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20. Como se manifesta a mediunidade em crianças?

A mediunidade obedece a um ciclo natural de afloramento, variando de pessoa pra pessoa em uma escala infinita, podendo eclodir em qualquer momento de nossa vida, desde que isso faça parte e esteja definido em nossa programação espiritual. Sendo assim, o surgimento da mediunidade pode ser dividido em quatro fases sucessivas. Nesse contexto, é essencial agirmos com prudência para que a prática, o desenvolvimento ou a educação mediúnica ocorram sem causar prejuízos significativos ao médium iniciante.

Imagem colorida e de alta resolução de Allan Kardec, com um fundo escuro semelhante a uma lousa escolar. A imagem destaca o retrato de Kardec em um estilo detalhado e nítido.
Em qual idade é recomendado o desenvolvimento e/ou educação da mediunidade?

As quatro fases da eclosão mediúnica – mencionadas acima – variam de acordo com a idade, sendo:



1ª FASE - De 0 a 7 anos


Compreendemos por essa fase, o período que vai do nascimento da criança até a idade entre 7 e 8 anos. Ao nascer, a criança ainda mantém uma relação muito tênue com o mundo espiritual e em virtude disso, não raramente, relatam a presença de outras pessoas no recinto (geralmente chamado pelos pais e psicólogos de amigo imaginário), podendo até mesmo, comunicar conselhos e advertências dos Espíritos aos familiares.


Por volta dos 7 anos, como nos relata André Luiz no capítulo XVIII do livro Missionários da Luz (por intermédio de Chico Xavier), o processo de reencarnação é concluído; seu corpo espiritual (perispírito) já está mais acomodado ao corpo físico e aos poucos, a criança começa gradativamente a se desligar do intercâmbio natural com o mundo espiritual, passando a dar maior relevância às relações humanas.


Encerra-se o primeiro ciclo. Considera-se então que nesse estágio inicial a criança não possui mediunidade, posto que, a condição orgânica no período da infância permite quase sempre essa ligação com o mundo espiritual e, em muitos casos, após a idade de 7 ou 8 anos, a criança não volta a manifestar nenhum sinal de mediunidade ostensiva.



O QUE FAZER?

Mesmo em crianças cuja mediunidade já se apresenta de maneira acentuada e natural, o estímulo e a superexcitação devem ser evitados ao máximo pelos pais e responsáveis; aguardando serenamente o momento mais propício para seu estudo e possível desenvolvimento. Além de não estimular a evolução precoce dessa mediunidade, os pais podem conversar de modo edificante com a criança, buscando ouvir (e entender) atentamente o que o petiz (criança) tem a dizer, praticando assim, a paciência, a compreensão e a compaixão fraterna.


Quando a mediunidade aflora na infância de modo espontâneo, as visões que a criança possui é tão natural que isso não lhe traz nenhum prejuízo, transtorno ou desequilíbrio. Nesse ínterim (intervalo de tempo entre dois fatos), é prudente que os pais encaminhem as crianças aos encontros de evangelização infantil (sem esquecerem que a educação moral começa dentro do próprio lar), muito comum nas casas espíritas. Nessas ocasiões, tanto a criança como os pais vão sendo esclarecidos e auxiliados com esses encontros, palestras e passes semanais. A família também pode se beneficiar grandiosamente com a prática do Evangelho no Lar, assim como o hábito da oração diária e da leitura edificante que são sempre benéficas.



O QUE DIZ KARDEC SOBRE A MEDIUNIDADE EM CRIANÇAS?

Em O Livro dos Médiuns, capítulo XVIII, Allan Kardec pergunta aos Espíritos:


– Haverá inconveniente em desenvolver-se a mediunidade nas crianças?


Assertivamente os Espíritos respondem:


"Certamente. Afirmo que é muito perigoso, porque esses organismos frágeis e delicados seriam demasiado abalados, e sua jovem imaginação ficaria superexcitada. Também os pais prudentes os afastarão dessas ideias, ou pelo menos lhes falarão apenas das consequências morais.”


Adiante Kardec faz outra indagação a esse respeito:


– Em que idade se pode ocupar, sem inconvenientes, de mediunidade?


Eis a resposta dos Espíritos:


“Não há idade precisa, isso depende do desenvolvimento físico e mais ainda do desenvolvimento moral. Há crianças de 12 anos que serão menos afetados que certas pessoas adultas. Falo da mediunidade em geral, mas aquela que se aplica em efeitos físicos é mais fatigante para o organismo. A escrita tem outro inconveniente que tem a ver com a inexperiência da criança, se quisesse praticar sozinha e dela fazer um brinquedo.”



