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31. Por que tantos médiuns deixam o Espiritismo e a prática mediúnica nos primeiros anos de trabalho?

O Espiritismo é uma doutrina que constantemente nos convida ao estudo evangélico e, como consequência, amplifica nosso entendimento moral, nos dando força e clareza para modificarmos, mesmo que pouco a pouco, nossos hábitos negativos. Bastante conhecida no meio espiritista, a famigerada reforma íntima exige de cada indivíduo apenas a parcela – intransferível – da responsabilidade que compete ao próprio ser, isto é, o esforço próprio para nos melhorarmos, a dedicação, abdicação, disciplina e muita firmeza de pensamento para não sucumbirmos ou desistirmos diante das intempéries.

Imagem colorida e de alta resolução de Allan Kardec, com um fundo escuro semelhante a uma lousa escolar. A imagem destaca o retrato de Kardec em um estilo detalhado e nítido.
Por que tantos médiuns abandonam a prática mediúnica nos primeiros anos de trabalho e desenvolvimento?

A doutrina dos Espíritos respeita o adiantamento e o progresso de todas as criaturas, sem condenação, críticas ou julgamento, pois entende que cada pessoa está em um processo evolutivo diferente. Ainda mais, compreende que todos os caminhos levam a Deus, aonde uns chegam mais rápidos, enquanto outros demoram um pouco mais.


Allan Kardec asseverou de forma sábia que o verdadeiro Espírita é reconhecido pelo esforço que faz para domar as suas más inclinações. Sem dúvidas, é preciso muito esforço para nos melhorarmos, e mais ainda para sermos espíritas/cristãos.



MEDIUNIDADE COMO CONQUISTA DO ESPÍRITO


Já a mediunidade não fica para trás. Tendo como base as leis de afinidade e sintonia, encontraremos médiuns bem equilibrados, sintonizados com o bem e o propósito de ajudar, enquanto outros, sintonizados com as esferas mais baixas, apresentam certos desequilíbrios e propósito menos dignos.


Em Missionários da Luz, pela psicografia de Chico Xavier, o autor espiritual André Luiz, dissertando sobre a mediunidade, nos diz:


“[...] mediunidade elevada ou percepção edificante não constituem atividades mecânicas da personalidade e sim conquistas do Espírito, para cuja consecução não se pode prescindir das iniciações dolorosas, dos trabalhos necessários, com a autoeducação sistemática e perseverante.”


Já em Obreiros da Vida Eterna, André Luiz – através da mediunidade de Chico Xavier – nos elucida ao dizer:


“[...] a mediunidade é título de serviço como qualquer outro. E há pessoas que pugnam pela obtenção dos títulos, mas desestimam as obrigações que lhes correspondem. Gostariam, por certo, do intercâmbio com o nosso plano, mas, não cogitam de finalidades e responsabilidades. Em vista disso não se estabelecem conjuntos de cooperação para os médiuns em geral, mas apenas para aqueles que estejam dispostos ao trabalho ativo. Há muitos aprendizes que não ultrapassam a fronteira da tentativa, da observação. Desejariam o caminho bem aplainado, exigindo a convivência exclusiva dos Espíritos genuinamente bondosos. Experimentam a luta construtiva, através de sondagens superficiais e, à primeira dificuldade, abandonam compromissos assumidos."


Ainda na referida obra, destaca André Luiz: "A aquisição da fortaleza moral não prescinde das provas arriscadas e angustiosas. Entretanto, em face das exigências naturais do aprendizado, dizem-se feridos na dignidade pessoal. Não suportam a aproximação de infelizes encarnados ou desencarnados, estacionando à menor picada de dor. Para semelhantes experimentadores, seria extremamente difícil a formação de equipes eficientes, representativas de nosso plano. Não se sabe quando estão dispostos a servir.”


Em outros termos, André Luiz nos ensina que a mediunidade é uma conquista do espírito e que essa conquista exige trabalho e bastante disciplina para a educação dos nossos sentimentos. Esse processo de aperfeiçoamento somente ocorre através das diversas provas arriscadas e angustiosas que o médium em desenvolvimento vai enfrentando e, quando bem aproveitadas, se aprimorando.



