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61. Identidade dos Espíritos: Quais critérios usados por Kardec para identificar a elevação de um Espírito?

Em Mediunidade: Desafios e Bênçãos, o autor Manoel Philomeno de Miranda — pela psicografia de Divaldo Franco — reitera que a morte é apenas uma mudança de roupagem, uma transferência de posição vibratória, sem que ocorram fenômenos miraculosos que envolvam e transformem os mortos.

Imagem colorida e de alta resolução de Allan Kardec, com um fundo escuro semelhante a uma lousa escolar. A imagem destaca o retrato de Kardec em um estilo detalhado e nítido.
De que maneira as sensações físicas e emocionais podem auxiliar na identificação moral de um Espírito?

Em outras palavras, ninguém se torna anjo ou santo, gênio ou sábio, simplesmente por ter desencarnado.


Com a morte do corpo físico, o homem leva consigo, ao além-túmulo, todas as virtudes e vícios que cultivava enquanto encarnado. Se, porventura, sentia prazer em ações de má índole durante sua existência carnal, continuará praticando e buscando, após o desenlace do corpo físico, os mesmos comportamentos e transgressões.


Isso significa que, tanto na Terra quanto no mundo espiritual, há pessoas — os vivos deste e do outro mundo — de diversos matizes evolutivos, compondo incalculáveis temperamentos, gostos, desejos, moralidades e inclinações.


Dessa forma, é recomendado a todos que desejam estabelecer um intercâmbio com o plano espiritual que desenvolvam a capacidade de identificar, perceber e distinguir o grau evolutivo do Espírito comunicante, para não se tornar alvo de entidades manipuladoras e malévolas.



COMO SABER SE UM ESPÍRITO É DE ORDEM ELEVADA OU INFERIOR?


Em O Livro dos Médiuns e Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas, Kardec destaca pelo menos duas formas eficazes de reconhecer a natureza moral de um Espírito, sendo elas: a linguagem (teor da mensagem) e a sensação física (se assim podemos nos referir).


É fundamental esclarecer, logo de início, que as sensações provocadas pela presença dos Espíritos não devem ser confundidas com a impressionabilidade puramente física ou nervosa (nem sempre aquele arrepio que você sente é de origem espiritual).



LINGUAGEM E IMPRESSÃO TRANSMITIDA PELOS BONS ESPÍRITOS


A aproximação de um Espírito superior é sempre acompanhada por uma sensação boa, suave e agradável, além de um sentimento de paz e quietude, alegria e tranquilidade.


Os Espíritos de ordem elevada, aqueles que são verdadeiramente superiores e bons, apresentam uma linguagem sempre digna, nobre, lógica e isenta de contradições. Sua fala reflete a sabedoria, a benevolência, a modéstia e a mais pura moral, sendo concisa e sem palavras desnecessárias.



LINGUAGEM E IMPRESSÃO TRANSMITIDA PELOS ESPÍRITOS MALÉFICOS


As entidades menos evoluídas despertam nos médiuns, ao se aproximarem, sensações penosas, angustiantes e desagradáveis¹. Essa interação pode provocar um misto de desânimo, irritação e perturbações de ordem psíquica e física, além de outras percepções negativas.


Quanto à linguagem, os Espíritos inferiores, marcados pelo orgulho ou pela ignorância, tendem a compensar o vazio de suas ideias com uma prolixidade excessiva. Pensamentos evidentemente falsos, máximas contrárias à sã moral, conselhos ridículos, expressões grosseiras, triviais ou fúteis, e, enfim, qualquer traço de malevolência, presunção ou arrogância são sinais inquestionáveis de inferioridade em um Espírito.



SENSIBILIDADE MEDIÚNICA


Kardec trata desse tópico — referente a sensibilidade mediúnica — em O Livro dos Médiuns (Cap. XIV). De acordo com o codificador, os médiuns sensitivos ou impressionáveis são aqueles suscetíveis de sentir a presença dos Espíritos por uma impressão vaga, por uma espécie de leve roçadura sobre todos os seus membros, sensação que eles não podem explicar.


Dando continuidade ao seu raciocínio, Kardec afirma que esta faculdade se desenvolve pelo hábito e pode adquirir tal sutileza, que aquele que a possui reconhece, pela impressão que experimenta, não só a natureza, boa ou má, do Espírito que lhe está ao lado, mas até a sua individualidade, como o cego reconhece, por um certo não sei quê, a aproximação de tal ou tal pessoa. Torna-se, com relação aos Espíritos, verdadeiro sensitivo.


Em complemento, o autor destaca que os médiuns delicados e muito sensitivos devem abster-se das comunicações com os Espíritos violentos, ou cuja impressão é penosa, por causa da fadiga que daí resulta.



