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14. Como identificar com precisão o meu tipo de mediunidade?

Na segunda parte de O Livro dos Médiuns (capítulo XVI), Kardec nos assegura que um médium pode, sem dúvida, ter muitas aptidões, havendo, porém, sempre uma dominante. Ao cultivo dessa é que, se for útil, deve ele aplicar-se. Em erro grave incorre quem queira forçar de todo modo o desenvolvimento de uma faculdade que não possua. Deve a pessoa cultivar todas aquelas de que reconheça possuir os germens. Procurar ter as outras é, acima de tudo, perder tempo e, em segundo lugar, perder talvez, enfraquecer com certeza, as de que seja dotado.

Imagem colorida e de alta resolução de Allan Kardec, com um fundo escuro semelhante a uma lousa escolar. A imagem destaca o retrato de Kardec em um estilo detalhado e nítido.
Como identificar com precisão o meu tipo de mediunidade?

ESPECIALIDADE MEDIÚNICA


Em virtude dos fatos mencionados podemos inferir que a mediunidade se manifesta de variadas maneiras, de acordo com cada médium, sendo o seu detentor, muitas vezes, usufrutuário de mais de um tipo de medianimidade ao longo da sua vida. Porém, existe sempre uma especificidade medianímica na qual o médium mais irá desenvolvê-la ou que mais se mostrará explícita em sua trajetória.


Temos como exemplo Chico Xavier, que fora possuidor de inúmeros – para não dizer todos – tipos e especificidades de mediunidade, mas que teve como carro-chefe a mediunidade missionária da psicografia, na qual escreveu e publicou 412 obras (catalogadas oficialmente até o seu desencarne em 2002).



VAIDADE E AMBIÇÃO


Como visto o médium pode até possuir mais de um tipo específico de medianimidade, porém, existe a especialidade mediúnica da qual ele mais terá proveito ao desenvolvê-la. Entretanto, existem médiuns que, em nome da vaidade e ambição, mostram-se insatisfeitos com os dons que possuem e passam a almejar diversas outras faculdades (se possuem a inspiração querem a vidência; se tem vidência querem a audiência; se possuem a audiência querem a materialização, etc).


Como precaução e advertência aos médiuns, o benfeitor Miramez através do livro Segurança Mediúnica, pela psicografia de João Nunes Maia, nos diz:


“Se a mediunidade é fato natural no ser humano, a razão adverte-nos de que o seu desenvolvimento não pode desobedecer à sequência da naturalidade. Toda violência, nesse campo, tem como resposta o desastre e o desequilíbrio psicossomático. [...] Tu que estás lendo, escolhe o dom que deves desenvolver, mas escolhe com critério, e não queiras servir de instrumento de todos eles de uma só vez, porque a divisão das forças enfraquece os teus dons e não aprimora a faculdade que deveria ficar em evidência, ajudando com toda a segurança espiritual."


Em continuação ao seu pensamento, arremata o autor espiritual:


"Não deves copiar os outros, pelo que os outros estão fazendo da vida, principalmente da vida mediúnica. Cada um tem missão diferente, que nos é revelada pela intuição, mas essa intuição não funciona no ambiente da ambição. Ela vem da entrega, da entrega do ser, das coisas divinas sem interesses mesquinhos e passageiros. [...] Se não sabes e queres descobrir qual o teu dom aflorado, começa aprimorando-te intimamente, trabalha na caridade e procura amar do modo que ensinou Jesus, que tal dom irá crescendo e crescendo.



FENÔMENOS DE VARIADA NATUREZA


Em Diversidade dos Carismas, Hermínio C. Miranda destaca:


“Por outro lado, raramente a mediunidade se define com nitidez, logo de início, por esta ou aquela faculdade e raríssimas vezes ocorre tranquilamente, sem inquietações e perplexidades, às quais o médium, ainda despreparado, não sabe como esquivar-se ou controlar. Quase sempre, nessa fase inicial, os fenômenos são de variada natureza, como se houvesse um propósito deliberado em testar várias faculdades a fim de decidir qual delas é a melhor para aquele trabalhador específico.”


O autor Hermínio de Miranda, na supracitada obra, nos ensina que são os próprios Espíritos benfeitores que observam e decidem (após algumas experimentações) quais as medianimidades que cada um irá exercer. Retrata ainda que é preferível o desenvolvimento de uma única faculdade (bem desenvolvida e equilibrada) ao invés de forçar a expansão de outras (fragmentárias e sem expressão).


