top of page

37. Quantos dias por semana o médium pode participar das atividades no Centro Espírita?

A atividade mediúnica, assim como qualquer outra, se realizada em demasia pode gerar um imenso desgaste. No caso da mediunidade, esse desgaste será energético, repercutindo no corpo físico, mental e espiritual. Portanto, cada médium deve saber reconhecer em si, em seus diversos corpos, os sinais de fadiga e cansaço.

Imagem colorida e de alta resolução de Allan Kardec, com um fundo escuro semelhante a uma lousa escolar. A imagem destaca o retrato de Kardec em um estilo detalhado e nítido.
Qual é a frequência ideal para o médium participar das atividades no Centro Espírita?

Geralmente observamos o número de uma ou duas reuniões semanais na qual o médium se faz presente, sem que apresente nenhum sinal expressivo de esgotamento ou exaustão. Dessa maneira, conhecendo os limites do seu psicossoma, o medianeiro poderá – com segurança – trabalhar ou ausentar-se das reuniões e demais atividades espirituais em prol do seu equilíbrio.



QUANTIDADE x QUALIDADE


É bem mais válido um médium que participa de apenas uma atividade semanal na casa – mas que é sempre pontual, que se prepara física e mentalmente para o labor, que se dedica com afinco e esmero ao exercício de amparo aos Espíritos sofredores, que traz consigo o sentimento de amor e caridade –, ao invés de estar presente em três ou quatro encontros semanais, sem o mesmo rendimento ou comprometimento.


O médium espírita deve trazer sempre consigo o prazer de trabalhar pelo simples objetivo de ser útil, e nunca, o trabalhar porque se sente obrigado ou temeroso de ausentar-se das atividades medianímicas, por medo de represálias espirituais. Cabe ainda ao medianeiro não se deixar envolver em um processo auto-obsessivo, alegando que sua mediunidade é muito forte e, caso não trabalhe mediunicamente todos os dias da semana, irá sentir dores, perseguições de Espíritos inferiores, dentre outras distorções cognitivas e emocionais.


Infelizmente os fatos descritos acima não são isolados e ocorrem em diversas casas espíritas. Veremos ainda, com bastante frequência, esse tipo de médium ser orientado por seus instrutores e dirigentes para manter a sua permanência em apenas uma ou duas mediúnicas semanais. Não satisfeito com as orientações sabiamente oferecidas, o médium começa a procurar outras casas espíritas e/ou espiritualistas para a atividade espiritual, passando a trabalhar de modo concomitante em variados centros espíritas e/ou templos espiritualistas. Esse tipo de médium quando questionado sobre o porquê dessa necessidade exaustiva de trabalho, costuma responder que caso se ausente de suas atribuições, as mesmas não irão se sustentar e chegarão ao fim, pois ele é o pilar das mesas mediúnicas em que participa.


Para sanar esse desequilíbrio, que tem como base uma auto-obsessão, além de demonstrar sinais inequívocos de um quadro fanático/obsessivo, cabem aos dirigentes e demais coordenadores das casas em que esse médium frequenta, a orientação adequada e o encaminhamento para o atendimento espiritual e desobsessivo, bem como o seu afastamento temporário das atividades em que se enxerga como sustentáculo indispensável, além do diálogo entre as casas/templos que ele frequenta, visando sempre o seu reequilíbrio e bem-estar.



EQUILÍBRIO


Allan Kardec destaca em O Evangelho Segundo o Espiritismo que o médium não deve fazer da sua mediunidade uma profissão, isto é, recebendo qualquer pagamento ou benefícios por seus serviços prestados, mesmo que esse, por sua própria conta, venha dispor integralmente do seu tempo para às atividades de assistência e intercâmbio espiritual.


Diz ainda que o médium deve consagrar somente o tempo que materialmente possa dispor para a realização de suas atividades na seara espírita.


Como bem sabemos, todo excesso, por melhor intencionado que possa ser, gera uma série de transtornos e desequilíbrios... Quando alguém dedica uma maior parte do seu tempo apenas para uma área da sua vida, pode ser que as demais estejam sendo negligenciadas e, em algum momento, gere um transtorno maior para aquele cujo foco esteve presente em apenas um único ponto, nesse caso, a espiritualidade.


Se um médium dedica vários dias da sua semana ao labor na casa espírita, pode ser que ele esteja sendo omisso ou relapso com as demais áreas da sua existência, como a família, sua própria saúde, seu relacionamento amoroso, sua carreira profissional e educacional, sua vida social, amigos, etc. Um ser pleno é aquele que mantém todas as áreas da sua vida em equilíbrio, da espiritual à social, da familiar à profissional, dentre outras.


Do que adianta o médium ou qualquer outro trabalhador espírita frequentar diariamente o centro em que trabalha, ajudando aqueles que necessitam se, dentro da sua própria casa, há pessoas que reclamam a sua ausência, desde um filho que sente saudades do pai/mãe (que não participa do seu crescimento e sua educação), bem como do cônjuge que nunca dispõe de tempo para a convivência familiar ou social? Em outros casos, do que vale participar de todas as atividades da casa espírita enquanto o seu trabalho profissional está pendente (sendo quase demitido por não realizar integralmente as tarefas que lhe é destinada); suas notas na faculdade deixam a desejar (por não dispor de tempo para fazer os trabalhos acadêmicos); ou que sua saúde está comprometida e sua qualidade de vida em declínio?


Em síntese, podemos observar que, até mesmo os grandes médiuns que reencarnaram como missionários, para exercer o seu mandato mediúnico, trabalharam em seus ofícios profissionais de modo contínuo, dedicando a causa espírita somente o tempo que lhe era possível, sempre em equilíbrio. Com exceção dos médiuns celibatários (vide questão 25), os demais missionários possuíam família, vida social, exerciam suas demais atividades e buscaram viver sempre da forma mais plena possível.



O QUE DIZ ALLAN KARDEC?


Por fim, no que tange ao limite de trabalho e do repouso, trazemos as sabias palavras de Kardec e dos bons Espíritos extraídas de O Livro dos Espíritos.


PERGUNTA 682. Sendo uma necessidade para todo aquele que trabalha, o repouso não é também uma lei da natureza? RESPOSTA DOS ESPÍRITOS: “Sem dúvida. O repouso serve para a reparação das forças do corpo e também é necessário para dar um pouco mais de liberdade à inteligência, a fim de que se eleve acima da matéria.”


PERGUNTA 683. Qual o limite do trabalho? RESPOSTA DOS ESPÍRITOS: “O das forças; quanto ao resto, Deus deixa livre o homem.”


Em O Livro dos Médiuns, Kardec também trata desse assunto ao questionar: ITEM 221 2a: O exercício da faculdade mediúnica pode causar a fadiga? RESPOSTA: “O exercício muito prolongado de toda faculdade leva à fadiga. A mediunidade está no mesmo caso, principalmente aquela que se aplica aos efeitos físicos. Ela ocasiona necessariamente um gasto de fluido que leva à fadiga e que se repara pelo repouso.”


ITEM 221 3a: O exercício da mediunidade pode ter inconvenientes em si mesmo no ponto de vista da saúde, abstração feita do abuso? RESPOSTA: “Há casos em que é prudente, necessário mesmo, abster-se ou ao menos moderar o uso; isso depende do estado físico do médium. O médium sente, geralmente, quando está cansado, então deve abster-se."


Como costumamos dizer, aqui não estamos impondo regras ou normas a serem seguidas, diretrizes ou quaisquer outras imposições na vida do médium ou de quaisquer outros trabalhadores, sejam eles da seara espírita ou não. Nos limitamos somente a expor algumas explanações, buscando referenciar, sempre que possível, o que estamos abordando, para que o próprio sujeito, de acordo com as suas possibilidades e compreensão, escolha por si só aquilo que melhor lhe convém e o que deseja seguir de acordo com o seu livre arbítrio. Mas uma coisa é inegável: Na vida, equilíbrio é tudo!



 


Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima.

Capítulo 4: O Médium e a Casa Espírita

Pergunta 37: Quantos dias por semana o médium pode participar das atividades no Centro Espírita?

Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed.



 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile. 21ª edição. Editora Boa Nova, 2017.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB; 93ª edição. Rio de Janeiro, 2014.

KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004.

© 2023 Mediunidade com Kardec. Todos os direitos reservados.
Criado por Ganesha Soluções Digitais | mediunidadecomkardec@gmail.com
Voltar ao topo
bottom of page