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59. Qual o perigo da vaidade na vida do médium?

Segundo o benfeitor Miramez (livro Médiuns, psicografado por João Nunes Maia), todo homem carrega, naturalmente, o sentimento de ostentação. A ostentação, nesse contexto, é o ato pelo qual o médium busca demonstrar superioridade e se destacar entre os demais, exibindo — com orgulho — seus dons mediúnicos, suas realizações, curas, comunicações recebidas, achando-se porta-voz da verdade absoluta e indiscutível, que sua presença é imprescindível e indispensável, entre outros comportamentos vaidosos ou exibicionistas.

Imagem colorida e de alta resolução de Allan Kardec, com um fundo escuro semelhante a uma lousa escolar. A imagem destaca o retrato de Kardec em um estilo detalhado e nítido.
Não é a mediunidade que te distingue. É aquilo que fazes dela. (Emmanuel / Chico Xavier)

Se o egoísmo, conforme apresentado na codificação, representa uma das grandes chagas da humanidade, a vaidade, para o médium, é o câncer que o corrói e destrói, fanatizando-o e conduzindo-o à ruína.



A VAIDADE, SEGUNDO ALLAN KARDEC


Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec nos convida a meditar sobre a vaidade e os seus riscos, destacando que o médium que compreende o seu dever, longe de se orgulhar de uma faculdade que não lhe pertence, visto que lhe pode ser retirada, atribui a Deus as boas coisas que obtém.


Se as suas comunicações receberem elogios, complementa o codificador, não se envaidecerá com isso, porque as sabe independentes do seu mérito pessoal; agradece a Deus o haver consentido que por seu intermédio bons Espíritos se manifestassem. Se dão lugar à crítica, não se ofende, porque não são obra do seu próprio Espírito. Ao contrário, reconhece no seu íntimo que não foi um instrumento bom e que não dispõe de todas as qualidades necessárias a obstar a imiscuência (impedir a intromissão) dos Espíritos maus. Cuida, então, de adquirir essas qualidades e suplica, por meio da prece, as forças que lhe faltam.



FAMA E NOTORIEDADE


Para Manoel Philomeno de Miranda, em Mediunidade: Desafios e Bênçãos, pela psicografia de Divaldo Franco, a busca atormentada da notoriedade, da fama, do exibicionismo, constitui terrível chaga moral, que o médium deve cicatrizar mediante a terapia da humildade e do trabalho anônimo. Desse modo, a arrogância, a presunção, a vaidade que exaltam o ego diminuem a qualidade dos ditados mediúnicos de que se faz portador aquele que assim se mantém.


Já o benfeitor Miramez, por meio da psicografia de João Nunes Maia, no livro Segurança Mediúnica, nos adverte sobre os perigos e as consequências da vaidade na vida do medianeiro, dos quais destacamos, em síntese:


“A vaidade, nos círculos mediúnicos, é fato comum. Os melindres ainda não deixaram de existir entre os companheiros que nos servem de instrumentos. Essas inferioridades são sutis, difíceis de serem registradas por seus possuidores, mas a reforma nunca é impossível, desde que a educação e a disciplina sejam constantes."


Em seguida, dando continuidade ao seu pensamento, destaca o autor espiritual:


"Deves ter cuidado com a vaidade. Ela é sutil, nos caminhos do iniciado e, muito mais, no iniciando. Mais ainda, ela tem o poder de transformação, para não ser reconhecida como tal. Foge do alarde do que fazes de bom. Não há necessidade de seres reconhecido como bom, como caridoso. A nossa obrigação dispensa toda espécie de vangloria, principalmente a autovalorização. [...] O médium que imagina, visualiza e começa a criar uma autoadmiração, não se lembrou de orar e vigiar. É levado pela falsa superioridade que desemboca na areia movediça.”

RECOMENDAÇÕES BÁSICAS Na obra em questão, Miramez finaliza sua exposição oferecendo orientações valiosas sobre como superar a vaidade, o orgulho e outros sentimentos de autoexaltação. A seguir, transcrevemos — em síntese — os tópicos que resumem essas advertências e esclarecimentos.


  • A vaidade orgulhosa faz-nos perder a sensibilidade, como nos desvia a audição e apaga a nossa visão de sorte a não sentirmos, não ouvirmos e não vermos os avisos de vigilância, que vêm de todos os lados.

  • O candidato a médium deve suprimir da sua mente toda ordem de vaidade, todo tipo de impulso que o leva para o orgulho e a prepotência, sempre se esquecendo das ofensas recebidas.

  • Desfaze-te dos pensamentos fixos, principalmente aqueles alimentados pela vaidade e pelo orgulho.