Dando continuidade ao seu pensamento, Hermínio C. Miranda – na supramencionada obra – nos informa que “o exercício simultâneo de inúmeras faculdades é uma desvantagem para o médium, não um traço a ser estimulado. É melhor que ele se aplique a uma ou duas das diversas modalidades, que tentar ser eclético. Dedicando-se a uma ou duas, ele poderá alcançar um desempenho adequado, seguro, competente das faculdades que melhor se apresentam nele, ao passo que, tentando apoderar-se de todas, criará problemas complexos para si mesmo, para os espíritos e para os companheiros encarnados. Dificilmente ele poderá ser tão eficiente em todas as faculdades que experimentar quanto em apenas uma ou duas.”



APTIDÃO MEDIÚNICA ESPONTÂNEA


A este respeito, por meio da obra acima exposta, o autor Hermínio de Miranda nos assegura que o médium iniciante deve ser aconselhado a desenvolver ou praticar a forma de mediunidade que espontaneamente venha se definindo nele. Se nos lembramos da observação dos espíritos de que eles se utilizam das faculdades em que o médium é mais flexível, estará indicado o caminho a seguir. Ou seja: os próprios espíritos definirão, pelo exercício, as faculdades mais apropriadas.”


Como nos orientou Allan Kardec, experimentar é sempre o melhor caminho. Durante seus estudos e trabalhos mediúnicos, o médium deve identificar as mediunidades que se manifestam através de si e qual delas é a mais ostensiva em sua vida.


De modo seguro e taxativo, Hermínio C. Miranda, em Diversidade dos Carismas, nos oferece um norte ao afirmar:


“Se, ao cabo de algum tempo, verificar-se que as faculdades embrionárias que traz no seu psiquismo não se desenvolvem, nesta ou naquela direção deve ser redirecionado para outro setor de trabalho ou desestimulado a prosseguir forçando a eclosão de faculdades para o exercício das quais não está programado.”


Dando seguimento à sua reflexão, na obra indicada, destaca o autor:


“Sabemos de casos em que, só porque a pessoa, às vezes, ouve vozes ou traça alguns rabiscos no papel, fica presa à mesa mediúnica anos à fio, segurando um lápis diante de uma folha de papel ou esperando que espíritos se manifestem por 'incorporação'. Pura perda de tempo. Poderia estar dando passes, talvez, ou visitando doentes em hospitais, arrecadando víveres para distribuir aos necessitados, ou ainda, empenhado em alguma tarefa manual no centro que frequenta. Se é verdade que todos temos algum conteúdo mediúnico em potencial, não é menos verdadeiro que nem todos estamos destinados a ser médiuns dessa ou daquela modalidade.



QUANDO O SERVIDOR ESTÁ PRONTO...


Por meio da obra acima exposta (Diversidade dos Carismas), o autor Hermínio de Miranda nos adverte que “o médium não deve exaurir-se no desenvolvimento das faculdades que possa ter em potencial, pois acabará não exercendo bem nenhuma delas; o ideal seria trabalhar com poucas faculdades, porém com eficácia e devotamento.”


Sendo assim, rogamos aos médiuns que tenham sempre paciência e menos ansiedade para descobrirem quais tipos de mediunidades irão desenvolver, pois cada semente só floresce no seu devido tempo e querer forçar o seu desabrochar, é correr o risco de perder, enfraquecer ou retardar o seu florescimento. Para muitos, não possuir determinados tipos de mediunidade – tais como a vidência e a audiência – é uma benção, pois ainda não estão preparados para esse exercício. Portanto, deixe o rio seguir seu ritmo e fluxo natural e lembre-se da célebre frase contida no livro Nosso Lar, de André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier: quando o servidor está pronto o serviço aparece.



 


Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima.

Capítulo 2: Mediunidade Sem Medo Pergunta 14: Como identificar com precisão o meu tipo de mediunidade?

Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed.



 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004.

MAIA, João Nunes (psicografia). Segurança Mediúnica. Miramez (espírito). Fonte Viva, 2ª edição, março de 2015.

MIRANDA, Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição.

XAVIER, Francisco Cândido (psicografia). Nosso Lar. André Luiz (espírito). FEB Editora, 2019.

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