RENÚNCIAS E DISCIPLINA


Porém, muitos companheiros da seara mediúnica, deslumbrados com os fenômenos e manifestações espirituais, desejam apenas a comunicação com entidades elevadas (talvez em busca de reconhecimento e autopromoção), esquecendo que a mediunidade é doação, é trabalho abnegado e para uso coletivo, devendo ser usada em prol da caridade gratuita e amparo aos sofredores em geral, encarnados e desencarnados. Para isto, a disciplina é indispensável.


Nesse caso, podemos entender a disciplina como a abdicação de prazeres momentâneos em prol de um bem maior, isto é, quando eu abro mão de certos hábitos inferiores em busca da harmonia e do equilíbrio, dando início ao processo de reforma íntima e moral. 


Em Diversidade dos Carismas, o autor Hermínio C. Miranda reitera nosso ponto de vista ao escrever:


“Muitas mediunidades promissoras naufragam logo de início, aos primeiros embates, por excesso de confiança ou temor exagerado, por desânimo ante as dificuldades iniciais, por falta de perseverança no treinamento ou por desinteresse em promover certas mudanças íntimas, renunciar a algumas comodidades e pequenos vícios de comportamento ou de imaginação.”

 

Complementando seu pensamento, o escritor espírita Hermínio de Miranda, na supracitada obra observa:

 

“São muitos os que querem ser médiuns de qualquer maneira, mas não estão preparados para aceitar as renúncias e devotamentos que o desenvolvimento e a prática da mediunidade exigem de cada um.”

 

Portanto, nos é lícito dizer que o medianeiro se ausenta do seu posto de trabalho quando não compreende os obstáculos para o seu próprio reerguimento, mostrando-se ainda preso às facilidades do caminho.



MEDIUNIDADE TESTIFICADA


O benfeitor Miramez, por meio da genuína obra Médiuns (psicografia de João Nunes Maia), chama este período da vida do medianeiro de Mediunidade Testificada, onde destacamos:

 

“O carma, senão a própria vida, coloca no caminho do médium problemas de todas as ordens, visando ao aprumo de sua sensibilidade espiritual. [...] E quando a alma está preparada, passa por um teste de comprovação de várias ordens. São os testemunhos que lhe asseguram as próprias qualidades.”


Todos esses obstáculos, as provações, as dificuldades que se fazem presente na vida do medianeiro, é um teste das suas virtudes. É como se Deus balançasse a árvore da mediunidade e ali testificasse quem está maduro, quem caiu, quem ficou firme e quem passou por esse abalo com resiliência, com paciência, com fé e confiança.


Sendo assim, médiuns, mantenham-se firmes em seus postos de trabalho, confiem em Deus e lembrem-se sempre das palavras de Jesus, registradas pelo apóstolo Mateus (Mt. 24:13): “Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo.”

 


OUTROS PONTOS IMPORTANTES


– As dores e sofrimentos não são exclusivos dos médiuns, mas de todo e qualquer Espírito que transgrediu as leis divinas. O médium do bem, comprometido com a sua evolução, não esmorece diante dos ataques e da dor sofrida. Sabe que essas intempéries são recursos que contribuem para o seu progresso.


– Os cuidados que o médium deve ter não se restringem somente aos dias de trabalho mediúnico. A vigilância deve ser constante, pois, sempre existem Espíritos ociosos e insensatos a postos para criar barreiras e infortúnios que visam prejudicar e atrapalhar o medianeiro de múltiplas formas. Por outro lado, o hábito da caridade e da prática do bem, o estudo da doutrina espírita e a reforma moral, atraem a simpatia dos bons Espíritos (que estão sempre dispostos a ajudar). A presença e o contato com os bons Espíritos propiciam a criação de uma atmosfera fluídica elevada e benéfica, anulando ou amenizando os efeitos perturbadores que envolvem a atual egrégora (densa) do planeta.



 


Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima.

Capítulo 3: Prudência Mediúnica

Pergunta 31: Por que tantos médiuns deixam o Espiritismo e a prática mediúnica nos primeiros anos de trabalho?

Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed.

 


 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile. 21ª edição. Editora Boa Nova, 2017.

XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da Luz. André Luiz (espírito). FEB Editora, 2018.

XAVIER, Francisco Cândido (psicografia). Obreiros da Vida Eterna. André Luiz (espírito). FEB Editora, 2019.

MIRANDA, Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição.

MAIA, João Nunes (psicografia). Médiuns. Miramez (espírito). Fonte Viva, 19ª edição, 2017.

BÍBLIA DE JERUSALÉM. Mateus 24:13. 14ª impressão. Editora PAULUS, 2017.

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