Allan Kardec já nos alertava em O Livro dos Médiuns – capítulo XVIII – acerca dos inconvenientes e perigos da mediunidade ao dizer:
– Os riscos da mediunidade dependem do estado físico e moral de cada indivíduo. Ou seja, o comportamento moral do médium determina a sua felicidade ou o seu padecimento angustioso.
– Há médiuns que possuem uma saúde impecável, enquanto outros já são mais debilitados. A causa dessa debilidade não está na mediunidade, visto que a mediunidade não é algo patológico; aqueles são doentes o são por outras causas.
– O exercício prolongado da mediunidade, assim como de toda e qualquer faculdade, pode levar a fadiga. É necessário um tempo de repouso para a reposição dos fluidos gastos durante as atividades mediúnicas.
– O médium percebe quando está cansado e nesse caso, deve buscar repouso, ausentando-se do exercício mediúnico ou pelo menos, moderando a sua atividade. Isto varia de médium para médium, a depender do estado físico de cada medianeiro.
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Com relação à loucura, Kardec foi enfático ao perguntar:
– A mediunidade poderia causar a loucura?
Resposta dos Espíritos:
“Não mais que qualquer outra coisa, quando não há predisposição pela fraqueza do cérebro. A mediunidade não causará a loucura, se esta já não existir em germe, mas, se este existe, o que é fácil reconhecer pelo estado moral da pessoa, o bom senso diz que devemos tomar muito cuidado, porque toda causa de abalo pode ser prejudicial.”
Segundo o codificador do Espiritismo, há pessoas que devem evitar toda causa de superexcitação, e a prática da mediunidade é uma delas. Portanto, a mediunidade está para todos – já que todos somos médiuns em um determinado grau – mas nem todos estão para a mediunidade.
A MEDIUNIDADE É UMA DOENÇA?
Em Diversidade dos Carismas, o autor Hermínio C. Miranda informa que “a mediunidade não é doença, nem indício de desajuste mental ou emocional - é uma afinação especial de sensibilidade. Como na música, somente funciona de maneira satisfatória o instrumento que não apresenta rachaduras, cordas arrebentadas, desafinadas ou qualidade duvidosa. [...] Isto quer dizer que não apenas o instrumento tem de estar afinado e em bom estado, mas harmonicamente integrado na orquestra em que atua.”
Na supracitada obra, Hermínio de Miranda destaca que “a mediunidade não é um estado patológico e não deve ser exercida à custa da aniquilação da saúde física do médium.”
MEDIUNIDADE E DISTÚRBIOS
O Espírito Vianna de Carvalho, através da psicografia de Divaldo P. Franco, no livro Médiuns e Mediunidades, capítulo 7, nos esclarece a respeito da mediunidade:
“Às vezes, quando do aparecimento da mediunidade, surgem distúrbios vários, sejam na área orgânica, através de desequilíbrios e doenças, ou mediante inquietações emocionais e psiquiátricas, por debilidade da sua constituição fisiopsicológica. Não é a mediunidade que gera o distúrbio no organismo, mas a ação fluídica dos Espíritos que favorece a distonia ou não, de acordo com a qualidade de que esta se reveste. Por outro lado, quando a ação espiritual é salutar, uma aura de paz e de bem-estar envolve o medianeiro, auxiliando-o na preservação das forças que o nutrem e sustentam durante a existência física. A mediunidade, em si mesma, não é boa nem é má, antes, apresenta-se em caráter de neutralidade, ensejando ao homem utilizá-la conforme lhe aprouver, desse uso derivando os resultados que acompanharão o medianeiro até o momento final da sua etapa evolutiva no corpo.”
Complementando seu raciocínio na obra acima exposta, arremata Vianna de Carvalho:
“O exercício correto da mediunidade, a educação das forças nervosas, a canalização dos valores morais para o bem, brindam o indivíduo com equilíbrio, harmonia, dele fazendo mensageiro da esperança, operário da caridade e agente do amor, onde quer que se encontre, a serviço da própria elevação espiritual.”
Em suma, o exercício saudável da mediunidade não traz consigo problemas.
DOENÇAS E ENFERMIDADES
Nos casos obsessivos, a simples presença do Espírito vingativo – em desequilíbrio – já é suficiente para dar início a uma série desencadeante de doenças e enfermidades.
Quando a doença é originária de alguma debilidade orgânica, ou seja, sem ter inicialmente a influência de obsessores, estes por sua vez, aproveitam-se desse momento de fragilidade orgânica da sua vítima para infligir descargas energéticas mórbidas, intensificando a patologia existente.
Em outros termos, o Espírito obsessor pode até não ter sido, nesse caso, o causador da enfermidade, porém, aproveita-se da situação, agravando o padecimento da sua vítima, para melhor lhe senhorear o psiquismo, e dependendo do gravame existente entre ambos, levando em conta a lei de causa e feito, mérito e demérito, a morte do seu objeto de vingança.
Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima.
Capítulo 3: Prudência Mediúnica Pergunta 22: A mediunidade pode levar à loucura?
Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004.
MIRANDA, Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição.
FRANCO, Divaldo Pereira (psicografia). Médiuns e Mediunidades. Vianna de Carvalho (espírito). 9. ed. Salvador: LEAL, 2015.