CONTEÚDO DA MENSAGEM + SENSIBILIDADE MEDIÚNICA


Os médiuns ostensivos, de modo geral, podem identificar a verdadeira natureza do Espírito comunicante ao observar, com prudência, bom senso e racionalidade, tanto as sensações físicas (quando estes se aproximam) quanto o conteúdo da mensagem apresentada.


Entretanto, há pessoas cuja sensibilidade não é suficientemente desenvolvida, o que as impede de perceber, de imediato, a impressão física que o Espírito transmite ao se aproximar.


Nesse caso, o conteúdo das mensagens ditadas pelos Espíritos deve ser analisado com seriedade e atenção redobrada. Isso porque há Espíritos mistificadores capazes de reproduzir conteúdos aparentemente nobres e edificantes, com astúcia suficiente para enganar até os mais experientes estudantes do espiritismo.


Quando questionados, os Espíritos pseudossábios e embusteiros facilmente perdem a compostura, expondo a sua verdadeira essência. Uma simples objeção sobre suas afirmações pode fazer com que se mostrem irritados, atacando aqueles que, de maneira sábia, refutaram suas propostas, muitas vezes contrárias ao bom senso e à moral. Em contraste, os bons Espíritos constantemente orientam seus interlocutores a analisarem criticamente todas as informações provenientes da comunicação com o plano espiritual, inclusive as suas próprias instruções, promovendo assim a fé raciocinada e o fortalecimento do senso crítico.



LINGUAGEM SIMPLES x ERUDITA


Reconhece-se a natureza evolutiva de um Espírito por meio da sua linguagem, assim nos disse Allan Kardec. É importante deixar claro que, ao mencionar o termo linguagem, Kardec se referia ao conteúdo moral da mensagem que estava sendo apresentada, independentemente de possuir linguagem culta, erudita, simples ou informal.


Há quem acredite, de forma equivocada, que uma entidade que se manifesta com uma oratória mais refinada, seja através da psicografia ou psicofonia, é automaticamente mais elevada do que aquelas que se comunicam de maneira mais simples e distante da norma culta.


Algumas instituições espíritas adotam esse argumento para barrar a manifestação de Espíritos que não se enquadram no padrão de linguagem que, segundo elas, seria o correto. (recomendamos a leitura das obras do linguista brasileiro Marcos Bagno sobre preconceito linguístico). Dessa forma, entidades como caboclos, pretos-velhos, boiadeiros, entre outras, são frequentemente tachadas de primitivas — por parte do movimento espírita brasileiro — devido à linguagem que utilizam. (vide questão 47)


Aqui, não nos referimos propriamente à doutrina Espírita, o consolador prometido que tem como base o amor e a caridade para com todos. Falamos das pessoas que ocupam papéis de liderança nos centros espiritistas, mas que, em diversas situações, ainda demonstram pensamentos discriminatórios e atitudes excludentes (acrescentando seu personalismo e suas próprias ideias aos conceitos kardequianos).


Para concluir a nossa explanação, trazemos o pensamento de Manoel Philomeno de Miranda, contido em sua supracitada obra. O benfeitor destaca que os Espíritos mais evoluídos, despidos de formalismos terrenos, não se preocupam excessivamente com o estilo da linguagem empregada. Sua prioridade é assegurar que o conteúdo da mensagem seja compreensível para todos, buscando que os encarnados despertem — e se preparem — para a vida que os aguarda após o fenômeno da morte.


Basta recordar que o próprio Cristo ajustava o conteúdo de suas parábolas conforme o público que o ouvia, utilizando elementos extraídos do cotidiano de cada grupo. Em algumas ocasiões, numa única parábola, empregava mais de uma analogia, com o objetivo de alcançar todos os presentes, dos mais simples aos mais instruídos.


Portanto, a verdadeira elevação de um Espírito não está na sofisticação da linguagem que ele utiliza, mas na profundidade de suas ideias, na moralidade de seus ensinamentos e na bondade que transmite.



 


¹ Há Espíritos mistificadores e de intenções maléficas cuja vibração pode ser igual ou superior a do médium (a vibração do médium, em alguns casos, é inferior à do Espírito). Nessas circunstâncias, um médium descuidado, ao entrar em sintonia com tais Espíritos, acredita estar em conexão com entidades elevadas, tornando-se vítima de sua própria desarmonia. (sair)



 


Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima.

Capítulo 6: Aspectos Morais da Mediunidade

Pergunta 61: Identidade dos Espíritos: Quais critérios usados por Kardec para identificar a elevação de um Espírito?

Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed.



 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


FRANCO, Divaldo Pereira (psicografia). Mediunidade: Desafios e Bênçãos. Manoel Philomeno De Miranda (espírito). Editora LEAL, 2019.

KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004.

KARDEC, Allan. Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas. Tradução de Salvador Gentile. IDE Editora, 2012.

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