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43. Psicografia em casa: o que devo saber antes de iniciar esta prática?

A mediunidade é manifestada por diferentes tipos e especificidades, a exemplo da vidência, audiência, psicometria, psicofonia, psicografia, efeitos físicos, dentre outras. Geralmente, os médiuns apresentam concomitantemente uma ou duas faculdades medianímicas de forma mais acentuada em suas vidas. Alguns são médiuns psicofônicos e de vidência; outros de audiência e psicografia; há médiuns de materializações (raros) e de cura... O que na prática não significa que, mesmo que uma pessoa seja dotada de uma mediunidade ostensiva, pode ser que ela não seja médium de psicografia.

Imagem colorida e de alta resolução de Allan Kardec, com um fundo escuro semelhante a uma lousa escolar. A imagem destaca o retrato de Kardec em um estilo detalhado e nítido.
O que devo saber antes de iniciar a prática da psicografia em casa?

A esse respeito, em O Livro dos Médiuns, destaca Allan Kardec:


"Desde que se faça ao Espírito uma pergunta de ordem geral, ele responde de modo geral. Ora, como se sabe, nada é mais elástico do que a faculdade mediúnica, pois que pode apresentar-se sob as mais variadas formas e em graus muito diferentes. Pode, portanto, uma pessoa ser médium, sem dar por isso, e num sentido diverso daquele que imagina. A esta pergunta vaga: Sou médium? O Espírito pode responder — Sim. A esta outra mais precisa: Sou médium escrevente? Pode responder — Não."



SOU MÉDIUM ESCREVENTE?


Há pessoas que, ao perceberem um simples movimento involuntário no braço podendo ser um mero espasmo muscular, sem nenhuma relação espiritual , já cogitam a possibilidade de serem médiuns psicógrafos e passam a relatar que se sentem chamadas para o desenvolvimento da psicografia. Nesse caso, a grande maioria acaba se decepcionando, criando expectativas frustradas e abrindo vias cada vez mais largas que podem, a seu turno, resultar em um processo obsessivo de difícil desvinculação.


Outros são os que, por ainda não saberem diferenciar os pensamentos que lhes são próprios (anímico) dos pensamentos dos Espíritos (mediúnico), julgam escrever sob a influência de uma entidade desencarnada, quando na verdade os textos são de suas próprias autorias.



PERGUNTAS PERTINENTES


Sendo assim, antes de buscarmos o desenvolvimento psicográfico na intimidade do lar, devemos indagar quais os motivos que nos levam a esse desejo.


  • Será realmente um chamado espiritual?


  • Essa inclinação quase irresistível para escrever é realmente abnegada ou no fundo há um desejo oculto de reconhecimento e/ou fama?


  • Eu possuo conhecimento espírita suficiente para lidar com o exercício da psicografia de forma isolada?


  • Nomes e personalidades espirituais ilustres despertam em mim algum tipo de vaidade?


  • Eu consigo reconhecer, seja através da sensação energética que o Espírito emana ou por meio dos seus escritos a sua classificação evolutiva?


  • Sou apto a distinguir com clareza o meu próprio pensamento daquele que é mediúnico, originário de uma comunicação espiritual?


Se houve dúvida ou hesitação na resposta de alguma dessas perguntas, convidamos o leitor a prosseguir com a leitura abaixo, buscando conhecer as advertências e orientações expostas por Allan Kardec, Divaldo Franco e Yvonne do Amaral Pereira.



O QUE DIZ KARDEC?


De fato, Kardec, em sua obra supracitada, não impôs nenhuma restrição direta sobre a prática da psicografia no ambiente doméstico, na intimidade do lar. Contudo, não deixou de enfatizar uma série de diretrizes para que esta prática seja conduzida de maneira séria, sensata e com objetivos nobres.


O filho de Lyon nos aconselha a cultivarmos o hábito da prece sincera, evitando a impaciência, os propósitos egoístas, frívolos e triviais... Kardec também nos adverte sobre os tipos de perguntas que podem ou não ser dirigidas aos Espíritos, além da importância da calma e do recolhimento adequados para alcançar o intuito desejado.


Prosseguindo, o autor nos esclarece que, quando um grupo de médiuns se reúne com o abnegado objetivo de exercitar e desenvolver a psicografia, em um ambiente de absoluto silêncio e recolhimento religioso, facilmente será possível observar que entre os presentes, alguns passam a demonstrar tamanha habilidade que, em pouco tempo, já escrevem com fluidez e maestria.


O mestre lionês, no entanto, ressalta que as primeiras comunicações recebidas pelos médiuns psicógrafos em desenvolvimento devem ser consideradas como meros exercícios, pois os Espíritos destinados a esse fim são, em sua maioria, de ordem secundária (levianos, zombeteiros, vingativos, mistificadores, etc.).


A espiritualidade superior permite que situações como essa ocorram, mesmo com médiuns que apresentam propósitos nobilitantes (nobres), para que eles possam se desenvolver, aprendendo a discernir, analisando as diversas mensagens escritas por seus intermédios, diferenciando uma comunicação elevada de outra mistificadora, dentre outras experiências educativas.


Para maior aprofundamento acerca desses conceitos, recomendamos a leitura de O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, em especial, o capítulo XVII – Da formação dos médiuns.



PSICOGRAFIA NO AMBIENTE DOMÉSTICO


Apesar do codificador asseverar que a prática da psicografia é a mais simples e cômoda de desenvolver através do exercício, trazendo resultados mais satisfatórios e completos (LM, itens 178 e 200), ele não deixou de nos alertar sobre a influência negativa que quase todos os médiuns iniciantes sofrem, o que pode abrir precedentes para um processo obsessivo de difícil separação a posteriori.


Observando com atenção, o leitor notará que Kardec, entre as orientações sugeridas, recomenda como uma das opções, especialmente em sua fase inicial a prática e o exercício da psicografia em grupo.


Ora, mas em qual local esse grupo, na atualidade, poderia se reunir de forma acessível e sensata para essa finalidade? Creio que a resposta mais coerente seja: a casa espírita!


Onde, por exemplo, um médium em desenvolvimento poderia ser melhor aconselhado e orientado quanto aos seus escritos psicográficos do que no centro em que participa, ao lado de seus companheiros de ideal?


Dessa maneira, recomendamos aos médiuns principalmente aos iniciantes que exercitem suas faculdades, aqui inclusas a psicografia, preferencialmente nas casas espíritas... O centro espírita é, sem dúvidas, o espaço ideal para o medianeiro exercitar seus dons mediúnicos, bem como, o ambiente propício para as reuniões de desobsessão, o que faculta aos médiuns ali vinculados o afastamento das entidades acima descritas, isto é, os Espíritos inferiores que insistem em assediar e enganar o médium em sua fase de desenvolvimento psicográfico.



POR QUE ALGUNS MÉDIUNS PODEM PSICOGRAFAR EM CASA, ENQUANTO OUTROS NÃO?


A abnegada médium e escritora espírita Yvonne do Amaral Pereira, em À Luz do Consolador, destaca que alguns médiuns, de fato, têm obtido resultados satisfatórios no tocante à psicografia no ambiente doméstico. Estes, por sua vez, exceções ao nosso estudo, são médiuns experientes, conhecedores da doutrina espírita e dos fenômenos mediúnicos, o que lhes permite reconhecer a genuína assistência espiritual por parte dos seus guias e mentores.


De forma assertiva, Yvonne ressalta que a inexperiência muitas vezes leva o principiante a se lançar de maneira imprudente às experiências mediúnicas isoladas, o que pode conduzi-lo a graves consequências, como a obsessão.


Dando continuidade, a autora destaca que o adepto prudente não se atirará a experiências isoladas, pois sabe que estará desafiando forças da Criação ainda mal conhecidas.


Como seguidora fiel aos ensinos de Kardec, Yvonne do Amaral reitera o que o codificador expressou em sua obra acima citada, ao afirmar que médiuns já bastante experientes, com tarefas definidas, psicografam em suas residências, desacompanhados, só assistidos por seus guias espirituais. Mas o iniciante devera deter-se, preparando-se antes ao lado dos companheiros de ideal, para as lutas do difícil, mas glorioso intercâmbio entre o Mundo dos Espíritos e a Terra."



DIRETRIZES DE SEGURANÇA


O médium e orador espírita Divaldo P. Franco, acerca desse assunto, em Diretrizes de Segurança (questão 47), destaca que toda reunião mediúnica realizada de forma isolada, em ambientes domésticos ou outros fora do cenário espírita são, certamente, desaconselháveis, devido aos danos que podem surgir desse intercâmbio. Isto é, as mistificações, distonias e aberturas psíquicas com Espíritos desprovidos de propósitos elevados.


Em suas palavras, a realização de reuniões mediúnicas em ambientes impróprios é análoga a condução de uma cirurgia em local que não oferece os requisitos necessários para tal, como a assepsia, a equipe especializada, o maquinário cirúrgico, etc. O que podemos deduzir que, nessas circunstâncias desfavoráveis e insalubre, mesmo munidos de boa vontade, os êxitos são bastante raros.

Dando continuidade, Divaldo acrescenta que o ambiente no qual as sessões mediúnicas ocorrem vai sendo marcado pelos Espíritos sofredores. Estes, por conta própria, passam a informar aos demais companheiros de aflição sobre o amparo recebido naquele recinto, o que leva a muitos outros Espíritos necessitados a buscarem cada vez mais o refúgio anunciado.


Porém, quando esse espaço é o nosso próprio lar, ele acaba por se tornar um verdadeiro pandemônio, onde o caos, a confusão, a balbúrdia e a desordem têm predomínio, justamente por não ser um ambiente preparado para tal mister, isto é, que não oferece quaisquer defesas ou resistências mais significativas contra as investidas de natureza inferior.


Concluindo seu ponto de vista, arremata o expositor baiano:


"Indagar-se-á: e antes de haver os Centros Espíritas? Enquanto ignoramos, temos uma responsabilidade menor. Mesmo quando não se entendia de assepsia, faziam-se operações, mas o número de óbitos era muito maior. Já que temos o Centro, por que desrespeitá-lo, fazendo sessões mediúnicas noutro lugar, se ele é o determinado para tal? Se o problema é ir-se a um lugar, por que não ao ideal?" (questão 48)



 


Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima.

Capítulo 4: O Médium e a Casa Espírita

Pergunta 43: Psicografia em casa: o que devo saber antes de iniciar esta prática?

Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed.



 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004.

PEREIRA, Yvonne do Amaral. À luz do Consolador. FEB Editora, 2014.

FRANCO, Divaldo Pereira; TEIXEIRA, Raul. Diretrizes de Segurança - Mediunidade. InterVidas, 2012.

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