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27. Qual é o limiar entre a fé e o fanatismo? Como o médium pode evitar os extremos do fanatismo ou do desânimo?

Muitos são aqueles que, ao aderirem pela primeira vez alguma doutrina espiritualista, dentre elas o Espiritismo, Umbanda, Candomblé, Santo Daime, dentre outras, ficam entusiasmados e maravilhados com os conhecimentos que estão desfrutando em seus estudos e, sem perceberem, correm o grave perigo de se renderem ao fanatismo.

Imagem colorida e de alta resolução de Allan Kardec, com um fundo escuro semelhante a uma lousa escolar. A imagem destaca o retrato de Kardec em um estilo detalhado e nítido.
Como o médium pode evitar os extremos do fanatismo ou do desânimo?

O fanatismo é, sem sombra de dúvidas, um grande véu que nos impossibilita de enxergar com clareza, nos prendendo em conceitos e preconceitos, teses e exortações sob a superioridade daquilo que acreditamos como a única, ou a mais pura verdade referente ao tema em destaque.



EMPOLGAÇÃO x ESMORECIMENTO


Nesse período inicial, é comum vermos o recém-adepto da doutrina espírita ler, reler e buscar diversas obras sobre espiritualidade, falar incansavelmente, onde quer que se encontre, sobre Espíritos, sintonia, vibração, mediunidade, etc. Passado esse primeiro momento, que pode ser razoavelmente longo, a depender de cada ser, o estudante espírita começa a migrar para o polo oposto, saindo da atual empolgação para o esmorecimento.


Esse esmorecimento surge dos próprios obstáculos do dia a dia. Ao passar pelas provas que lhe pedem para pôr em prática aquilo que tanto estuda, o espiritista ao sentir dificuldades em perdoar, silenciar e exercitar a sua reforma íntima, sente que seus esforços, suas leituras, palestras e evangelho no lar não estão surtindo efeito, pelo contrário, muitos dizem que quanto mais rezam, pior fica. E sem mais delongas se abstém de suas atividades na casa espírita, deixam de realizar o culto no lar, chegando até o momento que se afastam por completo, desfazendo toda e qualquer ligação com o meio espiritista/espiritualista.


Em compensação, há os que encontram o caminho do meio, saindo desse sentimento de admiração cega e exagerada para um estado de harmonia e estabilidade. Sabemos que nem todas as pessoas passam por esse binômio fanatismo/esmorecimento, ou que ele ocorra apenas nessa ordem. As possibilidades e variações são inúmeras.


Entretanto, o que buscamos ressaltar é que, sem o cultivo da vigilância e prudência, da paciência e serenidade, da humildade e o estudo constante, o fanatismo encontra espaço para se manifestar e impedir o crescimento daqueles que se perdem em ilusões, independentemente da religião, doutrina, filosofia ou ciência que sigam.



FÉ E FANATISMO


Há uma linha muito tênue entre a fé e o fanatismo. Essa linha é ultrapassada justamente quando o sujeito, mesmo munido de boas intenções e desejoso de seguir um bom caminho, deixa de ser um partícipe da sua linha religiosa/espiritual e passa a se comportar como a representação encarnada da própria doutrina.


Em outras palavras, o indivíduo para de se comportar como um membro/aprendiz da sua doutrina e passa a agir como se fosse a própria doutrina em si, ressaltando que a sua forma de pensar é a correta, absoluta e inquestionável, que as demais opiniões, se forem contrárias as suas, estão erradas. Mudando o seu perfil de comportamento, passa a defender suas ideias de forma obsessiva e apaixonada, mesmo entre amigos, parentes, colegas de trabalho, cônjuge e vizinhos; apresenta tendência em ver o diferente como "inimigo"; acredita que o que é bom para ele também é bom para os demais; tenta impor suas crenças de forma impositiva; acredita ter uma missão divina...



EVITANDO OS EXTREMOS


Nesse caso, o melhor antídoto contra o fanatismo é a humildade. A humildade, no dizer evangélico, equipara todos os homens e mulheres sob o mesmo patamar, nem maior e nem menor. Para o médium desejoso em seguir uma rota segura em meio ao seu desenvolvimento moral, intelectual e espiritual, a humildade e a modéstia jamais deverão ser esquecidas.


