A mediunidade é indiferente a moralidade, classe social, sexo, cultura ou religião, estando presente em todos os meios desde os primeiros passos do homem sobre a Terra. Sendo assim, a mediunidade se encontra vigente entre pessoas que não possuem nenhum tipo de vício, assim como, entre aqueles que são toxicômanos (dependentes químicos), dipsômanos (alcoólatras), pessoas com transtornos compulsivos alimentares, hipersexualidade (vício em sexo), etc.

É importante destacar que mediunidade e sintonia andam sempre de mãos dadas. Se estamos constantemente ligados àqueles que estão em nossa mesma faixa vibracional, quem são os companheiros daqueles que se regozijam em vícios e hábitos menos saudáveis?
Como já dissemos, a desencarnação não transforma ninguém. Nenhuma alma vira anjo ou santo apenas por desencarnar. Todos os hábitos que cultivamos em Terra, fazem parte da bagagem que levaremos ao além-túmulo, incluindo os nossos vícios.
Quanto maior o tempo em que o sujeito se detém preso a determinadas práticas, mais difícil será à sua libertação, principalmente no mundo espiritual. Dessa forma, algumas sensações orgânicas são tão acentuadas após o desencarne que o Espírito sente, como uma espécie de abstinência energética, a necessidade de se satisfazer e passa a buscar essa saciedade – via obsessão e vampirização – diante dos encarnados simpáticos a esses mesmos gostos, principalmente se estes forem possuidores de mediunismo.
Por consequência, cada um escolhe e elege as companhias espirituais que bem deseja, sendo o próprio ser encarnado responsável pelos companheiros espirituais que convida diretamente para estar ao seu lado, sejam eles bons, elevados ou ainda em estados inferiores.
IMPORTANTE DESTACAR
Desde já, não estamos julgando ou condenando ninguém que possuí os hábitos aqui mencionados, pois os temos como irmãos credores da nossa mais singela devoção e amparo. Sabemos ainda das dificuldades existentes quanto a superação dos diversos vícios. Portanto, é importante destacar que a busca pela ajuda profissional especializada deve ser estimulada sempre que possível, e que todos os familiares envolvidos mais próximos são peças fundamentais no reerguimento e sustentação dos seus entes queridos (mesmo daqueles que não querem ajuda ou que não se reconhecem como dependentes).
Também não estamos ditando regras, normas ou impedimentos em relação ao aperitivo alcoólico, ao prato preferido, a comunhão sexual, os divertimentos sadios entre amigos, dentre outros. Aqui nos limitamos a apresentar apenas os possíveis efeitos decorrentes dos excessos, vícios e desequilíbrios na vida do medianeiro.
Todo excesso/vício/desequilíbrio foge e contraria as leis naturais, ferindo o nosso perispírito. Sendo assim, somos compelidos ao ajuste dos crimes que cometemos contra nós mesmos, seja através das doenças, da desencarnação precoce, da psicose mental ou da obsessão que abrimos precedente.
DEPENDÊNCIA QUÍMICA ENTRE OS MEDIANEIROS
Em relação às drogas, tabagismo, alcoolismo e a hipersexualidade, além das lesões que é registrada no perispírito do ser em desequilíbrio, há ainda o agravante se a pessoa em questão for um médium ostensivo.
Em Segurança Mediúnica, o benfeitor Miramez – psicografia de João Nunes Maia – nos adverte sobre os perigos das viciações diante da vida do medianeiro ao destacar:
“A mediunidade a serviço do bem é incompatível com certos hábitos e com toda espécie de vícios. A mediunidade de cura carrega uma grande responsabilidade diante dos enfermos. O médium viciado, por meios que escapam até mesmo à sua sensibilidade, transfere para o doente o miasma oriundo dos vícios, aquele magnetismo inferior que representa uma doação imprestável.”
Qualquer pessoa que, por exemplo, receba um passe, uma transfusão energética de um médium cujos hábitos não sejam salutares, e aqui não nos reportamos somente aos vícios físicos, mas também aos da alma, como a maledicência e tantos outros, assimila em seu próprio corpo os fluidos malsãos recebidos do médium em questão, que mesmo dotado de boas intenções, em ajudar e fazer a caridade, acaba por transmitir as impurezas do seu magnetismo ao paciente em atendimento.
Portanto, se desejas trabalhar realmente em nome do bem, na seara de Jesus, é necessário que busque se libertar de todo e qualquer tipo de viciação, inclusive as de cunho moral, como a arrogância, a impaciência, o preconceito, a intolerância, etc.
TABAGISMO, INTRIGAS, ÁLCOOL E MALADICÊNCIA
Ainda na supracitada obra, Miramez continua suas elucidações ao nos ensinar que:
– O fumo não faz mal somente ao físico. Atinge, por meios sutis, outros corpos que o Espírito usa.
