top of page

25. O médium pode se casar ou é preferível o celibato?

Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec trata desta temática ao indagar se o matrimônio vai de encontro à lei da Natureza (L.E 695). A resposta obtida por meio dos Espíritos superiores sugere que o casamento, isto é, a união permanente de dois seres, representa um avanço no progresso da Humanidade.


Logo adiante Kardec passa a questionar sobre as consequências da abolição do casamento na sociedade humana, e de maneira enfática, os benfeitores afirmam que isso resultaria no regresso à vida dos animais (L.E 696).

Imagem colorida e de alta resolução de Allan Kardec, com um fundo escuro semelhante a uma lousa escolar. A imagem destaca o retrato de Kardec em um estilo detalhado e nítido.
O médium pode ter vida sexual e matrimonial ou é preferível optar pelo celibato?

Dessa forma, compreendemos que o matrimônio é um estado natural, estando presente entre todos os povos. O casamento é ainda um dos primeiros atos de evolução na sociedade humana. Abolindo a união matrimonial da sua cultura, o homem estaria retornando ao início da sua criação (regressaria à infância da humanidade), ficando ainda abaixo de alguns animais – que nos dão inúmeros exemplos de união e fidelidade – na escala evolutiva. 



O ATO SEXUAL NA VIDA DO MEDIANEIRO


O sexo é realmente sagrado, uma criação divina onde duas criaturas trocam energias e sentimentos, e o canal por onde a vida é gerada. Assim como o dinheiro, o sexo e tantas outras coisas em nossa vida, o problema não está no seu uso, mas no abuso, no exagero, na demasia e no desequilíbrio.


O Espírito André Luiz – através da psicografia de Chico Xavier no livro Missionários da Luz – em seu diálogo habitual com o benfeitor Alexandre, esclarece-nos:


“Atender a santificada missão do sexo, no seu plano respeitável, usar um aperitivo comum, fazer a boa refeição, de modo algum significa desvios espirituais; no entanto, os excessos representam desperdícios lamentáveis de força, os quais retêm a alma nos círculos inferiores. Ora, para os que se trancafiam nos cárceres de sombra, não é fácil desenvolver percepções avançadas. Não se pode cogitar de mediunidade construtiva, sem o equilíbrio construtivo dos aprendizes, na sublime ciência do bem-viver.”


Já o apóstolo Paulo na Epístola a Tito (1:15) profere que todas as coisas são puras para os puros; todavia, para os impuros e descrentes, nada é puro, porque tanto a mente como a consciência deles estão corrompidas.


Não é raro encontrarmos pessoas que receiam falar, ou até mesmo pensar, em qualquer situação relacionada ao sexo, seja por temor, traumas, cobrança social, familiar ou religiosa; já para tantos outros, esse assunto é abordado, assim como a sua prática, exageradamente. São dois lados de uma mesma moeda, duas situações contrárias que caminham para o desequilíbrio.

Como todo aspirante a médium deve saber, o equilíbrio é fundamental na vida de qualquer pessoa, e principalmente na vida daqueles que desejam o intercâmbio com o mundo espiritual.


O espiritismo nos esclarece que todo e qualquer desequilíbrio, vício ou excesso constitui uma transgressão às leis divinas. Cada deslize, por mais insignificante que pareça, não escapa à vigilância da soberana justiça. Assim, cada indivíduo é levado a responder, com precisão, por seus desregramentos, pensamentos e ações.



MATRIMÔNIO OU CELIBATO? No tocante ao casamento, o benfeitor Miramez – no livro Médiuns, psicografado por João Nunes Maia – nos esclarece:


“Renunciar ao casamento por causa de mediunidade é dupla ignorância, pois a função mais sublime do médium está, por assim dizer, dentro do lar, começando na engrenagem física.”


O benfeitor continua a nos apontar que algumas pessoas não possuem em seu planejamento reencarnatório a formação de um núcleo familiar, porém, estão bem consigo mesmas (em estado de solitude), sem sofrimentos por conta disso; são os celibatários por vocação.


Em contrapartida, há pessoas que desejam de qualquer maneira à constituição de uma união familiar, mas que pela lei de causa e efeito são privadas desse feito para sua própria educação e evolução. Há também pessoas que ainda não aprenderam a viver a dois, a desfrutar da companhia de um cônjuge – com os mesmos direitos – e apresentam repulsa pelo matrimônio.


Referente ao celibato, Kardec aborda estas questões em O Livro dos Espíritos ao interpelar:


698 – O celibato voluntário é um estado de perfeição, meritório aos olhos de Deus?


Os Espíritos respondem:


“Não, e os que vivem assim, por egoísmo, desagradam a Deus e enganam a todos.”


Kardec novamente questiona:


699 – O celibato não é um sacrifício para algumas pessoas que desejam devotar-se mais inteiramente ao serviço da Humanidade?


Sabiamente os benfeitores arrematam:


“Isso é bem diferente. Eu disse: por egoísmo. Todo sacrifício pessoal é meritório, quando feito para o bem; quanto maior o sacrifício, maior o mérito.”


Se o celibato, por si mesmo, não é um estado meritório, já não se dá o mesmo quando constitui, pela renúncia, às alegrias da vida familiar, um sacrifício realizado a favor da Humanidade. Todo sacrifício pessoal visando o bem e sem intenção egoísta eleva o homem acima da sua condição material.



MEDIUNIDADE NÃO EXCLUI O CASAMENTO

Para finalizar, tendo como referência as sábias palavras de Miramez no livro supracitado, destacamos que:


– A mediunidade disciplinada não exclui o sexo: educa-o. Não foge das tentações: vence-as.


Mediunidade não exclui o casamento, pois ele serve para o grande itinerário evolutivo, como escola diária, como síntese de coletividade.


– O casamento, para o médium, é uma ajuda; o processo de relacionamento de duas pessoas em um lar desperta em cada um o interesse de servir os outros.


– O celibato não representa condição especial do indivíduo para com a sociedade, ou de Deus para ele. [...] O médium que não formou um lar pelos laços do casamento não deve se iludir julgando ser um santo, por abster-se da intimidade do sexo...


– Em muitos casos, companheiros que se colocaram em estado de graça, pensando que renunciaram ao casamento e salvaram a sua alma, iludem-se.


Compreendemos, pois, que tanto o casado como o solteiro podem ser instrumentos de Espíritos altamente evoluídos, dependendo do modo pelo qual usam ou deixam de usar o sexo. [...] São caminhos diferentes objetivando o mesmo fim.


– É certo que na mediunidade aprimorada haja renúncias, disciplinas, mas que não venham a ferir leis, nem contrariar fundamentos pertencentes à própria vida.



 


Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima.

Capítulo 3: Prudência Mediúnica

Pergunta 25: O médium pode se casar ou é preferível o celibato?

Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed.

 


 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB; 93ª edição. Rio de Janeiro, 2014.

BÍBLIA DE JERUSALÉM. Tito 1:15. 14ª impressão. Editora PAULUS, 2017.

XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da Luz. André Luiz (espírito). FEB Editora, 2018.

MAIA, João Nunes (psicografia). Médiuns. Miramez (espírito). Fonte Viva, 19ª edição, 2017.

コメント


© 2023 Mediunidade com Kardec. Todos os direitos reservados.
Criado por Ganesha Soluções Digitais | mediunidadecomkardec@gmail.com
Voltar ao topo
bottom of page