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08. A mediunidade é de natureza orgânica ou espiritual?

O codificador da doutrina espírita – Allan Kardec – elucida que a mediunidade é inerente ao ser humano, a depender de uma predisposição orgânica, onde cada pessoa a manifesta em maior ou menor grau, sendo raro aquele que dela não apresente nenhum rudimento.

Imagem colorida e de alta resolução de Allan Kardec, com um fundo escuro semelhante a uma lousa escolar. A imagem destaca o retrato de Kardec em um estilo detalhado e nítido.
A mediunidade é de natureza orgânica ou espiritual?

Sendo assim, Kardec passou a denominar como médiuns – como forma de organização e clareza dos seus estudos e pesquisas – somente aqueles que a manifestam em um nível razoável de ostensividade, ou seja, os indivíduos que de forma acentuada apresentam habilidade de comunicação entre os planos físico e espiritual.



FACULDADE DA ALMA


Em Mediunidade: Desafios e Bênçãos, o Espírito Manoel Philomeno de Miranda – pela psicografia de Divaldo Franco – nos ensina que a mediunidade é uma faculdade da alma, que se reveste de células no corpo, a fim de permitir a decodificação da onda do pensamento procedente de outra dimensão, para torná-la de entendimento objetivo.


Na obra Médiuns e Mediunidades, o Espírito Vianna de Carvalho (por Divaldo Franco) ressalta que a mediunidade, por proceder do Espírito, exige cuidados especiais e competente educação.



PERISPÍRITO - SEDE DA MEDIUNIDADE


Já a médium Yvonne do Amaral Pereira em seu livro Recordações da Mediunidade, orientada pelo respeitável Espírito Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, nos diz:


“Existem mediunidades que do berço se revelam no seu portador, e estas são as mais seguras, porque as mais positivas, frutos de longas etapas reencarnatórias, durante as quais os seus possuidores exerceram atividades marcantes, assim desenvolvendo forças do perispírito, sede da mediunidade, vibrando intensamente num e noutro setor da existência e assim adquirindo vibratilidades acomodatícias do fenômeno.”



ORIGEM ESPIRITUAL


Hermínio C. Miranda – em Diversidade dos Carismas – ratifica esse pensamento ao afirmar:


“A tendência natural de quem observa a mediunidade em exercício é a de considerar o médium como um corpo físico, quando, na realidade, médium, de fato e de direito, é o perispírito, que funciona sempre como agente de ligação entre corpo e a unidade de comando, situada na individualidade.”


Sendo assim, podemos considerar que a mediunidade é de origem espiritual, localizada em nosso perispírito. Quando o Espírito está encarnado, a mediunidade reflete em seu corpo físico através de uma predisposição orgânica que influencia no maior ou menor grau de sua ostensividade. Essa condição orgânica acima mencionada vem sendo estudada por grandes teóricos e pesquisadores, sendo René Descartes um dos seus pioneiros.



GLÂNDULA PINEAL | EPÍFESE


Em meados do século XVII, o autor da célebre frase “Penso, logo existo”, o filósofo, físico e matemático francês René Descartes, tecia em sua obra-prima Meditações Metafísicas, alguns comentários a respeito da glândula pineal (também chamada de epífise), apresentando-a como a "sede da alma no corpo" e o órgão capaz de captar e traduzir impressões espirituais para o nosso cérebro.


Mesmo sendo considerado o fundador da filosofia moderna e um dos pensadores mais importantes e influentes da história do pensamento ocidental, Descartes teve suas sentenças a respeito da glândula pineal relegadas ao misticismo e ocultismo, sendo-as descreditadas pelos seus contemporâneos.



O QUE DIZ KARDEC?


A respeito do tema, Allan Kardec não se refere diretamente à glândula pineal, contudo, informa em O Livro dos Espíritos que o processo mediúnico é orgânico, respeitando de modo imprescindível à estrutura física do médium. Essa condição orgânica exige a indispensabilidade de um órgão que conceba os recursos materiais para o processo mediúnico, sendo este órgão conhecido atualmente como glândula pineal, epífise neural ou terceiro olho.



EPÍFISE (PINEAL) POR ANDRÉ LUIZ


Em Missionários da Luz, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, o instrutor Alexandre em conversação com o autor espiritual André Luiz, resumidamente destaca que a epífise/pineal governa o campo da sexualidade, assegura o intercâmbio com o mundo espiritual através da mediunidade, converte energia mental em estímulo nervoso, é a responsável por ligar o corpo físico ao Espírito, além de comandar os fenômenos relacionados à emotividade.