– A intriga, muito comum nos meios humanos e que pertence a variadas escalas, perturba a função mediúnica, distorcendo as forças do bem e impedindo que o fluido cósmico, na sua candidez, viaje por todos os centros de forças encravados no corpo espiritual, com o seu seguro desempenho.
– O álcool em excesso, além de provocar ruptura em delicadas membranas protetoras que separam o mundo espiritual do mundo físico, desativa e retarda as vibrações do centro energético esplênico, interrompendo a distribuição de forças vitais a todo o organismo, impedindo as próprias glândulas endócrinas da fabricação adequada de hormônios, elementos indispensáveis à vida humana, além de outras responsabilidades que têm esses instrumentos louváveis do corpo humano.
– A maledicência e o humor picante são vícios terríveis que igualmente modificam todo o sistema de irrigação vital, que acompanham o grande rio sanguíneo, na sua manifestação de vida em todo o complexo humano.
Portanto, o tabagismo e as brigas do cotidiano, além do álcool em demasia, a fofoca e a malícia, prejudicam não apenas o corpo físico, mas aos outros corpos sutis que fazem parte da nossa constituição. O álcool ainda é o responsável por provocar a ruptura de delicadas membranas que separam o mundo físico do mundo espiritual, uma espécie de camada de ozônio que protege o médium de ficar exposto a todo e qualquer tipo de influenciação e assimilação energética.
Ou seja, o médium que faz uso abundante ou frequente de bebidas alcoólicas ou quaisquer outros tipos de vícios, além de desequilibrar os seus centros de força, extingue pouco a pouco a proteção natural e fluídica que seu corpo possuí, ficando exposto as intempéries do intercâmbio entre os dois planos.
Em Diversidade dos Carismas, o autor Hermínio de Miranda informa ainda que “se um participante comparece com elevada dosagem de álcool no sangue ou com uma refeição pesada, em processo de digestão, será impraticável sua integração harmoniosa no grupo.”
E o referido autor complementa a sua explicação ao dizer:
“Os espíritos nos dizem que em tais casos aplicam o recurso extremo de isolar a criatura para que, já que não pode ajudar, pelo menos não perturbe os trabalhos, uma vez que sua aura se apresenta literalmente suja e desarrumada.”
Vale destacar que não é apenas o que ingerimos por meio físico, mas também o que pensamos, o que falamos, assistimos e emanamos que nos eleva ou nos degrada, nos colocando mais uma vez como responsáveis pelas nossas próprias obras e escolhas.
ORIENTAÇÕES GERAIS Para finalizar, meditemos na advertência que o benfeitor Miramez, por meio da obra aqui já citada, nos orienta:
– Se ainda não tens forças para te libertares dos hábitos incômodos e dos vícios perniciosos, não intentes, por enquanto, desenvolver teus dons espirituais, porque uma coisa não pode se misturar à outra, para que não advenham terremotos internos e conflitos incompreensíveis. Todavia, para tudo existe solução e esta se encontra no trabalho da caridade, desde que nada exijas em troca, pelo teu dever de ajudar aos teus irmãos carentes.
– Faze-te companheiro do bom livro, que ele te orienta, e torna-te amigo de homens que se entregaram à reforma moral, que eles vão ajudar-te nos primeiros passos na senda da verdade. Tudo o que procuras existe dentro de ti, até o próprio céu.
– Os vícios somente prendem e usam seu poder sobre os inferiores, que neles se deliciam das coisas transitórias, por desconhecerem as belezas eternas que as virtudes restabelecem nos corações.
MEDIUNIDADE E LIVRE-ARBÍTRIO
Cada pessoa é responsável pelos atos que pratica, assim como os vícios aos quais se entrega. Para os companheiros que optam por todos os tipos de vícios, excessos e desregramentos, a mediunidade passa a ser fator de grande perturbação, podendo não apenas desencadear uma obsessão sutil, mas até mesmo, uma dolorosa subjugação.
Em compensação, o médium que segue o caminho da retidão, do amor e da caridade, praticando a reforma moral e lutando contra as suas inferioridades, passa a respirar ares renovados de fé, de vitalidade e bom ânimo. Essas energias benéficas são provenientes da presença dos bons Espíritos que passam a acompanhar o medianeiro comprometido com o trabalho, com o bem, com Jesus.
Isto exposto, voltamos a dizer que a mediunidade é uma faculdade neutra, sendo o seu portador o único responsável pelo que dela vier a fazer, não sendo possível eximir-se das ações praticadas, da invigilância ou da ignorância.
Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima.
Capítulo 3: Prudência Mediúnica
Pergunta 26: Os vícios, de modo geral, prejudicam a prática mediúnica?
Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MAIA, João Nunes (psicografia). Segurança Mediúnica. Miramez (espírito). Fonte Viva, 2ª edição, março de 2015.
MIRANDA, Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição.