
Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004.