IMPORTÂNCIA DA GLÂNDULA PINEAL (EPÍFISE)


É inegável a importância da glândula pineal (epífise) nos processos acima citados, além da importância do corpo físico em todos esses trâmites. Com o advento do Espiritismo e os inúmeros livros psicografados – ou de autoria própria – que nos chegam continuamente, a exemplo das obras sérias, idôneas e confiáveis que estamos expondo no decorrer deste trabalho, temos hoje acesso a diversos acontecimentos no mundo espiritual que nos fazem investigar e repensar que a mediunidade não é restrita somente ao corpo físico (como muitos acreditam), mas relativa ao próprio Espírito.



NATUREZA ESPIRITUAL E ORGÂNICA


O benfeitor Miramez por meio da obra Segurança Mediúnica – psicografia de João Nunes Maia – esclarece que a mediunidade não depende de qualidades humanas para existir na sua função natural.


Sendo assim, o portador desta faculdade a manifesta tanto no plano físico – quando encarnado – como no plano espiritual – em perispírito, seja através do desdobramento nas noites de sono fisiológico ou após o desencarne.


Acerca deste assunto, trazemos à tona as contribuições de Hermínio Corrêa de Miranda, um dos mais proeminentes pesquisadores e escritores espíritas do Brasil, que em seu livro Diálogo com as Sombras aborda como as atividades dos trabalhadores mediúnicos não se restringem as sessões mediúnicas ou somente ao plano físico/terrestre:


“Durante a noite, enquanto adormecemos no corpo físico, nossos Espíritos, desprendidos, parcialmente libertos, juntam-se aos benfeitores para o preparo das futuras tarefas mediúnicas. Descemos, com eles, às profundezas da dor e, muitas vezes, realizamos, com eles, autênticas sessões em pleno Espaço, para o tratamento preliminar de companheiros já selecionados para a experiência mediúnica, ou irmãos que, já atendidos por nós, necessitam, mais do que nunca, de assistência e amparo, para as readaptações e o aprendizado que os levará à reconstrução de suas vidas, desde o descondicionamento a dolorosas e lamentáveis concepções até o preparo de uma nova encarnação.”


Hermínio C. Miranda volta a ratificar esse pensamento, dessa vez em Diversidade dos Carismas, ao escrever:


“Com frequência observamos que o trabalho continua pela noite adentro. Em nossos desdobramentos durante a semana somos levados a visitar pessoas encarnadas ou desencarnadas, em locais diversos, muitas vezes nos próprios núcleos ou instituições onde militam os companheiros que se acham em tratamento no grupo mediúnico. Algumas vezes é trabalho complementar, outras, é tarefa preliminar ou de observações. Somos, também, levados a reuniões de estudo e debate, assistimos a palestras, recebemos instruções, tomamos conhecimento de planos e estratégias de trabalho a desenvolver, sempre sob a supervisão de nossos orientadores espirituais.”


Segundo os informes do referido autor (Hermínio C. Miranda), os trabalhos mediúnicos (amparo aos sofredores, choque anímico, etc) continuam durante a noite, no período em que o médium está dormindo e seu corpo desprendido parcialmente através do sono. Deste modo, a mediunidade não é algo limitado ao corpo físico, mas um processo de constante evolução, permitindo ao Espírito encontrar e alcançar as ferramentas necessárias ao seu progresso e adiantamento, esteja ele encarnado ou não.


O benfeitor Manoel Philomeno de Miranda, em Mediunidade: Desafios e Bênçãos (pela psicografia de Divaldo Franco), confirma estas informações ao escrever:


“Os membros que os constituem estarão sempre atentos aos compromissos assumidos, de forma que possam cooperar com os mentores em qualquer momento que se faça necessário, mesmo fora do dia e horário estabelecidos.”



MÉDIUNS DESENCARNADOS


Já o autor espiritual André Luiz registra no livro Libertação (através da mediunidade de Chico Xavier), capítulo 3 com o título Entendimento, um episódio no qual vinte médiuns realizam um trabalho de materialização no plano espiritual. Na mesma obra, capítulo 18, ocorre semelhante processo para uma segunda materialização da benfeitora Matilde.


Em Missionários da Luz (André Luiz/Chico Xavier), capítulo 17 de título Doutrinação, em um dos trabalhos envolvendo o mentor Alexandre e o autor André Luiz, visando ajudar o ex-sacerdote de nome Marinho, surge à figura de Necésio, que servirá como intérprete entre Alexandre e o ex-padre.


