A mediunidade é uma atividade cuidadosamente programada antes de cada reencarnação. Frequentemente, os próprios reencarnantes têm a oportunidade de participar desse planejamento, expressando o desejo de retornarem com a mediunidade aflorada, bem como, participando da escolha das provas que deverá enfrentar.

No entanto, ao retornarem ao berço terrestre em posse de um novo corpo carnal, muitos desses reencarnantes se deparam com suas antigas paixões e acabam sucumbindo aos vícios, prazeres e desejos terrenos. Como resultado, abandonam os acordos estabelecidos no mundo espiritual, incluindo o exercício abnegado da mediunidade.
Em contrapartida, muitos são os que aceitam à mediunidade com naturalidade, trazendo na memória espiritual os compromissos assumidos na erraticidade. Os que abraçam a mediunidade sem medo, passam a trabalhar em seu autobenefício, equilibrando a balança de seus débitos pretéritos.
MÉDIUNS IMPERFEITOS
Trazendo mais uma vez o ensino dos Espíritos – através de Allan Kardec – em O Livro dos Médiuns, temos por parte do codificador as seguintes indagações:
– Com que fim a Providência outorgou de maneira especial, a certos indivíduos, o dom da mediunidade?
Eis a resposta dos Espíritos superiores:
"É uma missão de que se incumbiram e cujo desempenho os faz ditosos. São os intérpretes dos Espíritos com os homens."
Dando continuidade, questiona o exímio codificador: – Entretanto, médiuns há que manifestam repugnância ao uso de suas faculdades.
E sabiamente a espiritualidade amiga arremata: "São médiuns imperfeitos; desconhecem o valor da graça que lhes é concedida."
É certo que muitas pessoas apresentam medo ou receio da mediunidade na qual são portadoras, e como já dissemos neste livro, ninguém é obrigado a desenvolver ou exercer à sua mediunidade. Sabemos também que nem todos que apresentam uma mediunidade em eclosão podem ou devem desenvolver essa atividade.
BLOQUEANDO O DESENVOLVIMENTO DA MEDIUNIDADE
Em certos casos, quando a mediunidade eclode em uma criança pequena – por exemplo – e isso lhe causa algum transtorno, temos visto o auxílio da espiritualidade que, em situações específicas, por meio de uma reunião mediúnica, bloqueia o mediunismo dessa criança a fim de cessar o desequilíbrio que ela esteja apresentando; porém, esse bloqueio é temporário, voltando a mediunidade a se manifestar em um momento posterior.
Já em adultos, esse processo não é tão comum de ocorrer. Por mais que o sujeito não aceite ou não acredite, a mediunidade é parte da sua vida e lhe acompanhará por toda a existência. Obedecendo à lei do progresso na qual todos nós estamos imantados, a mediunidade submete-se a um ciclo natural, e por mais que possamos recusá-la, chegará o momento em que deveremos acompanhar a evolução à nossa volta, seja de um modo natural ou através do fluxo do progresso (arrastando aqueles que ficam estagnados).
Desse modo, não existindo receita eficaz para bloquear o desenvolvimento ostensivo da mediunidade, é sempre interessante que o médium em afloramento opte, ao menos, por sua educação mediúnica. O estudo da mediunidade não faculta o seu desenvolvimento, muito menos retarda semelhante processo, porém, permite que o médium munido de conhecimento a respeito dos fenômenos medianímicos viva de forma mais equilibrada e saudável. (ver questões nº 10 e n° 17).
Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima.
Capítulo 2: Mediunidade Sem Medo Pergunta 16: É possível impedir ou bloquear o surgimento da mediunidade?
Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004.