2ª FASE - Por volta de 12 anos

Compreendemos por essa fase, o período correspondente ao surgimento da adolescência, por volta de 12 ou 13 anos. Nesse momento, as manifestações mediúnicas podem se tornar mais intensas devido ao amadurecimento do corpo físico. Assim como na primeira fase, não devemos tentar seu desenvolvimento ou superexcitar a imaginação do adolescente; porém, os pais e responsáveis podem expor informações mais precisas acerca da mediunidade, dando-lhe a direção necessária, sem forçá-lo, estimulando-o apenas no tocante aos ensinos evangélicos/morais.


Pode ocorrer de o adolescente não querer, nesse momento, nenhuma relação com o grupo de jovens na casa espírita ou nada relacionado à religiosidade, renegando à sua mediunidade e dedicando-se aos sonhos juvenis. Frequentemente na fase da adolescência, os jogos, os esportes, as brincadeiras, a escola, a internet, as redes sociais, o lazer e os passeios podem ser bem mais atrativos para o médium teen. Nesse caso, é preciso mais uma vez respeitá-lo, ajudando-o com amor e compreensão, assim como as preces, o passe e o Evangelho no Lar.


Já dizia o velho adágio popular que um exemplo vale mais que mil palavras, aqui traduzidos por o exemplo familiar vale mais que mil exortações. Forçar alguém a seguir um caminho que essa pessoa rejeita, não gosta ou não quer, é uma violência contra o seu livre arbítrio, podendo ocasionar em graves prejuízos no futuro.



AS IRMÃS BAUDIN


Por outro lado, vários adolescentes integram-se naturalmente e com facilidade a essa nova situação, preparando-se com esmero para o estudo mediúnico. Em diversos casos também será possível encontrarmos um número variado de jovens trabalhando em reuniões mediúnicas como médiuns ostensivos sem quaisquer prejuízos derivados desse intercâmbio. Com isso, não estamos incentivando o desenvolvimento mediúnico em tenra idade, sendo cada caso um caso a ser analisado, até porque, nem todos os que apresentam uma mediunidade nessa fase (a partir de 12 anos) estão, de fato, aptos a trabalharem mediunicamente.


Esses episódios no qual adolescentes exercem o intercâmbio com o mundo espiritual não é nenhuma novidade no meio espírita, muito menos motivos de escândalos ou temor (como dissemos, cada caso é um caso e necessita prudência em analisar as diversas circunstâncias). Basta lembrarmos que o próprio codificador, Allan Kardec, usou da mediunidade das jovens irmãs Caroline e Julie Baudin, ambas com 16 e 14 anos respectivamente, sendo elas as responsáveis por psicografarem quase todas as questões da primeira edição de O Livro dos Espíritos. As respostas obtidas por meio das irmãs Baudin eram analisadas, revistas e comparadas com as mensagens recebidas por outros médiuns, através do método científico proposto por Kardec (universalidade das informações).



3ª FASE - Entre 18 e 25 anos

Esse período corresponde, comumente, a passagem da adolescência para a juventude, entre os 18 e 25 anos. Nesse momento, o médium em desabrochar pode levar em consideração, caso queira, o estudo sério do espiritismo, da mediunidade e o engajamento nas reuniões mediúnicas.


Visando sanar maiores dúvidas, recomendamos a leitura dos seguintes itens: - O desenvolvimento da mediunidade é obrigatório? (vide questão 17)

- Como surge a mediunidade? (vide questão 09)

- Como identificar com precisão o meu tipo de mediunidade? (vide questão 14) - É possível impedir ou bloquear o surgimento da mediunidade? (vide questão 16)



4ª FASE - Na aproximação da velhice

Essa fase corresponde a mediunidade que aparece apenas na maturidade, na velhice ou na sua aproximação. Não nos referimos aqui das famosas visões que o enfermo apresenta no leito de morte, mas efetivamente de uma mediunidade manifestada tardiamente.


Nessa situação, o médium tardio, à sua escolha, pode se dirigir a uma casa espírita em busca de maiores informações e amparo a respeito de sua mediunidade, seja para querer desenvolvê-la (caso goze de condições físicas e psicológicas), educá-la ou apenas receber a terapêutica correta, caso essa nova conjuntura lhe acarrete maiores transtornos.



 


Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima.

Capítulo 2: Mediunidade Sem Medo

Pergunta 20: Como se manifesta a mediunidade em crianças?

Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed.



 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da Luz. André Luiz (espírito). FEB Editora, 2018.

KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004.

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