Além das leituras iluminadas das obras de Allan Kardec, iniciando com O que é o Espiritismo, seguidos de O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns, o médium, seja iniciante ou experiente, após a base teórica/prática das obras acima, deve em seu dia a dia:

  • Estar sempre disposto para aprender, mesmo com aqueles que considere menor;

  • Estar aberto para os diálogos fraternos em torno dos temas em voga;

  • Respeitar o livre arbítrio do próximo (na forma de pensar e agir, principalmente quando tais ações forem contrárias as suas);

  • Evitar os personalismos (costume de se colocar como o centro em qualquer circunstância);

  • Atentar para o melindre (tendência para se sentir ofendido ou magoado com facilidade);

  • Fugir dos elogios e autoexaltações;

  • Não permitir que os demais lhe coloquem em um pedestal exaltando sua figura de santo ou iluminado;

  • Evitar o desejo, mesmo que oculto, de fama e reconhecimento;

  • Priorizar o anonimato e a simplicidade em sua caminhada espiritual;

  • Cortar quaisquer arestas ou indícios de vaidade, egoísmo e orgulho;

  • Esquivar-se, quanto possível, do trabalho mediúnico e dos estudos espiritistas de modo isolado; buscando ter ao seu lado, sempre de bom grado, o convívio e a companhia de companheiros mais experientes que possam lhe ajudar e orientar nos percalços.


Em síntese, não apenas o médium, mas qualquer pessoa, independentemente da área em que atue, mesmo com bons propósitos, ao esquecer o caminho do meio e do equilíbrio, coloca-se em uma posição complicada, favorecendo o desequilíbrio, o vício e o fanatismo. Sem a devida vigilância, acabam por enterrar grandes oportunidades de trabalho e evolução que poderiam ter aproveitado


Vale frisar, desde já, que a mediunidade não é, e nunca será, a responsável por fanatizar ou esmorecer o médium ou qualquer outra pessoa em questão. Por trás das cortinas da invigilância, veremos que são os próprios hábitos do indivíduo em desequilíbrio que o leva por caminhos tortuosos e extremos, colocando-lhe em desalinhos com os ideais mais enobrecidos.



ESMORECIMENTO


Quanto ao esmorecimento, recordemos sempre das palavras do Cristo que nos disse que aquele que perseverar até o fim será salvo. (Mateus 24:13)


Em seu perseverar, todo trabalhador espírita deve buscar servir ao próximo pelo simples prazer de ser útil na seara do bem, sentindo a satisfação de cooperar de forma abnegada, sem esperar quaisquer privilégios por parte de ninguém, principalmente da espiritualidade superior.


Como alicerce seguro do seu trabalho, o medianeiro deve trazer a consciência sincera de que todos os feitos realizados por seu intermédio devem ser direcionados a Deus, a Jesus e a espiritualidade amiga.


Além do estudo constante de O Livro dos Médiuns como indicado acima, deve compreender também que a sua produção mediúnica carece, para o seu próprio adiantamento, de ser compartilhada com seus companheiros de ideal, dirigentes e instrutores, para o exame e análise dos feitos. Como parte prática dessa instrução, busca receber as devolutivas dos teus irmãos de jornada com humildade, bom ânimo e doçura. Se te parecer justo, corrige os conceitos e te melhora. Em contrapartida, se for injusto, utiliza esta oportunidade para trabalhar a tua paciência e resignação.


Se porventura a dor e o sofrimento baterem em tua porta ao ponto de te sentires desanimado, lembra que Deus não te deixaria passar por essas situações sem que você tivesse condições reais de sair vitorioso das intempéries do caminho. Compreende também que algumas dificuldades são colocadas em teu meio para te ajudar a progredir mais depressa, como oportunidade de redenção espiritual.


E por fim, lembra-te mais uma vez das palavras do Mestre de Nazaré que disse:

"Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me." (Lucas 9:23)



 


Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima.

Capítulo 3: Prudência Mediúnica

Pergunta 27: Qual é o limiar entre a fé e o fanatismo? Como o médium pode evitar os extremos do fanatismo ou do desânimo?

Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed.

 


 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


MAIA, João Nunes (psicografia). Médiuns. Miramez (espírito). Fonte Viva, 19ª edição, 2017.

TEIXEIRA, Raul (psicografia). Desafios da Mediunidade. Camilo (espírito). EDITORA FRÁTER, 1ª edição, 27 maio 2020.

BÍBLIA DE JERUSALÉM. Mateus 24:13. 14ª impressão. Editora PAULUS, 2017.

BÍBLIA DE JERUSALÉM. Lucas 9:23. 14ª impressão. Editora PAULUS, 2017.

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