  • Não queiras mostrar que tudo o que fazes é o certo;

  • O homem de conduta reta é sempre abastecido de energias superiores, desde que o orgulho e a vaidade não tomem seu coração.

  • O verdadeiro saber cobre-se com a simplicidade e a discrição.

  • Quase sempre esses médiuns sucumbem, por despertarem em seus sentimentos a vaidade, o orgulho e a autoadmiração.



Diante do que foi exposto, podemos concluir que a vaidade constitui uma ameaça significativa à trajetória e à vida do médium. Manifestando-se de forma gradual e silenciosa, esse sentimento/atitude pode levá-lo a um estado de autoengano e autoilusão, abrindo precedentes que culminarão fatalmente em um processo de fascinação e mistificação, tornando-o um joguete dos Espíritos inferiores.



MÉDIUNS x ELOGIOS Elogios aparentemente inofensivos, por menores e mais sinceros que possam ser, quase sempre despertam sentimentos de orgulho, vaidade e exaltação em quem os recebe. À vista disso, o médium deve evitar todos os tipos de elogios, bajulações e, principalmente, o endeusamento que frequentemente se apresenta em seu dia a dia.


Em única palavra: deves crer que tudo provém de Deus e de seus emissários superiores, sendo ele, o médium, apenas um instrumento a ser manuseado pelas mãos invisíveis da caridade divina, assim como o cirurgião manuseia seu bisturi em prol de ajudar os enfermos.


Para ser um bom instrumento, além das diretrizes acima destacadas, o medianeiro deve buscar banir do seu trabalho mediúnico, assim como da sua vida, toda espécie de vaidade e orgulho, abrindo espaço para que a caridade e a humildade se façam cada vez mais presentes no seu íntimo.

 


IMPORTÂNCIA DA HUMILDADE, POR HERMÍNIO C. MIRANDA O autor espírita Hermínio de Miranda, em Diversidade dos Carismas, destaca que são muitos, ainda, os que julgam que basta sentar-se à mesa mediúnica para começar a produzir fenômenos notáveis, receber espíritos elevados, ter vidências espetaculares ou curar doenças irredutíveis. Nada disso. A primeira atitude a adotar-se, seja ou não este conselho tido como "pregação", é a de humildade.


Complementando seu pensamento, adverte-nos o autor: "Não pense que sua mediunidade vai abalar o mundo ou servir de veículo a revelações sensacionais. É mais fácil perder-se uma oportunidade de exercício mediúnico razoável pela vaidade do que por qualquer outro obstáculo; e mais desastroso, porque, em vez de uma contribuição modesta, porém positiva, optamos pelo desacerto."

 

Ainda na referida obra, Hermínio esclarece que não é nada difícil para um espírito (ou uma equipe deles) promover fenômenos insólitos em grupamentos humanos despreparados, fazer revelações pessoais, prever acontecimentos de pequena monta, que acabam por ocorrer mesmo, e até promover curas. Por meio de tais artifícios acabam por conquistar a confiança ilimitada dos incautos. Daí em diante, será simples continuidade, impingindo tranquilamente instruções, impondo rituais, formulando doutrinas exóticas, criando até uma nova seita.

 

Por fim, Hermínio C. Miranda conclui o seu raciocínio, afirmando que a habilidade e a malícia de alguns desses espíritos só é superada pela ingenuidade e excesso de confiança dos encarnados que a eles se submetem. Assim sendo, a humildade, a prática constante da caridade e o estudo aprofundado da Doutrina Espírita são as melhores formas que o medianeiro possui de se proteger contra essas influências mistificadoras.

A humildade foi uma das virtudes ensinadas e exemplificadas pelo próprio Cristo. Portanto, cabe ao médium compreender que, todo e qualquer indício de vaidade, por menor que seja, é sempre uma porta de entrada para diversos males em sua vida. Logo, o médium que se considera um ser privilegiado, superior aos demais, vaidoso, presunçoso, egoísta e orgulhoso, é, por sua própria natureza, um ser desequilibrado. Essa desarmonia interna o torna suscetível à convivência com entidades mistificadoras, que, em pouco tempo, o levarão ao ridículo, à humilhação, à fascinação e à possessão.



 


Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima.

Capítulo 6: Aspectos Morais da Mediunidade

Pergunta 59: Qual o perigo da vaidade na vida do médium?

Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed.



 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


MAIA, João Nunes (psicografia). Médiuns. Miramez (espírito). Fonte Viva, 19ª edição, 2017.

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile. 21ª edição. Editora Boa Nova, 2017.

FRANCO, Divaldo Pereira (psicografia). Mediunidade: Desafios e Bênçãos. Manoel Philomeno De Miranda (espírito). Editora LEAL, 2019.

MIRANDA, Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição.

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