Em todos os trechos aqui narrados, temos como base Espíritos desencarnados exercendo funções mediúnicas no plano espiritual.


Como experiência pessoal, o médium e orador espírita Divaldo Pereira Franco conta-nos que, durante uma visita à cidade de Padova (Itália), em meio a uma pequena comitiva, ao visitar a Basílica de Santo Antônio de Pádua, percebeu a presença de sua guia espiritual Joanna de Ângelis, que lhe informou que Antônio, o Santo de Pádua, desejava transmitir uma mensagem à Terra.


A mentora explicou que, devido ao alto nível psíquico de Antônio de Pádua, Divaldo não seria capaz de captar a mensagem diretamente, e que ela (Joanna de Ângelis) intermediaria a comunicação, atuando como médium, isto é, captando o pensamento de Antônio de Pádua e retransmitindo de modo compreensível a Divaldo. Essa mensagem, assinada por Antônio de Pádua, pode ser encontrada na obra Sob a Proteção de Deus, publicada pela Editora LEAL.


O episódio narrado por Divaldo Franco não é isolado e ocorre com bastante frequência, sendo examinado e abordado por diversos autores em suas obras e pesquisas. Dentre esses autores destacamos Hermínio de Miranda e seu livro Diversidade dos Carismas (já bastante citado por aqui), que ao observar situações semelhantes à de Divaldo disserta:


O fato de funcionar o controle, ou guia espiritual do médium, como intermediário para certas comunicações, não quer dizer que todos eles operem como médiuns, no sentido habitual da palavra. Muitos deles apenas captam as emissões de pensamento de um companheiro espiritual e as retransmitem ao médium encarnado para que este possa convertê-lo em palavras escritas, faladas ou símbolos. Embora isso não deixe de ser uma intermediação, não representa, a rigor, uma forma de mediunidade tal como a conhecemos, se ficarmos adstritos ao conceito de que o médium é aquele que serve de intermediário entre os seres desencarnados e os encarnados. Há, contudo, exemplos bem caracterizados de espíritos que não apenas descrevem o que estão captando de outros espíritos, mas funcionam mesmo como médiuns de tais companheiros, servindo de ponte psíquica àquele que não tem condições de se utilizar de um médium encarnado a fim de alcançar, com seu recado, outros seres encarnados.”



MÉDIUNS, TODOS SOMOS EM AMBOS OS PLANOS DA VIDA


Para finalizar, trazemos mais uma vez a colaboração de Manoel Philomeno de Miranda, na obra acima citada, ao retratar sabiamente que:


“A mediunidade é faculdade da alma que no corpo se reveste do arcabouço de células para facultar a captação de ondas e vibrações sutis além da esfera física. [...] Médiuns, todos o somos em ambos os planos da vida [...]”


Portanto, a de ser crer, pela lógica dos incontáveis fatos apresentados pela literatura espírita que a mediunidade é um dom do espírito, tendo sua sede no corpo espiritual (perispírito); ao encarnar, o Espírito que irá ter a mediunidade aflorada, recebe um corpo físico compatível com a medianimidade que irá exercer enquanto encarnado, sendo a glândula pineal (epífese) a responsável pela mediunidade no corpo carnal. Desse modo, a mediunidade é de origem espiritual, mas também de natureza orgânica.



 


Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima. Capítulo 2: Mediunidade Sem Medo Pergunta 08: A mediunidade é de natureza orgânica ou espiritual? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed.



 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004.

FRANCO, Divaldo (psicografia). Mediunidade: Desafios e Bênçãos. Manoel Philomeno de Miranda (espírito). Editora LEAL, 2019.

FRANCO, Divaldo Pereira (psicografia). Médiuns e Mediunidades. Vianna de Carvalho (espírito). 9. ed. Salvador: LEAL, 2015.

PEREIRA, Yvonne do Amaral. Recordações da Mediunidade. Editora FEB, 1968.

MIRANDA, Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, 2019.

DESCARTES, René. Meditações Metafísicas. Tradução de Edson Bini. EdiPro, 2018.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB; 93ª edição. Rio de Janeiro, 2014.

XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da Luz. André Luiz (espírito). FEB Editora, 2018.

MAIA, João Nunes (psicografia). Segurança Mediúnica. Miramez (espírito). Fonte Viva, 2ª edição, março de 2015.

MIRANDA, Hermínio Corrêa de. Diálogo com as Sombras. FEB Editora, 2018.

MIRANDA, Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição.

XAVIER, Francisco Cândido. Libertação. André Luiz (espírito). FEB Editora, 2019.

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