Todas as reuniões mediúnicas – que sejam sérias, com propósitos nobres, abnegados e edificantes – são preparadas e organizadas com antecedência pelo plano espiritual. Sendo assim, cada uma das entidades que serão atendidas no momento da reunião já se encontra antecipadamente sob a supervisão e os cuidados da equipe espiritual.
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A este respeito, Manoel Philomeno de Miranda, em Mediunidade: Desafios e Bênçãos, pela psicografia de Divaldo Franco, disserta com esmero sobre os trabalhos prévios da equipe espiritual:
“Confiando na equipe humana que assumiu a responsabilidade para participação no serviço de graves consequências, movimentam-se, desde as vésperas, estabelecendo os primeiros contatos psíquicos com aqueles que se comunicarão com os médiuns que lhes servirão de instrumento, desenvolvendo afinidades vibratórias compatíveis com o grau de necessidade de que se encontram possuídos.”
Em outras palavras: os benfeitores já traçam, antecipadamente, o roteiro do trabalho que irá ocorrer em cada reunião mediúnica, sabendo de antemão as entidades que serão socorridas e os médiuns responsáveis que irão atender – especificamente – aquele Espírito, de acordo com a afinidade fluídica entre ambos (médium e Espírito comunicante).
Vale destacar que a equipe espiritual nunca improvisa, isto é, sempre trabalha com esmero, prudência e organização prévia. Em casos excepcionais, quando algo não ocorre como o previsto, estão sempre preparados para evitar que o grupo se desestabilize.
A equipe espiritual, além da defesa do recinto e a seleção dos Espíritos comunicantes, também mantém cuidados extras – antes e após as comunicações – perante a equipe de médiuns, objetivando poupá-los de maiores danos proveniente das comunicações perturbadoras.
SINTONIA ENTRE O MÉDIUM E O ESPÍRITO COMUNICANTE
À priori, um dos requisitos para que uma comunicação mediúnica ocorra, sem grandes dificuldades, é a sintonia entre o médium e a entidade comunicante. Visando o melhor desenvolvimento da afinidade entre o médium encarnado e a entidade desencarnada que será atendida, a espiritualidade superior, isto é, os instrutores espirituais responsáveis pelo agrupamento mediúnico, aproximam previamente o Espírito do médium que irá atendê-lo.
Lembramos ainda que essa aproximação pode ocorrer horas e, em alguns casos excepcionais, até mesmo dias antes da reunião mediúnica¹. Dessa maneira, estabelecendo de modo antecipado o contato entre médium e Espírito, facultando assim, a sintonia e a afinidade entre ambos, a comunicação mediúnica passa a ocorrer sem grandes embaraços ou outros empecilhos no dia da reunião mediúnica.
SENSAÇÃO DE MAL-ESTAR
O medianeiro, com bastante frequência, ao perceber a aproximação prévia desses Espíritos, também passa a registrar os indicativos das suas dores, o seu desequilíbrio, suas angústias e qualquer outro sentimento emanado pela entidade, sendo este um dos motivos que levam os médiuns a relatarem desconfortos e súbito mal-estar em dias de reunião mediúnica.
É importante assinalar que as sensações que o médium experimenta ao sentir a presença desses Espíritos são apenas uma pequena parcela (porcentagem ou fragmento) daquilo que a entidade realmente está vivenciando. Isto é, se o médium registra uma sensação negativa, o Espírito está sentindo a mesma impressão em uma escala bem mais acentuada.
ALÍVIO DA SENSAÇÃO DE MAL-ESTAR
A experiência e a literatura espírita vêm nos mostrando, em variados casos, que há médiuns que pressentem, em virtude dessa aproximação antecipada, quais os tipos de Espíritos que se comunicarão por seu intermédio naquele dia. Após o atendimento dessas entidades, o médium costuma relatar a melhora imediata do desconforto que estava sentindo, por vezes, o dia inteiro, seja uma dor de cabeça, uma náusea, uma angústia sufocante, dentre outras.
APROXIMAÇÃO ESPONTÂNEA
Além dessas aproximações preparadas com toda segurança e zelo pelos benfeitores espirituais, teremos ainda a aproximação espontânea de outras entidades com propósitos menos dignos.
O médium sincero, trabalhador devotado do bem, está sempre sob a mira de entidades vingativas, obsessoras e ociosas, devendo manter, para a própria proteção, a vigilância e a oração frequentes, além de uma conduta digna e o pensamento elevado. Quer dizer, a partir do momento que o médium inicia os seus trabalhos na seara divina, em favor dos sofredores – encarnados e desencarnados –, ele passa a ser visto como perigo pelos Espíritos que se comprazem com práticas inferiores, que de modo calculado, começam a persegui-lo e atacá-lo, pois, temem que os seus trabalhos sejam extintos ou desmanchados pelos seareiros da caridade.
OBSTÁCULOS PARA CHEGAR AO CENTRO ESPÍRITA
Por conseguinte, em dias de reunião mediúnica, não é raro encontrarmos médiuns relatando inúmeros problemas e dificuldades para chegarem ao centro espírita, enquanto outros, desistem do trabalho mediúnico e vão para casa descansar. Chegando ao âmbito doméstico, o cansaço, o abatimento, a dor de cabeça terrível e todo empecilho apresentado, desaparecem como por encanto.
Alcançado o objetivo pela espiritualidade das trevas, ou seja, o afastamento do médium – naquele dia – do labor espiritual, esses Espíritos menos esclarecidos se afastam, temporariamente, retornando em um curto período de tempo para uma nova investida nefasta. Esses ataques perduram até o médium ausentar-se definitivamente do seu posto de trabalho espiritual ou até o medianeiro conseguir se desvencilhar desses inimigos do Espiritismo.
Por outro lado, encontramos médiuns que se mantém firmes e fortes em sua caminhada espiritual, e mesmo diante das intempéries, das dores e desconfortos que esses ataques e aproximações prévias possam lhe acarretar, apresentam-se no dia, hora e local programado para as reuniões mediúnicas.
Ressaltamos ainda, para concluirmos, que esses ataques do astral inferior não são direcionados exclusivamente aos médiuns, mas a todos os trabalhadores do bem, como dirigentes, dialogadores, passistas, etc.
Desse modo, recomendamos que, independentemente de como o seareiro do bem esteja se sentindo no dia da reunião mediúnica, o ideal é que ele não falte e compareça ao labor espiritual, pois, desta forma, a equipe espiritual que acompanha os trabalhos da mesa em questão, poderá atender as entidades necessitadas, bem como, o próprio médium e os demais membros da reunião que estejam sob esses ataques e influências negativas.
¹ Ratificamos ainda que essa aproximação prévia para o estabelecimento de sintonia e afinidade não sugere ao médium a prática da psicofonia em local que não seja a casa espírita.
Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima.
Capítulo 3: Prudência Mediúnica
Pergunta 32: Por que alguns médiuns são acometidos por uma sensação de mal-estar em dias de reuniões mediúnicas?
Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FRANCO, Divaldo Pereira (psicografia). Mediunidade: Desafios e Bênçãos. Manoel Philomeno De Miranda (espírito). Editora LEAL, 2019.